Embora muito se fale sobre o impacto do nazismo como regime opressor e extremista do século XX, houveram outros partidos que também primaram pela violência contra grupos minoritários, além de pregarem correntes ideológicas e nacionalistas ligadas à direita conservadora. A Ustasha foi um deles.
Ustasha foi um partido de extrema-direita que surgiu em 1929, na Croácia, defendendo a criação de um estado independente, nacionalista, xenofóbico, antissemita e que glorificava a violência como meio para conquistar o poder.
Em sua base, estavam os ideais do nazismo alemão, de Adolf Hitler, e do fascismo italiano, comandado por Benito Mussolini.
Como surgiu o Ustasha e o que pregava
A Ustasha, ou Ustase, defendia a criação de um Estado Independente da Croácia, que foi anexada à Iugoslávia após a Primeira Guerra Mundial. Sendo assim, o principal objetivo do movimento era desmembrar o país da Sérvia, que detinha a maior parcela do poder. Isso ocorreu nas décadas de 1920 e 1930.
Para isso, eles não abriam mão do uso da força e da violência para alcançar seus ideais, como práticas terroristas e luta armada direta. De igual forma, as minorias eram consideradas “Inimigos internos” que precisavam ser destruídos a qualquer custo.
Além disso, o partido fazia uso da religião para se autopromover, se declarando um partido católico.
Seu líder e fundador era Ante Pavelic, chamado pelos membros do partido de Poglavnik, semelhante ao Führer dos nazistas e sinônimo de “líder supremo”. Sendo assim, o início da Ustasha ocorreu, de fato, em 1930 na Itália, uma vez que no seu país de origem, Pavelic sofria forte perseguição política.
O grupo teve adesão de vários croatas da Itália, Hungria, Áustria e Alemanha, o que possibilitou um suporte financeiro que promovia ações terroristas e treinamentos militares.
Por sua vez, dentro da Croácia, os principais apoiadores do partido eram os membros de classes mais baixas, principalmente camponeses. A principal justificativa do movimento para o uso da violência era de que, através dos meios constitucionais, já não seria possível conquistar a independência.
A Ustasha e o alcance do poder na Croácia
Onze anos após a fundação do partido, em 1941, os nazistas (já durante a Segunda Guerra Mundial) invadiram a Iugoslávia com o intuito de controlar a região e abrir caminho para a entrada na Grécia.
Dessa forma, a destituição do rei Pedro II foi o motim para a criação do Estado Independente da Croácia, que funcionava na prática como uma liderança fictícia ou fantoche.
Isso porque quem dominou mesmo o território foram os alemães e italianos, apoiadores dos croatas líderes do partido. Ante Pavelic teve que aceitar as imposições que lhe foram apresentadas, restando a Ustasha apenas o controle da região que atualmente pertence à Bósnia e à própria Croácia.
De maneira idêntica, o movimento separatista só foi possível, pois quem assumiu o poder foi o Duque de Spoleto, ligado à interferência alemã.
Em seguida, Ustasha iniciou um período sombrio de intensa perseguição a sérvios ortodoxos, judeus e ciganos, resultando na morte de milhares destes. Concomitantemente, o grupo lutava contra dois movimentos de resistência: os Chetniks, dos sérvios monarquistas, e os Partisans, dos comunistas iugoslavos.
O domínio do partido e o Holocausto croata
Com base nos fundamentos da “limpeza étnica” alemã, os croatas da Ustasha iniciaram uma intensa perseguição contra judeus, ciganos e, sobretudo, contra sérvios ortodoxos. Com a “benção” dos nazistas, a formação de um Estado “etnicamente puro” e homogêneo deveria ser prioridade. O Holocausto deixava marcas.
Ademais, a política da Ustase era matar um terço dos sérvios, expulsar outro terço e converter o restante ao catolicismo. Por conseguinte, foram decretadas leis punitivas a quem desrespeitasse tais preceitos.
Para que esse objetivo fosse alcançado, as milícias do Ustasha partiam em direção às vilas sérvias para massacrar seus habitantes, além de promover a destruição de igrejas ortodoxas. Igualmente, qualquer manifestação cultural sérvia era perseguida.
Assim como os alemães, o ápice do genocídio croata foi o envio de judeus, ciganos e ortodoxos para campos de concentração em Jasenovac. Neles, cerca de 100 mil pessoas foram assassinadas, sendo 50 mil sérvios.
Ao todo, estima-se que 300 mil sérvios foram mortos até a derrota do partido, em 1945. Esse número poderia ser bem maior se não fosse a atuação de líderes como Alojzije Stepinac, arcebispo de Zagreb, que atuou no salvamento de judeus.
A derrota do Eixo e o fim da Ustase
A vitória dos Aliados (Estados Unido, URSS e Reino Unido) em cima do Eixo (Itália, Japão e Alemanha), que também tinha o apoio da Croácia, enfraqueceu o domínio alemão e fortaleceu o movimento comunista dos Partisans, apoiado por britânicos e soviéticos.
Portanto, os nazistas foram expulsos do território em 1945 e, com isso, foi fundada a República Socialista Federativa da Iugoslávia. A Croácia, novamente, integrou-se e declarou sua independência apenas em 1991, se desmembrando da nação.
Contudo, Ante Pavelic conseguiu fugir em 1945 e ganhar asilo político na Espanha fascista, falecendo em 1959 aos 70 anos. Qualquer resquício da Ustasha foi duramente combatido durante o governo socialista, que assumiu desde então.
Gostou do tema? Então, leia mais sobre as características dos Regimes totalitários.
Fontes: Brasil Escola, História do Mundo, Fatos desconhecidos, Brasil Escola
Imagens: The Times of Israel, Outro lado da noticia, Holocaust research project, European Jewish Press.