O Sudão do Sul se tornou um país independente em 2011, ou seja, é o país mais novo do mundo. A princípio, a região era parte do Sudão – país africano localizado no norte do continente – mas, em 2011, a população foi às urnas para estabelecer de forma definitiva a separação da parte meridional do país.
Na época, os votos a favor da separação contabilizaram 98% do eleitorado. A partir disso, a região sul do Sudão se tornou um país, tendo a cidade de Juba como capital. Após a independência, a população Sul-sudanesa celebrou a vitória das eleições. Porém, as comemorações não se estenderam por muito tempo.
Isso porque, desde o período da colonização do Continente Africano, as divisões territoriais foram feitas pelos colonizadores. A junção de povos de diferentes etnias, por exemplo, refletiu em conflitos e guerras civis. No caso do Sudão, não foi diferente. Quando o Sudão do Sul se tornou independente, as demarcações territoriais também não foram bem estabelecidas.
Por conta disso, o país enfrenta, constantemente, guerras sangrentas e graves desafios sociais. Um dos principais motivos para o conflito entre Sudão e Sudão do Sul é o petróleo. Ambos os países dependem economicamente do recurso natural e, na separação, as regiões de maior abundância ficaram com os Sul-sudaneses.
Independência do Sudão do Sul
Durante o processo de colonização da África, diversos povos de diferentes etnias foram obrigados a dividir o mesmo espaço territorial. Era a mistura de culturas, costumes e diversas outras questões que estava em jogo. Da mesma forma, os colonizadores ingleses – que dominaram a região do Sudão – não respeitaram as diferenças do continente, e as fronteiras foram definidas de forma artificial.
O Sudão se tornou independente do Reino Unido em 1956 e, desde então, o país vive crises políticas e sociais. Com a separação da parte sul do país, o Sudão do Sul imergiu nas mesmas condições de crise, tendo, principalmente, o Sudão como rival em guerras civis. A separação do país veio em decorrências dos conflitos armados que ocorriam na região.
Por meio de acordos internacionais, como o acordo assinado na cidade Nairóbi, em 2005, a população decidiu que a parte sul do Sudão se tornaria um país, sendo assim, Sudão do Sul. Porém, a divisão agravou ainda mais os conflitos políticos, piorando a situação social e econômica de ambos os países. As diferenças, tanto no aspecto físico quanto étnico, são os principais motivos dos conflitos.
O Sudão, por exemplo, é formado por regiões desérticas, onde a escassez de água é um agravante para a população. Além disso, a região é pobre em recursos minerais. Por outro lado, o Sudão do Sul é formado por vasta vegetação e pântanos. A questão da água não é um problema acentuado no país.
Os conflitos
Um dos fatores que gerava conflitos entre a população de ambos os países era a questão religiosa. Isso porque, o sul é majoritariamente composto por cristãos e animistas, enquanto o norte possui maioria islâmica. Ou seja, a religião era motivo para guerras e desavenças e, com a separação, os conflitos religiosos foram amenizados.
Dessa forma, apesar das diferenças étnico-culturais ainda causaram algum atrito, o principal motivo dos conflitos é em relação ao petróleo. O recurso natural é fonte econômica tanto do Sudão como do Sudão do Sul. Com a separação dos países, a parte sul ficou com a maior região onde o petróleo está concentrado.
Entretanto, por mais que o Sudão do Sul seja detentor da maior parte da produção petrolífera, o país ainda necessita do Sudão para escoar as produções. No caso, no Sudão está localizada a maior parte dos oleodutos utilizados para a escoação do recurso mineral. Ou seja, com a instabilidade política de ambos os países, o petróleo pode ser, ainda mais, motivo para longas guerras.
Características do Sudão do Sul
O Sudão do Sul é um país localizado na parte nordeste do Continente Africano. Tem como fronteira os países: Sudão, Etiópia, República Democrática do Congo, Uganda e República Centro-Africana. A área territorial é de 644.330 km2, com população de 12.531.000 habitantes.
