A Europa possui 50 países, além de territórios independentes. Dentre os países se destaca Kosovo, que adquiriu independência da província da Sérvia, em 2008, após diversas controversas políticas.
O país é formado por uma área territorial de 10.905 km2 ocupada por, aproximadamente, 1.801.500 habitantes. Além disso, possui como fronteiras a Sérvia, Macedônia do Norte e Albânia, ao norte e leste, sul e a oeste, respectivamente.
Uma das principais atividades econômicas do país é agricultura, fortemente desenvolvida por cona do solo rico em nutrientes. De forma geral, a população do Kosovo é formada por albaneses, bósnios e sérvios, sendo a etnia albanesa 92,9% da população.
Apesar do país ter conquistado a independência em 2008, nem todos os países do mundo consideram Kosovo como uma Nação independente. Isso porque, o processo para se tornar livre da Sérvia ocorreu de forma conturbada.
Assim, para compreender as principais características que formam Kosovo atualmente, é necessário adentrar no contexto histórico do país.
Entendendo a história do Kosovo
A independência do Kosovo ocorreu há pouco mais de doze anos. Apesar do pouco tempo de independência, o processo de emancipação do país começou muito antes de 2008.
Entre os anos de 1945 e 1992, por exemplo, Kosovo era uma província autônoma da Sérvia. O status dava ao país certa liberdade política e econômica, mesmo com a Sérvia interferindo em alguns aspectos.
Entretanto, a pouca liberdade, como escolher a própria assembleia, por exemplo, foi totalmente diminuída durante o ano de 1989. Todo o processo histórico está relacionado com a dissolução iugoslava.
Ou seja, no final da década de 1980, a Iugoslávia passava por intensas transformações políticas, que incluíam ideologias nacionalistas. Para aumentar o poder do país naquela época, o presidente sérvio, Slobodan Milosevic, com apoio do parlamento da Sérvia, tirou a autonomia da província do Kosovo.
O ato, que ocorreu em 1989, teve como objetivo aumentar o controlar sérvio sobre a Federação. Com a decisão, o policiamento e o sistema judiciário foram tirados das mãos do governo kosovar.
Formação do governo paralelo
A autonomia do Kosovo havia sido tirada pelo presidente sérvio, Slobodan Milosevic. Entretanto, no final de 1990, a Sérvia estava envolvida no contexto das guerras entre Croácia e Bósnia.
A distração do governo sérvio por conta das guerras, foi a oportunidade perfeita para que os albaneses criassem um governo em Kosovo. O governo paralelo começou a agir rápido e, nos primeiros momentos, já havia organizado a construção de hospitais, recolhimento de impostos e a criação de um sistema de ensino próprio.
No período das guerras entre Croácia e Bósnia, Kosovo não sofreu nenhum tipo de intervenção. Sendo assim, a população albanesa – maioria no país – tentou colocar a questão política do Kosovo como parte do Acordo de Dayton – negociação de paz da ex-Iugoslávia.
Porém, a tentativa foi em vão, já que os líderes políticos não adeririam a cláusula proposta por Kosovo e deixaram para decidir o destino do país no contexto de uma próxima guerra.
A Guerra do Kosovo
Obviamente, Kosovo não deixaria que as decisões do país continuassem nas mãos do governo sérvio. Nesse sentido, o processo de independência foi iniciado com a defesa do grupo radical, formado por albaneses, conhecido como Exército de Libertação do Kosovo (ELK).
A guerra no país, então, foi travada entre as forças armadas do ELK e os soldados e autoridades da Sérvia. Apesar dos albaneses estarem preparados para o conflito, a retaliação do lado sérvio foi intensa e brutal.
Como resultado, as forças policiais da Sérvia começaram a expulsar os albaneses da província do Kosovo e, consequentemente, houve ataques a civis e mortes. Ao todo, o conflito entre ambos os países durou pouco mais de um ano, entre 1998 e 1999.
Por conta dos ataques sérvios, a província do Kosovo ficou completamente destruída, ocasionando em um número expressivo de refugiados. Por esta razão, a comunidade internacional tomou medidas rápidas para amenizar os conflitos.
Neste caso, a OTAN – Organização do Tratado do Atlântico – liderada pelos Estados Unidos, decidiu que faria uma intervenção nos conflitos entre Kosovo e Sérvia para “prevenir crimes humanitários”.
