Filosofia Medieval: definição, principais características e divisões

A Filosofia Medieval foi um período em que os ideais cristãos, como a fé, eram explicados por meio da razão, se baseando na lógica.

Filosofia Medieval: Definição, principais características, divisões e filósofos

A Filosofia Medieval compreende a produção filosófica concebida durante a Idade Média. Este período da humanidade foi marcado pela presença de valores cristãos aplicados a razão filosófica, o que deu origem a um sincretismo de ideais jamais visto.

O Cristianismo teve sua ascensão durante a Idade Média. Os conceitos religiosos começaram a ser explicados pela vertente filosófica, onde a fé, por exemplo, era expressada pela razão. Dessa forma, a filosofia medieval emergiu para explicar questões sobre o saber revelado e saber racional.

Nesse sentido, o período filosófico medieval ficou dividido entre a filosofia dos Padres Apostólicos, a dos Padres Apologistas, a Filosofia Patrística e a Escolástica, sendo as duas últimas filosofias as mais importantes para o período medieval.

Características da Filosofia Medieval

A Filosofia Medieval foi um período de expansão e consolidação do Cristianismo nos países da Europa Ocidental. Isso porque, durante os séculos V e XV, a Igreja Católica possuía grande influência sobre os pensamentos, as explicações, os atos e os sentimentos dos seres humanos da Idade Média.

Dessa forma, eram postas as condições dos indivíduos com as questões subjetivas e o seu interior, além das relações com o mundo. Nesse sentido, dentre as principais características do período estavam:

  • Conceitos desenvolvidos com base na filosofia Greco-romana;
  • União da fé cristã e da razão;
  • Filosofia grega associada ao Cristianismo;
  • Busca da verdade divina.

A partir disso, os filósofos junto à religiosos e integrantes do clero debatiam temas importantes como a existência de Deus. Além disso, colocavam em debate a fé e a razão, além das perguntas que circundavam a imortalidade da alma humana, a salvação, o pecado, dentre outras questões.

Entretanto, por mais que essas questões fossem debatidas e abordadas de acordo com a filosofia, nada podia se opor aos escritos bíblicos, sendo essa a verdade divina.

Divisões da Filosofia Medieval

A Idade Média foi um período extenso da história da humanidade. Por conta disso, a filosofia medieval foi dividida em quatro fases para melhor entendimento científico.

Vale lembrar que, as questões debatidas nesse período já eram tratadas antes mesmo de serem postas no período cronológico. Isso porque, depois da morte de Jesus Cristo, os adeptos ao cristianismo tiveram que agregar a filosofia grega aos ensinamentos da Igreja Católica.

Dessa forma, o período da Filosofia Medieval foi dividido em:

  • Filosofia dos Padres Apostólicos;
  • Filosofia dos Padres Apologistas;
  • Patrística;
  • Escolástica.

Filosofia dos Padres Apostólicos e Apologistas

A Filosofia dos Padres Apostólicos foi desenvolvida no início do Cristianismo, entre os séculos I e II. Dessa forma, os filósofos deste período desenvolveram os ensinamentos ligados à vida de Jesus Cristo. Entretanto, exerciam a filosofia num meio ainda profano.

Dito isso, Paulo de Tarso, o Apóstolo Paulo, foi um dos nomes mais representativos do período, tendo escrito, por exemplo, epístolas que estão inclusas no Novo Testamento.

Já a Filosofia dos Padres Apologistas, desenvolvida entre os séculos III e IV, como o próprio nome sugere, estava ligada com ideia de enaltecimento. Neste sentido, faziam apologia, ou seja, defendiam algum ideal, em relação a cristã, por exemplo.

Dessa forma, utilizam argumentos e figuras de linguagem para dialogar com os gregos adeptos da filosofia greco-romana. Logo, defendiam o Cristianismo como forma de pensamento superior às questões dos pensamentos da filosofia clássica.

Portanto, os Padres Apologistas aproximaram as ideias da filosofia clássica aos pensamentos desenvolvidos pelo Cristianismo. Assim, os principais nomes deste período são: Justino Mártir, Orígenes de Alexandria e Tertuliano.

Filosofia Patrística

O tema principal da Filosofia Patrística estava baseado na relação da razão e da fé. Nesse sentido, os filósofos – que também eram teólogos – discorriam os ensinamentos tentando a adaptação entre a filosofia grega e os conceitos do Cristianismo.

