Durante a Antiguidade, a sociedade grega passou por quatro períodos históricos bem delimitados. Cada período com particularidades e episódios que foram determinantes para a construção indenitária dos gregos. Assim, dentre os períodos, está o Período Arcaico.
Compreendido entre os séculos VIII e VI a.C, o Período Arcaico ficou marcado por uma série de acontecimentos. O primeiro deles foi, com fim do Período Homérico, o declínio da comunidade gentílica.
Em síntese, a comunidade gentílica, ou genos, era caracterizada por membros liderados pelo pater. O pater, neste caso, era descendente de uma mesma família que liderava a exploração das atividades agrícolas. A comunidade gentílica era a principal organização social do Período Homérico.
Assim, durante o Período Arcaico, o sociedade grega começou a se organizar em pólis, também chamadas de cidades-Estado. Cada pólis era independente na economia e na política, possuindo, cada uma, um estilo próprio de governo.
Contexto histórico
A princípio, é preciso entender que a sociedade grega passou por quatro períodos históricos e que, inclusive, o Período Arcaico não foi o último.
Sendo assim, os períodos que caracterizaram a história da Grécia Antiga são:
- Pré-Homérico (séculos XX – XII a.C.)
- Homérico (séculos XII – VIII a.C.)
- Período Arcaico (séculos VIII – VI a.C.)
- Período Clássico (séculos V – IV a.C.)
De fato, o Período Arcaico teve início com o declínio das comunidade gentílica, que era a forma de governo vigente anteriormente na Grécia Antiga.
Uma das características que marcaram o período foi o crescimento na quantidade das cidades-Estado e, de certa forma, na maneira como a sociedade era organizada. Foi neste período, por exemplo, que a democracia ateniense surgiu e ficou evidente o sistema de legislações.
Se antes a classe que domina as terras era a do genes (pequenos grupos familiares), com o Período Arcaico, começou a surgir a formação da aristocracia, ou seja, as classes sociais sendo proprietárias das terras.
Com a ascensão da aristocracia, grupos detentores de terras deram início ao conceito de propriedade privada, onde o trabalho dos menos favorecidos era explorado em benefício das classes sociais mais elevadas.
Um fato que marcou o Período Arcaico foi a passagem do modo econômico doméstico para a economia agrícola. Ou seja, a preocupação dos gregos estava em produzir para o comércio e não apenas para a subsistência das famílias.
Nesse sentido, as trocas comerciais entre as diferentes cidades-Estado fez com o que surgissem mercados que ultrapassavam as fronteiras das comunidades.
A forma de comércio que se estabeleceu na sociedade grega impulsionou o fortalecimento das cidades-Estado, bem como a estruturação econômica, social e política dos gregos.
Estrutura das cidades-Estado
No Período Arcaico, as cidades-Estados, também chamadas de pólis, possuíam organização política e social independente. Isso significava que, de uma pólis para outra, os sistemas de gestão eram iguais ou diferentes, dependendo do modo como a sociedade era organizada.
Como cada pólis possuía a própria forma de governo, era como se funcionassem a partir das leis de um Estado. Por conta disso, as pólis passaram a ser reconhecidas como cidades-Estados.
Quem habita as pólis, consequentemente, era chamados de cidadãos. Os cidadãos de cada pólis detinham de direitos políticos e sociais e contribuíam para a organização da comunidade.
Assim, quando o morador de uma determinada pólis visitava outra pólis, era considerado pelos demais moradores como estrangeiro.
A partir desses conceitos, começaram a surgir outras denominações, como núcleo urbano e área rural. O núcleo urbano, por exemplo, representa o centro da pólis, onde as decisões políticas eram tomadas.
Já a área rural era formada por regiões que ficavam em volta da pólis, constituída por campos agrícolas, vilas e campos de pastoreio. Além disso, também fazia parte do núcleo urbano, a asty, a ágora e a acrópole.
