Em tempo de Eleições, não é difícil a gente ouvir por aí termos como direita e esquerda, coxinhas (direita) e petralhas (esquerda). Mas, será que as pessoas realmente sabem sobre o que elas estão falando? Você, por exemplo, sabe o que significam esses termos na política?
O básico, que todo mundo intui ao falar sobre direita e esquerda na política, é que o primeiro termo (direita) está ligado aos que priorizam os interesses sociais e econômicos das classes sociais mais abastadas ou dominantes. O segundo (esquerda), está relacionado à luta pelos interesses das classes sociais e economicamente mais baixas.
Bom, esse conceito está mais ou menos certo e, para entender o que direita e esquerda significam, é preciso conhecer a origem desses termos.
Direita e esquerda na história
Historicamente falando, a ideia de direita e esquerda na política nasceu durante a Revolução Francesa, entre os anos de 1789 e 1799.
Na época, os extremistas jacobinos, que representavam a parcela da sociedade menos rica, naquele tempo chamado burguesia, se sentavam nos assentos do lado esquerdo do salão da Assembleia Nacional Constituinte. A elite, que não queria se misturar aos populares, se sentava à direita.
Dentro dessa perspectiva, ser de esquerda passou a ser sinônimo dos direitos dos trabalhadores, da promoção do bem estar coletivo e da participação popular dos movimentos sociais e das minorias. A direita, na contramão, passou a representar uma visão mais conservadora da política, ligada ao comportamento tradicional, ao poder econômico da elite e à promoção do bem estar individual.
No Brasil, a Ditadura Militar fortaleceu bastante essa divisão: a direita era a favor do poder militar, enquanto a esquerda defendia a necessidade de um regime socialista.
Direita e esquerda muito além da História
Mas, com o tempo, outras divisões acabaram aparecendo dentro das ideologias de direita e esquerda. Atualmente, os partidos de direita incluem conservadores, democratas-cristãos, liberais e nacionalistas. Até mesmo o nazismo e o fascismo estão nessa categoria, no que pode ser chamado de extrema direita.
Do lado esquerdo, é possível perceber os social-democratas, os progressistas, os socialistas democráticos e os ambientalistas. E, como esse lado também conta com uma vertente extremista, é possível notas movimentos igualitários e autoritários simultaneamente.
Mas, com o tempo, as expressões direita e esquerda também passaram a ser usadas em outros conceitos. É comum hoje em dia, por exemplo, que os partidários que se colocam contra as ações do regime vigente, também chamados de “oposição”, sejam entendidos como “de esquerda”; enquanto os defensores do governo em vigência, ou seja, a “situação”, façam parte da ala apelidada de “direita”.
O bom sendo do “centro”
Nesse cenário, ainda é possível dizer que existe o centro. Quem defende essa categoria defende o capitalismo sem deixar de se preocupar com o lado social. Basicamente, a política de centro prega mais tolerância e equilíbrio na sociedade, embora possa estar mais alinhada com a política de esquerda ou de direita, dependendo do lugar e do momento político.
Aliás, o conceito de “centro” também tem origem histórica. Para quem não sabe, o termo vem da Roma Antiga e era definido pela frase “In mediun itos”, ou seja, ” A virtude está no meio”.
No Brasil, embora existam todas essas ideologias presentes no cenário político, a maior parte dos eleitores não entende bem esse conceito de direita, esquerda e centro. A diversidade de partidos políticos também dificulta a identificação das tendências ideológicas partidárias.
Extremismos (dos dois lados)
Voltando ao tema inicial, a verdade é que direita e esquerda já assumiram posturas radicais em determinados momentos da história. Ambas as ideologias assumiram atitudes parecidas, como a interferência direta do Estados na vida da população, o uso de violência, censura com relação aos opositores, sem contar a manutenção de um mesmo governo ou liderança no poder.
Estados totalitários, como o nazismo, o fascismo, o franquismo e o salazarismo floresceram em vários momentos desse período, e muitas vezes se apropriaram de discursos da esquerda e da direta.
Economia e neoliberalismo
Mas, engana-se quem pensa que direita e esquerda se restringem ao cenário político, até porque Economia e Política sempre andaram de mãos dadas. A esquerda, prega uma economia mais justa e solidária, focada na distribuição de renda; enquanto a direita, associada ao liberalismo, visa a livre iniciativa de mercado os direitos à propriedade privada.
Dessa segunda vertente (de direita), vem o termo que ficou conhecido como neoliberalismo. Com origem nos anos 1980, o conceito neoliberal está ligado aos governos de Ronald Reagen e Margareth Thatcher, que privatizaram inúmeras empresas públicas americanas e cortaram gastos sociais para atingir o equilíbrio fiscal durante a crise do petróleo.
A esquerda nunca concordou com o neoliberalismo. A ideologia prega que as desigualdades sociais estejam diretamente ligadas à privatização de bens comuns e de espaços público, à flexibilização de direitos conquistados e à desregulação e liberalização em nome do livre mercado.
O mais interessante de tudo é que o liberalismo não significa, necessariamente, conservadorismo moral. Originalmente, ser “liberal” está associado a alguém com ideias e atitude aberta ou tolerante, que podem incluir a defesa de liberdades civis e de direitos humanos. O conservador, por outro lado, seria aquele com o pensamento tradicional.
Na política, no entanto, o conservadorismo visa manter o sistema político existente, que seria oposto ao progressismo.
Direita e esquerda e questões morais
As ideologias também caminham em sentidos diferentes quando o assunto são questões morais, também regidas pela política. Avanços em leis de direitos civis e com relação a temas como aborto, casamento entre pessoas do mesmo sexo, legalização de drogas e afins são entendidos como bandeiras de esquerda.
A direita, nesse cenário, assume a defesa da família e dos costumes tradicionalistas. Nos Estados Unidos, por exemplo, grande parte dos eleitores se identificam com a direita cristã – que defende a interferência da religião no Estado -, vertente que vem crescendo em simpatizantes também no Brasil.
Mas, como já mencionamos, a pluralidade de partidos que existem e de ideologias partidárias, é comum que membros de partidos de centro-direita defendam bandeiras da esquerda e assim por diante.
O único caso em que não é comum perceber uma mistura de conceitos e de bandeiras são nos partidos de extrema-direita, associados ao patriotismo, com forte discurso à imigração; como é comum perceber nos governos Europeus, por exemplo.
E então, caro leitor, você se considera de direita, de esquerda ou o centro faz mais seu perfil? Não deixe de comentar!
Agora, falando em questões políticas que as pessoas demoram a entender, você pode se interessar em entender um pouco mais também sobre: Tratado de Versalhes: tentativa de paz que deu início à 2ª Guerra Mundial.
Fontes: Uol Vestibular, Mega Curioso, Toda Política, Estadão