O relevo do país é formado, em sua maioria, por planícies e montanha. Em algumas áreas, existem regiões elevadas denominadas de platôs. Na parte central do país, fica localizada um região pantanosa, conhecida como Al-Sudd (o Sudd). Em relação à temperatura, prenomina no país o clima quente com períodos de chuva bem acentuados.
Já a flora do país é formada por arbustos e gramíneas, com predominância de florestas tropicais na região sul. A fauna possui diversidade e inclui espécies como leopardos, crocodilos, elefantes, leões, zebras, hipopótamos e chimpanzés. Por conta da variedade de espécies, o país conta com reservas de caça e parques nacionais.
População e economia
Grande parte da população Sul-sudanesa vive na zona rural e a composição étnica do país é formada por negros africanos. A religião que predomina no país é o cristianismo, mas a população preserva religiões tradicionais africanas. Dentre os grupos étnicos, os mais comuns são: nuer, os bari, os azande, os anuakes e os shilluk. O idioma falado é o inglês, porém, a população Sul-sudanesa fala diversas outras línguas locais.
A economia do país é abastecida pela agricultura, cultivada pelos sul-sudaneses que vivem em áreas rurais. Dessa forma, cultivam grãos, como amendoim, sorgo e milho, além de outros alimentos. A pecuária também fortalece a economia do Sudão do Sul, com a criação de caprinos, camelos, bovinos e ovinos.
Apesar do Sudão do Sul ter grande parte da região rica em petróleo, a exploração ainda não é feita de forma satisfatória. Isso porque, o país não possui recursos financeiros para custear a exploração do recurso mineral. Além disso, o Sudão do Sul depende do Sudão para que o transporte do petróleo seja feito. Ainda assim, o recurso é uma das principais fontes econômicas do país.
Além do mais, o país é formado pelas seguintes características:
- Governo: República Presidencialista;
- Presidente: Salva Kiir;
- Divisão administrativa: 10 estados;
- Independência: 9 de julho de 2011;
- Principais religiões – cerca de 70% da população comporta por seguidores do cristianismo;
- Mortalidade infantil: 101 por 1.000 nascimentos (ano de 2015);
- Taxa de analfabetismo: 73% (ano de 2015);
- Moeda: libra sudanesa;
- Cidades Principais: Juba (capital), Boma, Tonj, Wau, Torit.
Dificuldades econômicas e sociais
Apesar de ser um país novo, o Sudão do Sul enfrenta graves crises sociais e econômicas. Grande parte dos problemas enfrentados é herança do período colonial, que deixou marcas irreparáveis na estrutura do Sudão e, consequentemente, no Sudão do Sul.
Um dos problemas mais graves enfrentados pela população é a falta de saneamento básico e água potável. Quando os Sul-sudaneses ficam doentes, não conseguem buscar ajuda médica, já que o país é ausente em hospitais e possui baixo número de profissionais da saúde. Enquanto isso, a população sofre com os constantes ataques armados e conflitos políticos.
Em síntese, grande parte do dinheiro do país é investido em armamento bélico. Além disso, o governo, muitas vezes, utiliza a comida como “arma de guerra”, onde a população é obrigada a se render aos conflitos por um pouco de alimento. O país ainda é alvo de constantes atrocidades cometidas por milícias, como assassinatos, estupros e degolas.
O principal conflito no país é motivado pela guerra entre o presidente Salva Kiir e seu ex-vice Riek Machar. Ou seja, as tensões políticas começaram em dezembro de 2013, quando Salva Kiir acusou o vice de tentativa de golpe. Os conflitos políticos foram, ainda, agravados por questões étnicas, onde grupos de ambos os políticos se rebelaram.
Apesar de acordos feitos, inclusive pela Organização das Nações Unidas (ONU), os conflitos internos que abalam o Sudão do Sul estão longe de acabar. Enquanto isso, a população sofre com falta de estrutura social, política e econômica, agravando a situação dos refugiados no país.
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Fontes: G1, Brasil Escola, Escola Britannica e Sua Pesquisa
Imagens: O mundo em bandeiras, EBC, Nações Unidas Brasil, ONU News, Medium, Vivimetaliun e Vatican News