Características do Período Arcaico
Com o desenvolvimento do comércio, o processo de expansão das pólis se tornou evidente. Além do comércio feito entre as comunidades, o comércio marítimo também foi algo marcante durante o Período Arcaico.
A sociedade grega passou a confeccionar armamento e, de certa forma, o artesanato também se desenvolveu com o auxílio da produção de artefatos de cerâmica. Além disso, foi neste período que o uso de moedas – assim como conhecemos hoje – se tornou mais frequente nas trocas comerciais.
Com as cidades cada vez mais desenvolvidas, os cidadãos pobres passaram a integrar a guarda de proteção, o que tornou as pólis mais protegidas de possíveis ataques. Assim, como já participavam dos conflitos, estes mesmo cidadãos passaram a exigir maior participação nas atividades políticas.
Por conta da nova organização social que começou a se moldar, códigos de leis foram escritos durante a Grécia Antiga. Historicamente, foi durante o Período Arcaico que os primeiros registros de leis foram criados para a organização social.
Economia
Após o declínio da comunidade gentílica, a sociedade grega passou a ser gerida por uma aristocracia. Ou seja, se antes a terra era controlada por um grupo familiar, com a aristocracia, quem controlava as terras eram as classes sociais.
Com isso, as cidades-Estados se fortaleceram ainda mais, criando vínculos maiores com o comércio entre as comunidades e o comércio nos mares. As pólis possuíam independência política e financeira e, dentre as mais de cem cidades-Estado que se formaram, as mais bem sucedidas foram Esparta e Atenas.
Além disso, a economia que antes era alimentada pela agricultura agropastoril, a partir da aristocracia, as trocas comerciais se tornaram o principal foco da sociedade grega.
Religião no Período Arcaico
A religião durante o Período Arcaico ficou marcada pelas consultas aos deuses. Ou seja, a sociedade se baseava em oráculos, como o Oráculo de Delfos.
Assim, a sociedade pedia conselhos e se guiavam a partir das mensagens ditas pelas pitonisas que, naquele tempo, diziam receber do próprio deus Apolo.
Cultura e Filosofia
Durante o Período Arcaico, as explicações baseadas em mitos deram lugar ao pensamento racional e, ao mesmo tempo, as formulações de pensamentos elaborados começaram a surgir, ou seja, a filosofia.
Neste momento, o mundo começava a conhecer os primeiros filósofos, conhecidos hoje como os pré-socráticos, como Tales de Mileto. Os pré-socráticos são chamados assim porque foram pensadores que antecederam Sócrates.
Além da filosofia, outras formas de pensamento também tiveram espaço, como a literatura e a arte. Inclusive, foi durante o Período Arcaico que Homero – considerado o primeiro poeta grego – escreveu as ilustres obras Ilíada e Odisseia.
Além disso, as Olimpíadas também surgiram durante o Período Arcaico. Naquele tempo, os primeiros jogos olímpicos eram disputados em Olímpia, em homenagem a Zeus.
Nos jogos olímpicos era comum atletas das diferentes pólis disputarem corrida, atletismo, luta, dentre várias outras modalidades.
Declínio do Período Arcaico
O fim do Período Arcaico ocorreu assim que os persas invadiram a região das cidades-Estado. Neste momento, houve a transição dos períodos, onde o Período Clássico se iniciou no século V e se estendeu até o século IV a.C.
Durante o Período Clássico, a filosofia e os pensamentos políticos foram intensificados no meio social grego. Além disso, as cidades-Estado se fortaleceram como organização social, onde atividades como ciências, arquitetura, filosofia e teatro cresceram significativamente.
O que achou da matéria? Se gostou, aproveita para conferir também o que foi a República Romana e quais as características da Roma Antiga.
Fontes: Toda Matéria, Info Escola, Brasil Escola e Escola Kids
Imagens: Quero Bolsa, Medium, Stoodi, Estudo Prático, Viaje para Israel, Escola bem-me-quer, Netmundi e Arteref