Portanto, foi uma Filosofia Medieval que começou a ser desenvolvida a partir do século IV e perdurou até o século VIII. Além disso, possui o nome de Filosofia Patrística devido aos escritos feitos pelos “Padres da Igreja”, palavra que vem do latim Pater – “pai”.

Nesse sentido, os Padres constituíam os pensamentos cristãos baseados na filosofia de Platão e relacionavam a palavra de Deus com os escritos do filósofo grego. Dessa forma, acreditavam que os indivíduos podiam conhecer e entender a Deus por meio das ideias reveladas.

A partir disso, levando em consideração os ensinamentos da filosofia grega, os Padres da Igreja explicavam temas relacionados à imortalidade da alma. Além disso, refletiam sobre a existência de um só Deus e dogmas como a Santíssima Trindade.

Em síntese, o nome que mais se destacou no período foi o de Santo Agostinho de Hipona. Ele foi responsável por explorar a Teoria da Iluminação Divina, a qual sugeria que a mente precisava ser iluminada de fora e Deus era imprescindível na vida humana.

Entretanto, os Padres da Igreja como santo Irineu de Lyon, santo Inácio de Antioquia, são João Crisóstomo, Santo Ambrósio de Milão também foram importante para o período.

Filosofia Escolástica

A Filosofia Escolástica foi o último período da Filosofia Medieval. Assim, desenvolveu-se durante o século IX e perdurou até o século XVI. Essa foi a época em que surge o Renascimento e início da Idade Moderna. Foi uma filosofia baseada nas obras de Aristóteles. Além disso, era cunhada em refletir sobre a existência de Deus, a alma humana, ou seja, a fé a partir da razão.

Dessa maneira, os ensinamentos passados pelos filósofos escolásticos eram baseados em explicar a existência de Deus por meio da razão. Assim, desenvolviam argumentos empíricos, pautados na lógica. Em síntese, dentre os nomes que se destacaram neste período estão: Bernardo de Claraval, Pedro Abelardo, Guilherme de Ockham, dentre outros.

Porém, o nome mais citado quando se refere aos filósofos escolásticos é, sem dúvidas, o de São Tomás de Aquino. Por conta disso, dentro da Filosofia Escolástica, existiu um período denominado de Tomismo. Dessa forma, o pensador italiano desenvolveu os cinco princípios, a Summa Teológica, para provar a existência de Deus.

Características gerais da Filosofia Medieval

Assim como pudemos ver acima, apesar de ser equivocadamente chamada Idade das Trevas, a Idade Média não foi exclusivamente marcada pelo obscurantismo. Na verdade, esse período foi responsável por produzir e explorar sua própria vertente filosófica, a qual conta com as seguintes características:

  • Deus como elemento central da filosofia;
  • Articulação entre a fé cristã e a razão filosófica;
  • Sincretismo entre os ideais cristãos e a filosofia clássica;
  • Preocupação em entender o papel da humanidade em relação a sua divindade;
  • Igreja Católica como instituição de grande poder e influência em todas as esferas sociais;
  • Combate a qualquer um que se opusesse à fé cristã e fosse considerado pagão;
  • Organização das Cruzadas à Terra Santa;
  • Apresentação dos propósitos da teologia e da metafísica para provar a existência de Deus.

E então, o que achou dessa matéria? Se gostou, corre pra conferir o quem foi Jesus Cristo e quais são as Religiões espalhadas pelo mundo.

Fontes: Toda Matéria, Cola Web, Info Escola, Brasil Escola, Educa Mais Brasil, Significados, Stoodi

Bibliografia:

  • FERRATER-MORA, José. Dicionário de filosofia. Edições Loyola, 2001. CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 2000.
  • SOUSA, Rainer Gonçalves. “Filosofia Medieval”; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiag/filosofia-medieval.htm. Acesso em 15 de abril de 2020.
  • SPINELLI, Miguel. Helenização e Recriação de Sentidos. A Filosofia na época da expansão do Cristianismo – Séculos II, III e IV. Porto Alegre: Edipucrs, 2002, p. 5.
  • VASCONCELLOS, Manoel. Filosofia Medieval: Uma breve introdução [recurso eletrônico] / Manoel Vasconcellos – Pelotas, 2014. 118 p.

Imagens: Cambridge Alert, Tire suas dúvidas de filosofia, O café dos filósofos, Medium, Cooperadores da verdade, Curso Enem, Filosofia

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