O termo “tirania”, do grego “týrannos”, que significa líder ilegítimo, surgiu na Grécia Antiga, entre os séculos VIII a.C. a VI a.C. De maneira geral, representa uma forma de governo em que a população perde os direitos civis e é posta sobre condições autoritárias, regadas por violência e a quebra da liberdade individual.
Na Grécia Antiga, o termo “tirano” também servia para designar governos ilegítimos. Porém, alguns governos, como o do primeiro tirano da história, Pisístrato, tinham a característica de governar como cidadãos. Ou seja, as ações políticas contribuíam para a melhoria de vida da população. Pisístrato foi responsável por realizar obras públicas, distribuir terras, construir templos e fortificações, por exemplo.
Ao longo da história, o termo “tirania” se ressignificou, adquirindo a forma de governos ilegítimos, mas que visavam apenas a opressão do livre arbítrio, a violação da liberdade individual e das leis existentes. Para se manter no poder, governos como o de Hitler, Stalin, Saddam Hussein, eram regados à práticas cruéis e moralmente condenáveis.
Principais características da tirania
Um governo tirano, para se manter no poder, utiliza de diversas táticas, como o medo e o terror para inibir a ação da população. Com o apoio de veículos de comunicação e da publicidade, por exemplo, os governos estabelecem uma rede de controle coletivo e domínio social.
Geralmente, os meios de comunicação e as propagandas geram conteúdos enganosos. Tudo para que a visão sobre o líder tirano seja construída de forma positiva.
Assim, o controle social por meio de promessas enganosas é uma das principais armas de abuso de poder. Além disso, os líderes tiranos conseguem força para exercer regras, tirando a liberdade individual da população.
Além disso, outras características dos governos tiranos são a opressão ao povo e a crueldade. Ou seja, a tirania se utiliza de força física, controle social, exclusão das leis e redução dos diretos civis para estabelecer poder e continuidade no governo.
É comum ver, ao longo da história, que o principal meio de dominação ocorreu por meio da violência. Quando um governo ilegítimo assume o poder, ocorrem ameaças a qualquer instância que se oponha às formas de governo tiranas.
Por mais que o termo seja utilizado para se referir aos governos do passado, a tirania também está presente na modernidade. Ou seja, a tirania ocorre, também, em governos democráticos.
Dessa forma, a tirania moderna é vista quando “governos democráticos” utilizam do poder para suprir seus interesses. Assim, os interesses sociais acabam em segundo plano. Além disso, alguns governos democráticos acabam utilizando do controle dos meios de informação como forma de manipular a imagem e permanecer no poder por mais tempo.
Surgimento do conceito de tirania
O termo “tirania” surgiu na Grécia Antiga, como já mencionamos, entre os séculos VIII e VI a.C, período conhecido como Era Arcaica. O momento histórico foi marcado, principalmente, pelo desenvolvimento social, político e cultural. Além disso, era comum os conflitos sociais e a briga por interesses políticos.
Os governos tiranos daquela época eram caracterizados também como forma de governo ilegítimo. Entretanto, nem todas as formas de governo eram guiadas por ações malignas ou de crueldade e antidemocracia.
Pisístrato, por exemplo, foi o primeiro líder tirano líder da antiga Atenas. De origem aristocrática, o tirano ficou conhecido por ações como distribuição de terras, realização de obras públicas, etc.
Além do mais, Pisístrato comandou a construção de templos religiosos, fortificações, portos e esgotos. Nesse sentido, as ações do governante serviram para amenizar os efeitos do poder aristocrático daquela época. Assim, ao longo de sua administração, o líder conseguiu apoio e participação popular.
Ou seja, o termo tirania pode ser empregado de forma ambígua, representando tanto os governos que atuam de forma maligna, quanto os que possuem ações benéficas para a população, mas não são legítimos. Entretanto, o termo foi ressignificado ao longo da história e adquiriu a característica de repressão, violência e anulação dos direitos individuais, como também já dissemos anteriormente.
Governantes tiranos
As boas ações de Pisístrato foram continuadas pelos filhos Hípias e Hiparco. Cada vez mais, o poder da aristocracia era diminuído, o que causava grande revolta nos aristocratas. Com isso, em 514 a.C, Hiparco foi morto por um aristocrata.
Seu irmão, Hípias, começou uma série de perseguições políticas que tinham como alvo líderes da aristocracia. Acredita-se que a forma abusiva dos governos tiranos tenham se iniciado neste período.
Durante a história, já na contemporaneidade, vários foram os governos tiranos. A começar por Nero, no Império Romano, que ficou conhecido como um dos piores tiranos em toda a história romana.
Isso porque se tornou imperador com apenas 17 anos e, com essa idade, já havia matado a mãe. Além disso, o jovem imperador foi o responsável por mandar incendiar Roma.
Nazismo, fascismo e stalinismo
Já no século XX, uma era de governos tiranos tomou o poder em várias partes do mundo. A exemplo de Hitler, líder nazista alemão, Mussolini, na Itália; e Stalin, na União Soviética.
Todos promoveram governos extremamente terroristas, cruéis e autoritários. Hítler, por exemplo, foi responsável por comandar a construção de campos de concentração, matando 6 milhões de judeus no holocausto.
Por conta do período histórico em que muitas ditaduras foram instaladas, os governos tiranos foram comparados pela forte relação com a ditadura. No mundo árabe, por exemplo, Saddam Hussein chamou atenção pelo governo tirano e ditatorial, entre 1979 e 2003. Foi considerado um ditador megalomaníaco.
Na Líbia, Muamar Kadáfi foi o tirano mais conhecido. Enquanto isso, Idi Amin Dada ganhou atenção pelas ações cruéis em Uganda, na África.
A tirania no Brasil
A tirania no Brasil pode ser observada, especialmente, durante a Ditadura Militar, ocorrida no dia 31 d março de 1964. Naquela época, o presidente Jango estava no poder, tendo sido eleito de forma democrática. Porém, com o golpe militar, o general Castelo Branco assumiu o poder, instalando o período ditatorial no Brasil por 21 anos.
Durante todos esses anos, várias foram as ações, chamadas de atos institucionais, que colocaram os direitos civis e a liberdade individual por terra. O primeiro ato, conhecido como AI-1, colocou fim nas eleições diretas, por exemplo.
Em seguida, veio o AI-2, fechando todos os partidos políticos que existiam e estabelecendo o bipartidarismo no país. A partir disso, ficaram a Aliança Renovadora Nacional (ARENA) e o Movimento Democrático Brasileiro (MDB) como os principais partidos políticos.
O Ato Institucional nº5, aliás, foi estabelecido com a ordem de fechamento do Congresso. Além disso, o estado de sítio foi decretado, mandatos de prefeitos e governantes foram cassados e a realização de reuniões foi proibida.
Tudo isso, portanto, deixou a Ditadura Militar no Brasil marcada pela extrema violência, controle social e anulação da liberdade individual.
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Fontes: Politize, Brasil Escola e Info Escola
Imagens: Jornal GGN, Aventuras na História, Mega Curioso, Aventuras na História,