Epistemologia: o que é, conceito, definição e principais tipos

Epistemologia representa a área da filosofia que estuda o conhecimento, o princípio do saber e os resultados das ciências de forma lógica.

Epistemologia, o que é? Definição, origem do termo e principais tipos

Os estudos filosóficos são responsáveis por abordar diversos conceitos, dentre eles, o da epistemologia. Neste caso, o termo, que vem do grego Epistem (conhecimento) e Logia (estudo), representa o estudo do conhecimento. Por conta disso, a epistemologia também é conhecida como Teoria do Conhecimento.

Os estudos epistemológicos, nesse sentido, envolvem questões sobre a formação do conhecimento, a validade do saber científico, a distinção entre ciência e senso comum, etc. Analisando as áreas que compõem a Filosofia, a ética relaciona-se às questões morais; a política preocupa-se com a sociedade e, portanto, a epistemologia é responsável pelo estudo do saber.

Além do estudo do conhecimento, a Teoria do Conhecimento também busca compreender quais são as fontes do saber e como podemos adquirir diferentes níveis de entendimento intelectual. Assim, a epistemologia procura responder questões como “o que é ciência?”, “o que é conhecimento científico?” e “o conhecimento científico é verdadeiro?”.

Como a teoria do conhecimento surgiu?

Quando fala-se em áreas do saber, a filosofia determina que a ciência, ou seja, o conhecimento, deve seguir um método. Assim, é por meio do método que o saber pode ser justificado e aprovado. Ou seja, um conhecimento só é verdadeiro, para a ciência e filosofia, caso este consiga ser testado a qualquer momento e os resultados forem os mesmos.

Epistemologia, o que é? Definição, origem do termo e principais tipos
A epistemologia surge com os filósofos pré-socráticos.

Entretanto, sabemos que, cada momento histórico, conta com verdades afirmadas com certezas e que, anos depois, foram invalidades ou reformuladas. Isso significa que a verdade parte da construção racional respeitando cada período da história. Assim, a epistemologia surgiu, ainda no período clássico, após as críticas dos filósofos pré-socráticos sobre empirismo e racionalismo.

Os estudos sobre o conhecimento, dessa forma, são pautados nas teorias de filósofos como Aristóteles, Platão e Sócrates. Cada estudioso utilizava de técnicas metodológicas para provar questões de forma racional, fugindo dos mitos e crenças da época. Logo, os estudos epistemológicos ganham ainda mais força com o surgimento do Humanismo, Iluminismo e do Renascimento.

Expansão do conceito

Para o filósofo Jonathan Dancy a epistemologia seria a definição das “posturas cognitivas” que temos. Ou seja, as análises epistemológicas envolvem tanto as crenças, quanto aquilo que acreditamos ser conhecimento. A análise aqui estaria pautada, então, em solucionar se a maneira de ação é responsável ou irresponsável em relação às nossas crenças.

De acordo com Dancy, a epistemologia está dividida em áreas fundamentais. O filósofo determinou quatro áreas principais, sendo a análise filosófica da natureza do conhecimento; problemas relacionados ao ceticismo; afirmação e justificação do conhecimento e o alcance do saber.

Jonathan Dancy definiu a epistemologia em quatro áreas principais.

A partir disso, foram desenvolvidos três pontos essenciais em relação à natureza do conhecimento: “saber que”, “saber como” e “conhecimento por familiaridade”. Neste caso, o que diferencia o saber que do saber como é a forma como o conhecimento é apresentado. Ou seja, “saber que” está relacionado ao conhecimento teórico e “saber como” se refere ao conhecimento prático.

Já o conceito de “conhecimento por familiaridade” é explicado pelo filósofo Bertrand Russell. O filósofo diz que esse tipo de conhecimento é adquirido por meio da interação de causa direta. Ou seja, o conhecimento parte de uma experiência direta que determina outra experiência não conhecida. Isso ocorre por meio da distinção entre os termos “mediação” e “não mediação”.

O que difere os dois conceitos é que, na medição, adquirimos conhecimento – ou que achamos ser conhecimento – por meio da indução, por exemplo. A indução, neste caso, é aplicada para situações não conhecidas que são passíveis de compreensão sem a necessidade de comprovação. Já a não mediação está relacionada ao conhecimento que não necessita de conhecimentos anteriores para serem verdadeiros, como abrir os olhos pela manhã e ver que já é dia.

