Eurico Gaspar Dutra foi um importante militar que assumiu a presidência do Brasil, entre 1946 e 1951, após a deposição sofrida por Getúlio Vargas, em consequência de um golpe militar.
O militar deu início ao período que ficou conhecido como a Quarta República Brasileira. Seu governo foi marcado pela aproximação do Brasil com os Estados Unidos durante a Guerra fria, além da perseguição aos comunistas brasileiros.
Além disso, Dutra foi o 16º presidente do Brasil e governou durante a Era Vargas.
Vida pessoal e carreira militar de Gaspar Dutra
Gaspar Dutra nasceu na cidade de Cuiabá, em 18 de maio, de 1883. Ingressou na Escola Militar da Praia Vermelha, na cidade do Rio de Janeiro, em 1904.
Casou-se com Carmela Teles Leite Dutra, conhecida como Dona Santinha, em 19 de fevereiro de 1914, com quem teve dois filhos, Emília e Antônio.
Participou da Revolta da Vacina, deflagrada contra o governo do presidente Rodrigues Alves. Também esteve envolvido na repressão aos levantes tenentistas na cidade do Rio de Janeiro, em 1922, e na cidade de São Paulo, em 1924.
Apesar de seu desempenho no combate ao movimento constitucionalista que atacava o governo federal, em 1932, Dutra esteve próximo ao governo do presidente Getúlio Vargas.
Dessa forma, entre os anos de 1933 e 1934 assumiu a presidência do Clube militar. Logo depois, comandou a 1 ª Região Militar sediada na capital federal.
Além disso, Dutra responsável pelo levante armado que deflagrou setores que eram vinculados à Aliança Nacional Libertadora (ANL), como por exemplo, os anti-imperialista, antifascista, das quais faziam parte os comunistas, socialistas e “tenentes” de esquerda.
No ano de 1936, assumiu o posto de Ministro da Guerra, onde cumpriu, junto de Vargas e o general Góis Monteiro, papel decisivo no processo de instauração da ditadura do Estado Novo, em novembro de 1937.
Todavia, foi neste mesmo processo que Gaspar Dutra foi responsável por colaborar com uma suposta ameaça comunista, causando o afastamento do governador Flores da Cunha e culminando na concretização do golpe.
Estado Novo
Durante o Estado Novo, ou Terceira República Brasileira, Gaspar Dutra contribuiu para a modernização e o poder das Forças Armadas e seu papel decisivo no jogo político do país.
Em síntese, sua demora para combater o ataque realizado por rebeldes à residência do presidente Vargas, em 1938, gerou especulações não confirmadas sobre sua conveniência ao ato.
Foi durante sua gestão no Estado Novo, que Dutra influenciou o envolvimento do Brasil na Segunda Guerra Mundial. Em outras palavras, a base constituída junto com Góis Monteiro defendia a aproximação do Brasil com as potências do Eixo.
Dutra foi o comandante do processo de aproximação entre Brasil e Estados Unidos no que dizia respeito às questões militares, sendo responsável pela organização da Força Expedicionária Brasileira (FEB), enviada para lutar na Itália.
Além disso, ainda no Estado Novo, o militar foi sondado por setores oposicionistas a liderar um golpe para afastar Vargas e restabelecer a democracia no país.
No ano de 1945, o nome de Gaspar Dutra foi indicado por governistas, articulados no Partido Social Democrático (PSD), para concorrer à presidência da República.
Fim do Estado Novo e o Golpe de Vargas
A ditadura do Estado Novo chegou ao fim, em 1945, quando foi substituída pelo regime democrático. Isso ocorreu em consequência da pressão que as forças políticas colocaram na oposição.
Nesse meio tempo, Vargas, ao perceber as dificuldades de manutenção do governo, realizou algumas concessões políticas e reorganizou partidos políticos, indicando candidatos à república, com as eleições marcadas para dezembro daquele ano.
Do mesmo modo, Vargas patrocinou a formação do Partido Social Democrático (PSD) e do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), ambos representando interesses e vínculos do governo.
As manobras ocasionaram na legalização do Partido Comunista Brasileiro (PCB), que havia sido desarticulado durante o governo de Getúlio.
Dessa forma, foi a união entre essas forças políticas, conhecido como movimento “queremista”, que alertou aos chefes militares sobre a estratégia de Vargas de boicotar as eleições para se manter no cargo.
Em consequência disso, no dia 29 de outubro, de 1945, o golpe liderado pelos generais Eurico Gaspar Dutra e Góes Monteiro, tiraram Vargas da presidência da república.
Gaspar Dutra – 16° presidente
Após a destituição de Vargas, foi realizada, em 1945, eleições para Assembleia Constituinte e presidência da república.
A representação partidária ficou distribuída. Do total de votos, 54% ficaram com o PSD, 28% com a União Democrática Nacional (UDN), 7,5% com o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) e 7,3 % com os demais partidos.
Logo, Gaspar Dutra foi lançado como candidato à presidência pela aliança dos partidos PTB e PSD. Dessa forma, venceu as eleições com 55% dos votos.
A posse de Dutra aconteceu em janeiro de 1946. A partir daí, o presidente se aproximou dos setores conservadores através do Acordo Partidário.
Como resultado, houve uma marginalização de Vargas e, também, do PTB, que acabou rompendo com Dutra.
Em suma, os comunistas passaram a sofrer perseguição pelo governo que integrava o contexto da Guerra Fria.
O governo de Dutra, em consequência da política econômica conduzida pelos postulados liberais, esgotou reservas cambiais acumuladas durante a guerra.
Autoritarismo do governo Dutra
Outro aspecto que marcou o governo Dutra, foi a ilegalidade do presidente em relação aos movimentos populares e trabalhistas.
Embora a constituição assegurasse os direitos dos cidadãos, o governo adotou medidas repressivas contra os movimentos e as tentativas de reorganização sindical dos trabalhadores.
Da mesma forma, o governo foi responsável por ilegalizar o PCB e cassar o mandato dos representantes do partido. Visto que o PCB obteve importantes conquistas eleitorais, se tornando um dos maiores partidos comunistas da América Latina.
Durante seu governo, Gaspar Dutra participou da Conferência para Manutenção da Paz e da Segurança do Continente, patrocinada pelo governo americano.
Nesse ínterim, e, através dessa política externa, o governo brasileiro se colocou ao lado dos Estados Unidos, inclusive no contexto internacional da chamada Guerra Fria.
As políticas autoritárias exercidas por Dutra continuaram desrespeitando a Constituição vigente e ocasionando repressões com o objetivo de impedir o crescimento dos comunistas e o avanço dos movimentos sociais e sindicais.
Por fim, no ano de 1950, Dutra apoiou o candidato à sua sucessão, Cristiano Machado do PSD. Entretanto, o eleito no pleito foi Getúlio Vargas. Em janeiro de 1951, Dutra passou o cargo de presidente para Vargas.
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Fontes: CPDOC, Toda Matéria, Uol Educação e História do Mundo
Imagens: Fundação Getúlio Vargas, Assembleia Legislativa, Uol, Rede Brasil Atual, Feirenses, Toda Matéria, Pinterest.