Macau, assim como Hong Kong, é uma Região Administrativa Especial (RAE) da República Popular da China (RPC). A região se tornou administrativa, em 1999, depois de um acordo entre portugueses e chineses. Portugal, no caso, ainda estabelecia relação como metrópole de Macau.
Nesse sentido, Portugal e China, por meio de uma Lei Básica, definiram a regulamentação de direitos e deveres sobre o território. A partir disso, a Região Administrativa Especial de Macau (Raem) foi criada, em 1999, após 450 anos como território português.
A região possui como língua oficial o português e o chinês, sendo o mandarim a língua chinesa oficial, e o cantonês, o idioma mais falado nas ruas. Existe ainda outra língua que foi desenvolvida por influência cantonesa e portuguesa, chamada de patuá macaense.
Para entender como Macau se tornou uma das Regiões Administrativas da China, é preciso voltar um pouco na história. Então, vamos lá!
Invasão portuguesa na costa chinesa
A história de Macau começou quando o Império Português adentrou os mares da China, a fim de estabelecer feitorias na costa chinesa. No século 16, momento em que a expansão marítima estava em ascensão, os portugueses almejavam aumentar o comércio marítimo e conquistar novos mercados.
Portugal achou que estava tudo certo com as primeiras investidas no território asiático. Porém, logo após os portugueses estabelecerem algumas feitorias, a China publicou, em 1522, um mandato que proibia qualquer tipo de comércio com estrangeiros.
Dessa forma, o Império Português atendeu ao decreto, porém só até 1540.
Isso porque, mesmo com o mandato estabelecido pelo China, os portugueses começaram a investir em uma espécie de comércio clandestino. Sendo assim, intensificaram as trocas comerciais na região, mesmo sobre proibição dos chineses.
A região que mais recebeu portugueses foi nomeada Norte de Cantão e se tornou uma província. Porém, em 1548, todas as feitorias construídas pelos portugueses foram destruídas pelas autoridades de Fujian.
Sem saída, Portugal decidiu recuar o comércio para a baía do Rio das Pérolas, localizada na parte sul da província de Cantão. Ao mesmo tempo, a China passava por conturbados momentos na política interna.
Guerras, conflitos civis e revoltas diversas fizeram os chineses desviarem o olhar dos portugueses e dos problemas comerciais. Dessa forma, o Império Português viu, na fragilidade dos chineses, o momento ideal para se instalar em Macau.
Na época, a região era ocupada, majoritariamente, por pescadores e piratas.
Domínio português em Macau
A dominação da região administrativa não ocorreu de forma violenta ou por meio de guerras. Os portugueses, em jogada estratégica, pagaram suborno às autoridades cantoneses para que pudessem secar, nas praias da região, artigos que traziam nos navios.
A estratégia funcionou muito bem, já que o Império Português construiu cabanas de madeira nas praias de Macau. Com o passar do tempo, pagavam mais suborno para que o período de estadia no local fosse aumentado. Mais tarde, as cabanas de madeira se tornaram construções definitivas.
Já em 1554, a região de Macau era utilizada como principal escala nas viagens que o Império Português fazia à Cantão. Naquele mesmo ano, os portugueses conseguiram – por meio de suborno -, autorização para fixar uma feitoria na região.
O suborno foi feito para as autoridades de Cantão, que concederam a instalação com a condição de receber impostos sobre o comércio. Em seguida, entre 1572 e 1573, portugueses e chineses estabeleceram um contrato que ligava ambos os países numa relação de vassalagem perante a Corte chinesa.
Mais tarde, o contrato rendeu a abertura do Senado, uma instituição destinada ao encontro de autoridades chinesas e portuguesas. Era no Senado que as decisões administrativas da região de Macau eram tomadas.
Como o órgão foi instituído por dois países, todos os planejamentos eram subordinados tanto ao reino português, quanto às autoridades da China. Ou seja, embora Macau fosse uma região de domínio português, as decisões também dependiam das autoridades chinesas.
