Por que existimos? O que somos? Para essas perguntas existem respostas diversas, que tentam explicar a origem de tudo e qual a razão de estarmos aqui, neste mundo. A área responsável pelo estudo dessas questões é a metafísica, ramo da Filosofia focado no estudo da existência do ser.
É por meio dos estudos da existência que a metafísica tenta compreender as questões que circundam o mundo. Além disso, estuda os aspectos que envolvem a natureza, as estruturas e as formas da realidade. Etimologicamente, a palavra vem do grego metàphysis, que significa “além da física” ou “além da natureza”.
De forma geral, o estudo da existência do ser busca a compreensão da formação das coisas e de tudo aquilo que faz com o que o mundo seja como ele é. Ou seja, tenta entender aquilo que está além da matéria, como a alma, Deus e os pensamentos.
Definição de metafísica
Os estudos sobre a metafísica iniciaram com Aristóteles. Porém, o filósofo não utilizava o termo para designar os estudos “além da física”. Para ele, o tipo de filosofia que desenvolvia era denominado “filosofia primeira”. Ou seja, os estudos além da física eram, para Aristóteles, a base da reflexão filosófica.
Além disso, as reflexões que circundam os entendimentos da metafísica começaram com os filósofos pré-socráticos e Platão que, no caso, são os antecessores de Aristóteles. Assim, quem organizou as obras do filósofo e chegou ao termo metafísica foi Andrôni de Rodes, durante o século I a.C.
Nesse sentido, Andrôni de Rodes organizou a obra de Aristóteles de duas formas: separou os escritos que falavam sobre física e os que falavam de outros assuntos, ele nomeou como metafísica. Com isso, os escritos além da física envolviam a teologia, a ontologia e a filosofia.
Conclusões de Aristóteles
Platão e Aristóteles defendiam a origem das ideias de uma forma diferente. Para Aristóteles, o entendimento da realidade só poderia ser compreendido com base nos princípios do mundo sensível. Enquanto isso, Platão acreditava que a realidade era entendida por meio do mundo inteligível, ou seja, aquilo que é atingível.
Com base no princípio do mundo sensível, Aristóteles definiu que a existência do ser estaria divida em quatro causas. Ou seja, a causa material, a forma, o eficiente e o final. No caso da causa material, Aristóteles se referia à matéria enquanto formadora do corpo (sangue, pele, olhos, músculos, etc).
Enquanto isso, a forma seria a materialização da causa. Assim, somos formados por duas pernas, dois braços, uma cabeça, etc. Neste caso, cada ser é singular, pois possui características específicas de diferenciação. Já o eficiente está pautado em responder “por que existimos?”.
Assim, a resposta, de acordo com Aristóteles, seria porque alguém nos criou. Por fim, a causa final está ligada à questão do eficiente. Isso porque, existimos porque alguém nos criou e existimos para um fim, uma meta. Na filosofia, o campo responsável pelo estudo dessas questões é a teologia.
Metafísica para outros filósofos
Os estudos de Aristóteles influenciaram (e ainda influenciam) filósofos de várias gerações. Immanuel Kant, por exemplo, desenvolveu, em 1785, o livro Fundamentos da Metafísica dos Costumes. Na obra, o filósofo discute que as respostas “além da física” não podem ser obtidas pelos seres humanos.
Ou seja, os seres humanos não são capazes de responder as questões metafísicas, como quem somos?; para onde vamos? Deus existe? e, ainda, questões relacionadas à alma. Assim, Kant busca a compreensão para essas questões por meio da razão.
Caso algo não possa ser respondido por meio da razão, então, a preocupação não deve existir. Nesse sentido, Kant tenta compreender as questões do mundo mudando as perguntas antes feitas, como “o que é verdade?”. O filósofo, então, passa a se questionar como é possível que a verdade exista.
Períodos históricos da metafísica
De forma geral, a metafísica pode ser compreendida em três momentos distintos. Neste caso, o primeiro período, compreendido entre os séculos IV e III a.C, se inicia com Aristóteles e Platão, que entendiam a metafísica como a reflexão do ser no sentido mais amplo. Destaca-se, neste período, o filósofo Tomás de Aquino, que utilizou os estudos dos filósofos para aplicar na teologia.
Já o segundo período, compreendido entre os séculos XVIII e XX, se inicia com Immanuel Kant e termina com Edmund Husserl. Kant reformula as perguntas que envolvem a metafísica e tenta compreender as questões do mundo por meio da razão. Enquanto isso, Husserl desenvolve estudos sobre a fenomenologia.
Por fim, o terceiro período – iniciado no final da década do século XX – é o período que se estende até os dias atuais. Ou seja, o período compreende todos os estudos relacionados com a metafísica da contemporaneidade. Além disso, é neste período que os ideais materialistas são recuperados, evidenciando o negativismo a cerca da metafísica. Entretanto, no final do século XX, a metafísica ressurge por meio das correntes esotéricas.
Metafísica além da filosofia
Existe uma concepção da metafísica que envolve um lado mais místico da palavra, ou seja, ligada a autoajuda. Chamada de metafísica da saúde, esse lado dos estudos tem como princípio os pensamentos e comportamentos como os grandes causadores de problemas de saúde.
Aliás, o psicólogo médium, Luiz Antônio Gasparetto, e o também psicólogo Valcapelli, desenvolveram nessa linha de pensamento uma coleção de livros denominados de “Metafísica da Saúde”. Além da saúde, a metafísica também esteve presente na arte do século XX.
Artistas como Giorgio de Chirico, Carlo Carra e Giorgio Morandi representavam em suas obras o mundo além-realidade. Ou seja, as obras retratavam a inquietação, os mistérios e a fantasia existentes em um mundo distante da realidade em que vivemos.
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Fontes: Toda Matéria, Abstracta, Dicionário de Filosofia e Info Escola
Imagens: Acervo Filosófico, Quizur, Revista Galileu, Netmundi, News Week e Blissnow