Jean Piaget e a epistemologia genética

Jean Piaget foi biólogo e psicólogo suíço, responsável por desenvolver ” A Epistemologia Genética”, em 1950. Essa teoria do conhecimento desenvolvida por Piaget diz que o ser humano possui fases diferentes e específicas para obtenção do conhecimento. Cada fase, entretanto, acontece de forma contínua e linear e nem todas as pessoas as desenvolvem da mesma maneira.

Epistemologia, o que é? Definição, origem do termo e principais tipos
Jean Piaget desenvolveu a epistemologia genética.

Enquanto Piaget afirma que a genética é junção do empirismo (conhecimento adquirido através da experiência) e apriorismo (conhecimento independente da prática), ele também apresentou uma teoria em torno de fases para obtenção do conhecimento. Portanto, as etapas do processo definido pelo psicólogo são:

Fases para obtenção do conhecimento

  • Sensório-motor – fase em que o conhecimento ocorre por meio de estímulos internos e externos, entre 0 e 2 anos de idade;
  • Pré-operatório – essa fase é marcada pelo surgimento da fala e dos pensamentos fantasiosos, como contos de fadas. As crianças começam a interação com outras crianças, entre 2 e 7 anos;
  • Operatório concreto – fase em que o entendimento de cálculos e a associação à símbolos concretos ocorrem. Além disso, as crianças entre 7 e 11 anos já conseguem resolver problemas internos;
  • Operatório formal ou abstrato – momento em que a compreensão sobre sociedade, Estado, amor e cidadania ocorre, geralmente, dos 11 aos 14 anos.

Para o psicólogo, cada fase pode ocorrer de forma distinta dependendo da criança. Além disso, nem todos os indivíduos conseguem atingir a última fase para obtenção do conhecimento. Assim, para Piaget, o mais importante para cada criança é a observação da compreensão das fases, passando pelos processos de assimilação e acomodação.

A assimilação seria o esforço da criança em entender como determinado objeto funciona, como um brinquedo novo, por exemplo. Já a acomodação está relacionada à fase em que a criança cria maneiras de aplicar o conhecimento adquirido na assimilação e utilizar em outras áreas.

Epistemologia jurídica e convergente

A epistemologia jurídica diz respeito à validação do conhecimento do Direito. Ou seja, tem como objetivo analisar as questões que envolvem a origem do direito e diz que cada indivíduo é um ser único. Dessa forma, é uma área que estuda, principalmente, as várias formas de entender os conceitos que circundam a termologia do Direito.

A psicanálise é uma das formas de epistemologia convergente.

Já a epistemologia convergente aborda os conhecimentos que envolvem a Psicogenética, Psicanálise e a Psicologia Social. O psicopedagogo Jorge Visca desenvolveu esse tipo de meio epistemológico. Portanto, o principal objetivo é a busca por compreender de forma aprofundada as vertentes relacionadas ao fenômeno da aprendizagem.

A diferença da ontologia

A ontologia define-se como a parte da metafísica responsável por tratar questões da natureza, realidade e existência dos seres. Sendo assim, diante desse conceito, constuma-se confundi-la com a epistemologia. No entanto, existe uma diferença significativa entre ambas.

Por exemplo, enquanto a epistemologia preocupa-se com a natureza do conhecimento (sua origem, formação e bases), a ontologia preocupa-se em identificar se as coisas realmente existem. Só para ilustrar, a teoria do conhecimento pergunta-se como algo pode ser considerado verdadeiro. Em contrapartida, a ontologia questiona-se a respeito da existência de deus e a natureza da existência.

E aí, o que achou da matéria? Se gostou, não deixe de conferir qual é a definição de Filosofia Medieval e quem foram os Sofistas.

Fontes: Toda Matéria, Info Escola, Abstracta, Significados.

Bibliografia:

  • A. Goldman, Epistemology and Cognition (Cambridge, Mass., 1986).
  • BOMBASSARO, Luiz Carlos. As fronteiras da Epistemologia. 3a. ed. Petrópolis: Vozes, 1993.
  • Ferrier, J. F. Scottish Philosophy the Old and the New. EDINBURGH: SUTHERLAND AND KNOX. LONDON: SIMPKIN, MARSHALL, AND CO. 1856.
  • Jonathan Dancy. Extraído de Oxford Companion to Philosophy, org. por Ted Honderich (Oxford: Oxford University Press, 1995, pp. 809-812).
  • Russell, B. Os Problemas da Filosofia. Tradução: Jaimir Conte. Florianópolis. UFSC, 2005.

Imagens: Dom Total, Trabalhos Escolares, Etalent, Universo Racionalista e Starlife

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