Intervenção da OTAN
Apesar da intenção de amenizar os conflitos, as propostas de intervenção não foram apresentadas para o Conselho de Segurança das Nações Unidas. Ou seja, para que países externos intervissem de forma direta no conflito, era necessário a aprovação do conselho de forma legal.
Sendo assim, como a aprovação legal não foi concedida pela ONU, a intervenção da OTAN foi vista como ilegal, de acordo com o direito internacional.
Além disso, os EUA mostraram que, naquele momento, estavam acima de qualquer lei internacional, como aconteceu, posteriormente, em outras situações de guerra.
Para acabar com os conflitos entre Kosovo e Sérvia, os EUA esperavam que ambos os países colaborassem com a assinatura de um acordo de paz. Desse modo, as negociações foram feitas durante a Conferência Rambouillet.
Na ocasião, o acordo foi intermediado, além dos EUA, por países como Rússia, Reino Unido, Itália, França e Alemanha.
Uma das cláusulas do acordo determinava que, caso não houvesse uma decisão entre Kosovo e Sérvia, a OTAN ficaria com o direito de controle de toda a província dentro da Iugoslávia.
Após analisar os termos de negociação da Conferência Rambouillet, o presidente da Sérvia, Slobodan Milosevic, não aceitou o acordo proposto pela OTAN.
Sendo assim, a organização, liderada pelos EUA, iniciou a guerra contra os sérvios, com bombardeios e ataques na província.
Após intensos ataques e morte de diversos civis, Milosevic decidiu por aceitar a presença internacional na província, após o Tribunal Internacional Penal para Crimes na ex-Iugoslávia indicar o presidente sérvio como responsável pela limpeza étnica do Kosovo.
Pós-Guerra
Após o acordo de paz estabelecido em Kosovo, as forças militares da Iugoslávia foram retiradas do país.
Como prometido pelo presidente sérvio, a presença internacional no território estava permitida e a ONU foi o órgão responsável por assegurar a autonomia do Kosovo.
Sendo assim, com a retirada do exército iugoslavo, as forças lideradas pela OTAN – denominadas de Kosovo Forcers (KFOR), foram implementadas no país. Em seguida, a província teve sua autonomia recuperada, além de um protetorado provisório concedido pelas Nações Unidas.
Apesar de, naquele momento, Kosovo ainda estar sob soberania da Sérvia, em 2001, a ONU realizou a primeira eleição do país. Com isso, era de liberdade do Kosovo promover a própria assembleia, bem como o presidente e o primeiro-ministro.
Declaração de Independência do Kosovo
A independência da Kosovo foi declarada em 2008, sem negociações com a Sérvia. Por conta disso, foi denominada como unilateral. Além disso, com a independência, o país declarou ser uma república democrática, multiétnica e secular.
Apesar da independência, a Sérvia não considera Kosovo uma Nação independente. Isso porque, o processo foi realizado sem o consentimento sérvio, ou seja, violando o Direito Internacional e a soberania do governo da Sérvia.
Entretanto, não é apenas a Sérvia que não considera Kosovo como uma Nação independente.
Ao todo, dos 193 países do mundo, apenas 116 reconhecem o processo de independência do Kosovo. O Brasil, por exemplo, faz parte do grupo dos países que rejeitam Kosovo como uma Nação.
Características gerais do Kosovo
Localizado do sudeste da Europa, Kosovo possui extensão territorial de 10.905 km2 e 1.801.500 habitantes. Grande parte da população é formada por albaneses, cerca de 92,9%. Os demais habitantes são bósnios e sérvios.
O país possui como principal atividade econômica a agricultura, por conta da terra fértil e rica em nutrientes. Assim, o país produz cereis (milho, trigo, cevada), além de cultivar frutas e hortaliças.
A religião que predomina em Kosovo é o islamismo. Além disso, o país faz fronteira com Albânia e Macedônia ao sul; Sérvia ao Norte e Montenegro a oeste e a capital do Kosovo é Pristina.
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Fontes: Escola Britannica, Medium, Brasil Escola, Folha de São Paulo e Grupo Escolar
Imagens: Lifeder, Passaporte feliz, AP News, Caymatthews, Teun Voeten, Britannica, Defesa Net e Arte que acontece