O Império Romano passou por fases bem demarcadas enquanto esteve no auge. No primeiro momento, a forma de governo era baseada no modelo republicano, com Júlio César no poder. Em seguida, o império realmente se consolidou com Caio Otávio, conhecido como Augusto. O momento de transição foi marcado por crises diversas e, para resolver os perrengues do período, foi implementada a política do Pão e circo.
A política nada mais era que uma forma de distrair a sociedade romana dos problemas sociais. Ou seja, com a expansão do Império Romano, Roma se tornou uma das cidades mais importantes e ricas. Assim, todos os acontecimentos políticos, culturais e sociais aconteciam na cidade. Dessa forma, era comum que pessoas de outras regiões buscassem a cidade como forma de melhorar de vida.
Nesse sentido, as desigualdades sociais eram evidentes. Pessoas humildes, em busca de melhores condições econômicas, se espremiam em lugares sem – ou com quase nada – saneamento básico, espaços minúsculos e habitações com conforto mínimo. Além disso, era comum que essas pessoas fossem exploradas em trabalhos braçais e sem rendimento financeiro.
Mas, afinal, o que realmente foi a político do Pão e circo? Vamos descobrir!
Pão e circo no Império Romano
O primeiro imperador de Roma foi Otávio Augusto, conhecido como Otaviano. A princípio, o sistema de impérios veio para substituir a República Romana. Dessa forma, começou a transição do modelo republicano para a consolidação do Império Romano, onde a figura do imperador era apoiada pelo Senado.
Como primeiro imperador, Augusto ficou incumbido da missão de amenizar as crises que surgiam por conta do momento de mudanças. Afinal, com a expansão do império, Roma se tornou a cidade mais procurada por aqueles que queriam mudar de vida. Isso porque a região era o centro dos acontecimentos políticos, econômicos e culturais.
Nesse sentido, com a vinda de diversas pessoas das regiões próximas a Roma, a cidade começou sofrer com super lotação, principalmente nas parte mais vulneráveis da cidade. Ou seja, eram pessoas humildes que se abrigavam em lugares com conforto mínimo, quase não tinham saneamento básico e trabalhavam várias horas por dia para receber migalhas financeiras.
Apaziguando a sociedade romana
A falta de estrutura era propícia para que revoltas sociais acontecessem. Assim, a fim de evitar que a sociedade se rebelasse, Otávio Augusto foi responsável por criar uma política pública que fizesse as desigualdades sociais serem amenizadas e, até mesmo, esquecidas por alguns instantes.
A medida adotada pelo imperador foi distribuir pão e cereais, além de promover eventos, como lutas, apresentações culturais, etc. Por isso, o nome política do Pão e circo. Os eventos aconteciam, principalmente, em arenas, construídas a mando das autoridades. Em geral, as pessoas assistiam espetáculos de lutas entre gladiadores e animais.
Além disso, era comum apresentações culturais de bandas, espetáculos com palhaços e artistas de teatro. Corridas de bigas, acrobacias, quadrigas e corridas de cavalo também aconteciam nas arenas.
Assim, enquanto a sociedade se divertia nos espetáculos, recebiam pão e cereais para matar a fome. A distribuição de alimento também ocorria de forma mensal, no chamado Pórtico de Minucius.
Vale lembrar que, durante a consolidação do Império Romano, a sociedade era dividia em três classes principais. A primeira, chamada de Senatorial, era formada por senadores e pessoas ligadas ao império; a Equestre era a classe social da nobreza e dos comerciantes, enquanto a Plebe era formada por trabalhadores e camponeses.
Política do entretenimento
Em síntese, a crise na transição da República Romana para o sistema de impérios fez surgir políticas públicas, como a política do Pão e circo. O termo vem do latim, panem et circenses, e representava a forma que as autoridades encontraram para distrair a sociedade romana do caos social e das crises.
Dessa forma, o imperador promovia apresentações culturais nas arenas, lutas grandiosas e eventos esportivos. Além disso, a plebe era beneficiada com banquetes, além da distribuição de pães e trigo que ocorria de forma mensal, como já dissemos. Nesse sentido, os governantes distraiam a sociedade com entretenimento e comida.
Distraída com os eventos promovidos pelo império, a sociedade romana – principalmente a plebe – , se esquecia dos problemas sociais que assolavam a cidade. Além do mais, a estratégia política era uma forma de evitar que a sociedade se rebelasse contra o governo, promovendo levantes e manifestações. Outro ponto era a popularidade do imperador, que aumenta de forma considerável com as regalias promovidas.
A política do Pão e circo funcionou por muito tempo e foi utilizada até a decadência do império. Assim, quando o Império Romano começou a entrar em crise, no período do Baixo Império (284 – 476), a política do entretenimento se tornou insustentável. Além do desinteresse da sociedade em continuar assistindo aos eventos violentos, o império não possuía recursos para manter a oferta de comida e apresentações artísticas.
Pão e circo no Brasil
De forma geral, a política do Pão e circo é classificada como qualquer estratégia utilizada por governantes como forma de distrair a sociedade. Neste caso, a distração é aceita de forma consciente ou inconsciente, dependendo da situação. Em todos os casos, o principal objetivo da política do Pão e circo é desviar o olhar da sociedade dos problemas sociais.
Na ciência política, existem outros termos que são utilizados para designar essas “regalias” oferecidas pelos governos. Como é o caso do clientelismo. Em síntese, o termo está em desuso, mas ainda é utilizado por alguns representantes como forma de conquistar a confiança da população mais vulnerável.
Em outras palavras, clientelismo representa a compra de votos que ocorrem em eleições políticas, por exemplo. Neste caso, os governantes se aproveitam das desigualdades sociais como forma de gerar e obter benefícios.
Geralmente, no período das eleições, candidatos grampeiam dinheiro em “santinhos”. O intuito é distribuí-los como forma de obter mais votos. Porém, a prática é considerada crime eleitoral.
Exemplos da política de entretenimento
Outras práticas da política do Pão e circo podem ser vistas no futebol e em loterias, por exemplo. No Brasil, o futebol já foi considerado o evento que mais distrai os brasileiros dos problemas sociais, com jogos que ocorrem sempre aos finais de semana.
Além disso, a loteria também pode ser considerada uma política do Pão e circo. Isso porque a logística das lotéricas funcionam por meio das pessoas, geralmente as mais vulneráveis financeiramente, que querem enriquecer por meio da sorte. Sendo assim, alimentada pela esperança, a sociedade se esquece dos verdadeiros problemas que causam as desigualdades.
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Fontes: Info Escola, Todo Estudo e Quero Bolsa
Imagens: Estudo Kids, Aventuras na História, Tribuno da História, Apaixonados por história, Laprimera e 4oito