Crescimento de Macau
As feitorias portuguesas instaladas em Macau fizeram a região crescer, por conta do comércio estabelecido entre Europa e Ásia. Com o crescimento da região, a China decidiu, em 1736, colocar um membro do poder chinês no local, chamado de Mandarim.
Nesse sentido, a presença da autoridade chinesa na região demonstrava a forma mista de administração, instituída desde a criação de Macau. Porém, com a presença do Mandarim, o poder do Senado foi diminuindo gradativamente.
No caso, o Senado era o único órgão que possuía representação do poder português na região.
Foi apenas em 1822, que Macau passou a ser colônia oficial do Império Português. Dessa forma, o governador português foi incumbido de toda a responsabilidade administrativa da região.
Além disso, Macau deixou de ser parte do Estado da Índia e formou, junto ao Timor e Solor, uma província ultramarina. A colonização portuguesa só aconteceu, de fato, em 1846, quando o governador de Macau, Ferreira do Amaral, instituiu a colonização na região.
Na época, a China estava fragilizada por conta da Primeira Guerra do Ópio, iniciada em 1839. A guerra só terminou em 1942, e Portugal já era metrópole de Macau.
Após longo período de negociação entre China e os governantes britânicos, em 1887, foi assinado um documento – chamado de Protocolo de Lisboa -, que garantia o poder português na cidade de Macau.
Em seguida, ambos os países assinaram um novo acordo, denominado Tratado Sino-Português de Amizade e de Comércio.
O acordo estabeleceu que Portugal podia viver na cidade de Macau por tempo indeterminado. Além disso, Portugal poderia administrar a cidade política, econômica e socialmente.
Dessa forma, Macau ficou conhecida como colônia portuguesa pela China e, em contrapartida, os portugueses firmaram um acordo de nunca alienar a cidade sem o reconhecimento prévio da China.
Economia e cultura
Macau, assim como Hong Kong, é uma Região Administrativa Especial. As duas regiões vivem sobre o sistema econômico capitalista, onde o mercado é livre em relação à circulações de capitais e comércio exterior.
Grande parte da economia de Macau é baseada em jogos, como cassinos. Além disso, o turismo também agrega economicamente à cidade.
De forma geral, Macau possui pouco mais de 600 mil habitantes e extensão territorial de 29,5 km². Apesar da autonomia da região, os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário são subordinados ao poder chinês.
Sendo assim, Macau é uma cidade autônoma capitalista, mas subordinada à China. Em outras palavras, a cidade vive sobre o princípio “um país, dois sistemas”.
A economia, como já mencionamos, é movida por jogos, como os cassinos e apostas. Apesar de ser o maior setor econômico, a região também desenvolve produtos em indústrias têxteis, brinquedos e eletrônicos.
Além disso, o turismo também ocupa parte considerável na economia macaense. Hotéis, restaurantes, cassinos e resorts são as grandes atrações da cidade.
Características gerais
Macau é formada pelas seguintes características:
- Localização: leste do continente asiático (sudeste da China);
- Fuso horário: UTC + 8;
- Clima: subtropical
- Temperatura média: 22ºC
- Principais cidades: Cidade de Macau e Vila de Coloane;
- Idiomas: Português e Cantonês (idiomas oficiais);
- Composição da população: 98% de chineses e 2% de filipinos e japoneses;
- Religiões: budismo, taoismo, confucionismo e cristianismo.
Em relação à cultura, Macau é uma mistura entre costumes portugueses e chineses. Nas ruas, se manifestam atrações que refletem no modo de vida da cidade e da população. Por conta disso, Macau se diferencia das demais regiões ao redor, com uma forma sábia de enxergar a vida.
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Fontes: Info Escola, Brasil de Fato, Português e Sua Pesquisa
Imagens: Escola Educação, USP, Portuguese People, Ponto Final, Jacytan Melo e Revista Macau