A sátira é um estilo literário presente não só na literatura, como também na música, na televisão, etc. É classificado como um estilo formado em versos ou prosa, usado para criticar e desconstruir imagens. Normalmente, os versos satíricos estão presentes em charges, artigos políticos, tirinhas, utilizados como construtores de novos significados para a realidade social.
O satirista – pessoa que escreve sátira – é conhecido como aquele que enxerga a realidade de forma que, talvez, as outras pessoas não percebam. Para mostrar críticas à realidade social, o satirista utiliza de ironia e sarcasmo nos versos ou na prosa. Normalmente, o estilo literário está associado à comédia, mas o tom risório não é uma característica fixa da sátira.
Por abranger outras áreas além da literatura, a definição de sátira pode ter várias classificações. Ou seja, o tom sarcástico pode ser encontrado na música ou em peças publicitárias, por meio de charges. Na literatura, as produções satíricas são definidas de duas maneiras. A primeira é a sátira como gênero literário. Já a segunda, classifica os versos satíricos como um aspecto inserido ao longo do texto.
Origem da sátira
A origem do gênero satírico ainda é assunto de debate dentro da literatura. Isso porque, se for analisar o gênero como crítica social, é possível ver características satíricas nos desenhos pré-históricos, por exemplo. Apesar de a sátira estar presente em diversas áreas, foi na literatura que o gênero ganhou força e se popularizou.
A princípio, o gênero satírico estava relacionado com a comédia. Em Atenas, na Grécia Antiga, o que se popularizou foram as paródias, que continham críticas referentes à realidade da época. Vários autores praticavam o estilo, mas foi o grego Epicarmo o que mais se destacou. Epicarmo, inclusive, escrevia versos que ironizavam os intelectuais do seu tempo, todos em tom de comédia.
Porém, foi em Roma que o gênero satírico ganhou relevância. Gaio Lucílio foi o responsável por escrever poesias que falavam sobre moral, utilizando aspectos filosóficos na composição dos versos. Em seguida, na Idade Média, a sátira já era um gênero consolidado. Na época, se destacaram as cantigas trovadorescas de escárnio e maldizer.
De forma geral, a sátira possui caráter efêmero, ou seja, é momentâneo. Isso significa que a construção principal dos versos ou da prosa satírica é feita com aspectos do presente, mesmo que haja algumas características do passado ou citações futurísticas. Os versos satíricos representam a visão da realidade presente, construída por meio da criação artística, crítica ácida ou espalhafatosa.
Características principais
Uma das principais características que compõe a sátira é a utilização do sarcasmo e da ironia. Geralmente, o gênero satírico está ligado à comédia, mas isso não é uma regra geral. Dessa forma, a sátira é construída em prosa ou em versos e possuem o intuito de crítica social. Além disso, as características dos versos satíricos também estão presentes na música, na televisão, no cinema.
Como a sátira possui caráter de crítica social, os principais alvos dos versos caricatos são políticos, artistas ou pessoas que possuem alguma relevância social. Um ponto forte do gênero satírico é mostrar a realidade de uma forma desmistificada. Ou seja, a poesia satírica ridiculariza costumes, instituições e até figuras públicas.
A sátira, normalmente, trata de assuntos sérios de uma forma cômica, que geralmente não seriam tratados da mesma forma em outras áreas. Apesar de possuir caráter desmoralizador, nem todo verso satírico é construído de forma destrutiva, ou seja, com o intuito de desmoralizar algo ou alguém.
Sendo assim, por meio do humor, o gênero satírico realça os defeitos e carências morais de personagens ou de instituições. De forma geral, utiliza os versos em forma de diálogos com atribuições de outros estilos literários. Além disso, o satirista desconstrói imagens relevantes – deuses, regras políticas, normas sociais – e constrói a realidade com novos significados.
A sátira e a literatura brasileira
O gênero satírico dentro da literatura brasileira tem como principal represente o baiano Gregório de Matos Guerra. Em síntese, Gregório não publicou nenhum verso, mas escreveu todos em sua época. Isso porque, no século XVII, imprensas e universidades eram proibidas.
Gregório nasceu em 1636 e viveu grande parte da vida em Portugal. Porém, foi na Bahia que o dom para a escrita satírica aflorou. Um dos aspectos que mais abordava em seus versos era o preconceito. Por conta disso, ficou conhecido como “Boca do Inferno”.
Além disso, Gregório escreveu à mão os versos ainda no período Barroco, sendo um dos maiores poetas brasileiros do período. A poesia de Gregório era composta por traços líricos e religiosos. Por fim, Gregório escreveu diversas sátiras que criticavam, principalmente, a situação econômica da Bahia. Dentre elas, temos:
Triste Bahia
Triste Bahia!
ó quão dessemelhante
Estás e estou do nosso antigo estado!
Pobre te vejo a ti, tu a mi abundante.
A ti tricou-te a máquina mercante,
Que em tua larga barra tem entrado,
A mim foi-me trocando e, tem trocado,
Tanto negócio e tanto negociante.
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Fontes: Toda Matéria, Dicio, Info Escola e Todo Estudo
Imagens: English Live, AG Arquitetura, Unicamp e Estante Virtual