Durante o período de colonização, especialmente do comércio marítimo, a China era responsável pela comercialização de vários produtos, como o ópio. O Tratado de Nanking foi um acordo imposto pelo Império Britânico à China, dando fim à Primeira Guerra do Ópio, em 1860.
Na época, a Grã-Bretanha buscava países que pudessem oferecer matérias-primas e preços consideráveis no mercado consumidor. China e Índia possuíam as características que os ingleses buscavam, mas os chineses não eram abertos a negociações com estrangeiros.
Para entender o que foi o Tratado de Nanking, vamos conhecer o contexto histórico que levou ao fim da Primeira Guerra do Ópio.
Contexto histórico
A resistência chinesa estava concentrada, principalmente, na compra de produtos de outros países. Porém, em relação à venda de mercadorias, o país era aberto a negociações.
Como os chineses não se interessavam pelos produtos ingleses, o Império Britânico não tirava lucros vindos da China.
Para os ingleses, o único produto que interessava era a comercialização do ópio, fonte de lucro para a Grã-Bretanha. O ópio é classificado com uma substância ilícita, pois causa dependência nos usuários.
Os ingleses, neste caso, transportavam a substância de forma ilegal para a China e obrigavam os chineses a consumir o produto. A dependência, neste caso, gerava lucros para a Grã-Bretanha, pois aumentava o volume do comércio.
Por conta disso, o governo chinês decidiu por proibir qualquer comercialização de drogas com os ingleses. A decisão causou revolta, já que o comércio do ópio agregava economicamente a Grã-Bretanha.
A decisão do governo chinês foi o principal motivo para, em 1839, os ingleses declararem guerra à China, dando início a Primeira Guerra do Ópio. A guerra só teve fim, em 1842, com a assinatura do Tratado de Nanking.
O Tratado de Nanking
O Tratado de Nanking foi um acordo assinado entre a China – na época, governada pela dinastia Quing – e a Grã-Bretanha. O principal motivo para assinatura do acordo imposto pelos ingleses foi colocar fim a Primeira Guerra do Ópio, iniciada em 1839.
Em síntese, o Tratado possuía doze artigos com diversas recomendações do que deveria ser feito pela China.
Uma das primeiras exigências do tratado foi a suspensão de restrições comerciais. Nesse sentido, os ingleses queriam o livre comércio com a China, além da abertura de cinco portos no país, sendo eles: Cantão, Xiamen, Fuzhou, Ningbo e Xangai.
Outro artigo presente no tratado liberava os portos chineses para a construção de moradias fixas dos ingleses. A princípio, os ingleses estavam proibidos de construir qualquer tipo de residência, porém, com o tratado, foi liberada a construção de moradias nas cidades portuárias da China.
Além disso, o tratado determinou que, a partir de então, os ingleses estariam livres para negociar comercialmente com as autoridades locais. Antes do acordo, as negociações eram feitas por meio da mediação de oficiais que integravam a corte chinesa.
Os ingleses determinaram também que, a partir do tratado, os portos chineses só poderiam cobrar 5% na tarifa de importação. Na época, a taxa era a menor se comparada a outros portos do mundo.
A China foi obrigada a pagar uma indenização de 21 milhões de dólares de prata por conta das 20 mil caixas de ópio destruídas durante a guerra.
A Grã-Bretanha estimulou a indenização pelo ópio, mas também queria que as despesas referentes à guerra fossem acertadas, principalmente com os comerciantes chineses.
Hong Kong como território britânico
Um dos artigos do Tratado de Nanking estabeleceu a entrega do território de Hong Kong à Grã-Bretanha. Na época, a região era apenas uma ilha habitada, principalmente, por chineses pesqueiros. Além disso, servia como refúgio para piratas e pessoas que comercializam ópio.
Com o Tratado, Hong Kong passou a ser “propriedade perpétua” dos ingleses. Ou seja, a região se tornou colônia do Império Britânico. Com os anos, a região se tornou o principal ponto de comercialização do ópio. A substância era trazida, essencialmente, da Índia.
Em 1865, o crescimento da região impulsionou a criação do “Hong Kong and Shanghai Banking Corporation”, conhecido internacionalmente como BNDS. A fundação do banco foi realizada por um comerciante escocês que, na época, era especializado na importação de ópio.
Atualmente, Hong Kong é uma das Regiões Administrativas Especiais da China. Ou seja, cidade dentro do território chinês, mas que possui autonomia política e econômica diferentes do restante do país.
O sistema econômico que revigora em Hong Kong, por exemplo, é o capitalismo, movido pela moeda Hong Kong Dólar.
Consequências Tratado de Nanking
Em síntese, os artigos impostos pelo Império Britânico à China alteraram a visibilidade dos chineses diante dos demais países do mundo. Na época, o Tratado foi visto como uma humilhação aos chineses que mantinham o posto de “centro do mundo”.
A dinastia Qing, que governava a China no ano do Tratado, ficou desmoralizada frente a outros países e à própria população chinesa. Uma preocupação que atingia a China naquele momento era a possível proposta de outros países em querer comercializar na mesma condição que os ingleses.
A preocupação era válida, já que a China perdia gradativamente a soberania no comércio exterior e a o declínio econômico já afetava o país.
Além disso, a prata – principal moeda de troca na época – já estava em falta em várias regiões.
O Tratado de Nanking, de acordo com a história chinesa, foi classificado como um dos “tratados desiguais”.
Ou seja, esse tipo de tratado era símbolo de negociações provindas de guerras e que deixavam em desvantagens nações que não possuíam as mesmas igualdades nas negociações.
Além do tratado estabelecido com a Grã-Bretanha, a China vivenciou outros “tratados desiguais”.
Dentre eles, tratados assinados com França, Estados Unidos, Rússia e Japão. Por fim, em grande parte dos casos, a China perdeu territórios, além de recursos financeiros pagos em indenizações.
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Fontes: History, Opera Mundi e Ensinar História
Imagens: Hong Kong, Super Abril, Aventuras na História, Opera Mundi, Discovery e Carta Capital