A Segunda Guerra Mundial fez ascender nos países que participaram do conflito a ânsia de desenvolver armas potentes, que fossem além do que já estava sendo usado. Uma das medidas encontradas foi o desenvolvimento do Projeto Manhattan.
Basicamente, o projeto foi uma iniciativa dos Estados Unidos da América em construir bombas atômicas que pudessem ser utilizadas na guerra. Naquela época, mais precisamente entre 13 de agosto de 1942 e 15 de agosto de 1947, os olhares norte-americanos se voltaram para a construção das bombas.
O empreendimento, que juntou a força tarefa de cientistas, militares, engenheiros e diversos outros profissionais, originou na primeira bomba atômica da história, denominada Trinity. A bomba desenvolvida foi testada na base secreta do Projeto, localizada no deserto de Los Alamos, no Novo México.
Um mês após o teste da primeira bomba, duas novas bombas foram lançadas sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki. O ocorrido marcou o fim da segunda guerra e deixou mais de 240 mil pessoas mortas.
Início do Projeto Manhattan
O Projeto Manhattan teve início quando o físico nuclear Leo Szilard, físico húngaro naturalizado nos EUA, percebeu a possibilidade da Alemanha em criar bombas atômicas.
Isso porque, durante a Segunda Guerra Mundial, os físicos alemães Otto Hahn, Fritz Strassman e Lise Meitner, descobriram a fissão nuclear. Ou seja, era muito fácil que, com a tecnologia descoberta, os físicos conseguissem chegar a algo que acabaria com os inimigos na guerra.
Sendo assim, Leo Szilard convenceu outro importante físico da época, Albert Einstein, a mandar uma carta assinada por ambos ao presidente dos EUA, Franklin D. Roosevelt.
Na carta, os físicos alertaram ao presidente sobre a possibilidade intimidante da Alemanha desenvolver armas nucleares, já que os físicos que descobriram a fissão nuclear estavam trabalhando para as forças alemãs.
Com o início da Segunda Guerra – que inclusive começou por iniciativa nazista, que havia saído da Primeira Guerra derrotada – o presidente dos EUA (Franklin D. Roosevelt) decidiu aderir aos conselhos dados pelos físicos na carta.
Assim, se juntaram na força tarefa de elaborar e desenvolver o Projeto Manhattan físicos, cientistas, militares e diversos outros profissionais. A princípio, o desenvolvimento do projeto foi liderado pelo físico norte-americano, Robert Oppenheimer e pelo general Leslie Groves.
Com o desenvolvimento do Projeto Manhattan em andamento, o principal objetivo, e também de suma importância, era se precaver de um possível ataque nuclear vindo da Alemanha.
Além disso, com o desenvolvimento das primeiras bombas atômicas, seria possível evitar que novos conflitos mundiais surgissem, bem como colocaria os EUA à frente de qualquer inimigo.
Com as bombas atômicas desenvolvidas, os EUA não só teriam vantagem sobre a guerra, como também poderiam evitar que outro conflito da mesma magnitude ocorresse novamente. Isso porque o poder de destruição das bombas era catastrófico.
A primeira bomba atômica
A primeira bomba atômica desenvolvida no Projeto Manhattan foi denominada de Trinity. Dessa forma, para que a bomba pudesse ser desenvolvida, os EUA construíram o primeiro reator nuclear da história, localizado no Met Lab, em Chicago.
O reator foi concluído em 1942, e contou com a participação de cientistas, militares e físicos. Além do reator em Chicago, foi preciso construir mais três reatores, que auxiliaram no processo de desenvolvimento da bomba.
Sendo assim, foram construídos a Oak Ridge, no Tennessee – local utilizado para separar o urânio-235 do urânio 238; a Handford, em Washington, utilizado para produção de plutônio e, por fim, a base do projeto, em Los Alamos, onde as bombas eram projetadas e construídas.
A Trinity foi a primeira bomba do Projeto Manhattan. Para que fosse testada, os físicos e cientistas detonaram a bomba no deserto de Los Alamos, no dia 16 de junho de 1945. Após a explosão, foi possível constatar a potência do projeto: 20 quilotons, isto é, 20 quilotoneladas de TNT (trinitrotolueno), dinamite convencional.
Após os testes realizados com a Trinity, alguns cientistas não concordaram em levar o projeto adiante. Isso porque os cientistas perceberam, inclusive Joseph Rotblat, que a Alemanha não teria condições de desenvolver algo tão potente quanto a bomba nuclear.
Apesar das críticas ao projeto, mais duas bombas foram lançadas vindas dos EUA. Na ocasião, os EUA lançaram, sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, as bombas Little Boy e Fat Man – onde a primeira era composta por urânio e a segunda, polônio.
O lançamento das bombas atômicas colocou fim ao período da Segunda Guerra Mundial.
Cientistas do Projeto Manhattan
Para desenvolver o Projeto Manhattan, foi necessário que diversos profissionais fizessem parte da criação das bombas, dentre eles:
- Enrico Fermi – Criador do primeiro reator nuclear. Foi naturalizado norte-americano e, em 1938, ganhou o prêmio Nobel de Física.
- James Chadwick – colaborou com o Projeto Manhattan ao descobrir, em 1931, o nêutron. Por conta disso, recebeu o prêmio Nobel de Física, em 1935.
- Felix Bloch – físico judeu que foi naturalizado nos EUA. Em 1952, recebeu o prêmio Nobel de Física por ter criado o método das ondas de Bloch, que descreve como ocorre a trajetória de um elétron;
- Edward Teller: foi um dos físicos que participou desde o início da criação do Projeto Manhattan, sendo responsável pelo desenvolvimento da bomba de hidrogênio.
- Eugene Wigner – cientista que participou da elaboração da carta ao então presidente dos EUA, Franklin D. Roosevelt. Além disso, foi responsável por elaborar reatores nucleares que convertem urânio em plutônio. Por conta disso, recebeu o prêmio Nobel de física em 1963.
- Edward Condon – físico norte-americano pioneiro ao estudar a mecânica quântica.
Além destes, também fizeram parte do Projeto Manhattan os profissionais: Robert Serber, Philip Morrison, Hans Bethe, Stanislaw Ulam, Robert Bacher.
Fim do projeto
Oficialmente, o Projeto Manhattan foi desativado em 1946, quando se tornou na Comissão de Energia Atômica dos Estados Unidos. A iniciativa foi feita pelo então presidente da época, Truman.
Antes do reator do projeto ser desativado, duas bombas foram construídas. Para colocar fim às bombas nucleares, os cientistas e físicos decidiram detoná-las no Atol de Bikini em 1º e 25 de julho de 1946.
Grande parte dos profissionais que fizeram parte do projeto, como os físicos e cientistas, voltaram a dar aula em universidades dos EUA. Além disso, os profissionais receberam prêmios pelas descobertas nucleares, além de apoiarem o uso consciente da energia atômica.
Atualmente, apesar de não existir nenhum projeto atômico em andamento, cinco países possuem armas nucleares, sendo eles: Estados Unidos, Reino Unido, França, China e Rússia reconhecidos pelo Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP).
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Fontes: Brasil Escola, História do Mundo, Toda Matéria e Info Escola
Imagens: TecMundo, Rádio Peão Brasil, National Geographic Brasil, Diário de Cuiabá e Russia Beyond