Em 1945, George Orwell, publica, na Inglaterra, o livro “Revolução dos Bichos”. Embora, na época tenha sido rejeitado por várias editoras. Além disso, Orwell é o autor do clássico “1984”. Em suma, a obra traz um grupo de animais de uma fazenda que tomam o poder dos donos humanos, organizando um regime igualitário e justo. Entretanto, a harmonia na fazenda é ameaçada por dois porcos totalitários.
Como resultado disso, a Revolução dos Bichos é um sarcasmo áspero das práticas do ditador Joseph Stálin e da história da União Soviética. O que, aliás, foi feito por um socialista democrático crítico ao regime implantado pela Revolução Russa. E, com certeza, traz aos leitores vários ensinamentos e lições.
Além disso, o livro aborda a fraqueza humana, o poder, a manipulação e os regimes políticos. Ademais, para completar, a Revolução dos Bichos nos leva à figuras históricas, criadas pelo autor por trás de cada animal. Por exemplo, Napoleão (sendo Stálin) e Bola-de-neve (sendo Trotsky).
Por fim, George Orwell traz a tona a animalização dos homens, utilizando os animais como atuantes de política. Além disso, a Revolução dos Bichos é escrita em uma linguagem simples e com discurso direto, ficando evidente as falas dos animais.
Agora, confira um resumo da obra:
Resumo
Primeiramente, a obra Revolução dos Bichos tem como cenário principal um galpão, uma espécie de granja. Onde, aliás, os animais discutiam sobre uma sociedade ideal e mais justa, que eles almejavam. Com isso, eles pensaram em uma forma de se rebelarem contra o dono da fazenda, Senhor Jones, elaborando um plano. Por sua vez, o fazendeiro, dono da granja, era um homem de temperamento difícil. Geralmente, explorava os animais e os deixava passar fome.
Com isso, o Major Porco criou uma revolução, um plano que tiraria o Sr. Jones da fazenda e traria uma convivência mais justa entre os animais. Perceba que na Revolução dos Bichos os porcos são tidos como os mais inteligentes, os que sabem ler e escrever, os que lideravam.
Entretanto, no início do livro o Major Porco morre e deixa seus conhecimentos para seus amigos. Por mais que a maioria dos animais concordassem com essas ideias, no desenrolar da história começam a surgir controversas e outras opiniões entre todos os animais.
O golpe
Assim, um dos líderes da revolução, o porco Bola-de-neve, deseja realizar a construção de um moinho, o porco Napoleão não concorda. Logo, Napoleão adquire uma postura autoritária e manipuladora, convencendo a todos os animais que Bola-de-neve é um traidor. Com isso, gerou um golpe e ainda com corrupção, onde Bola-de-neve foi expulso da granja.
Quando Napoleão toma o poder, fica claro suas práticas autoritárias. Além disso, sempre estava escoltado por cães raivosos. Assim, seu egoísmo e totalitarismo o leva ao poder. Neste contexto, ele coloca os animais para trabalharem como escravos, controlando a comida. E para completar, construiu o moinho. Certamente, percebemos o golpe, onde as ideias iniciais de uma sociedade justa tornaram uma falácia.
Aqui começa uma exploração de animais com animais. Apesar do plano principal ser o crescimento e desenvolvimento da granja, e o afastamento de humanos. Napoleão mantém contato com um ser humano, que fica como seu advogado.
Além disso, os materiais utilizados tinham que ser obtidos fora da granja. Por meio de comércio com outros lugares. Com o decorrer da trama, os porcos resolvem ir habitar a antiga casa do Sr. Jones e percebem a diferença de qualidade de vida. Sem dúvidas, aqui começam outras discussões, questionamentos e indignações.
No fim da história, alguns porcos acabam sendo mortos acusados de serem cúmplices do Bola-de-neve. No entanto, os que sobreviveram passaram a andar com as quatro patas e o restante dos animais foram sumindo da granja.
Confira as 5 lições que a Revolução dos Bichos nos traz:
1. O título de uma obra pode ser um spoiler
Em inglês, o livro “Revolução dos Bichos” é “Animal Farm”, que, por sua vez, significa “fazenda dos animais”. O fato é, não deixa nenhuma mensagem de que a obra se trata de uma revolução.
Contudo, as editoras de Portugal traduziram para “A quinta dos animais”, o que “quinta” quer dizer fazenda. Além disso, fizeram a versão “O triunfo dos porcos”.
Por mais que existam inúmeras versões do título da obra, houve um apelo por parte dos portugueses. Basicamente, é complicado encontrar alguém que compre uma obra cujo título remeta à uma guerra civil em um chiqueiro. Entretanto, mesmo o título pouco revelador do livro original, não impediu a obra se tornar um clássico mundial.
2. Relacionamentos diplomáticos e militares não são formados a partir de ideias, e sim em ganância
George Orwell foi militar durante a Guerra Civil Espanhola, que foi um test-drive para a Segunda Guerra Mundial. Basicamente, foi lá que ele presenciou de perto todo o terror do regime de Stálin e que não tinha nada relacionado com o socialismo democrático, em que se tinha esperança.
Para completar, o casamento entre Inglaterra e União Soviética para combater Hitler, gerou uma enorme propaganda midiática para mudar a imagem da URSS na visão britânica. A princípio, toda essa propaganda para tampar o massacre socialista (trabalho forçado, fome e mais de 60 milhões de soviéticos mortos) era para expor que vinha de uma invenção nazista, justificando a aliança. Contudo, mal sabiam que anos depois essa aliança política acabaria, se tornando inimizade durante a Guerra Fria.
Na época, Orwell trabalhava na BBC, pediu demissão para poder publicar tudo que presenciou. Embora, publicasse em forma de uma fábula distópica.
3. Música e literatura caminham juntos
A Revolução dos Bichos deixou ensinamentos para todos os tipos de pessoas, leitores e muitos cantores. Só para lembrar, Pink Floyd gravou um álbum inspirado no livro, chamado “Animals”. Mas também, em 1987, o cantor R.E.M. escreveu a música “Disturbance at the Heron House”, inspirado no livro. Para completar, foi bem na véspera do anúncio de que o conservador George Bush se candidataria à presidência.
O grupo The Clash usou imagens de uma animação inspirada na obra literária, na capa de um álbum; levando o nome de English Civil War. Sem falar da música “optimistic” que trazia em vários versos o termo “radiohead”.
4. Liberdade de expressão e guerra não andam juntos
Durante a Segunda Guerra Mundial não houve censura legitimada. Entretanto, o pavor de discordar da aliança criada entre URSS, Inglaterra e EUA gerou uma autocensura. Basicamente, nenhum jornal ou meio de comunicação ousou publicar algo que ameaçasse a visão positiva dessa relação diplomática.
George Orwell chegou a publicar em um artigo para a revista Partisan Review que “agora é impossível imprimir qualquer coisa que se oponha demais à Russia. Livros contrários à Russia aparecem por aí, mas a maioria é de editoras católicas e tem um ponto de vista religioso no cenário”.
5. Força física sem conhecimento político não serve para nada
Após observar que o homem consegue dominar os animais, pois eles apesar de mais fortes não têm consciência de que estão sendo controlados, Orwell escreveu sua fábula heterotópica. Basicamente, ele quis mostrar que era semelhante a relação entre patrão e proletariado.
Assim, ele quis provar que após a revolução, o socialismo poderia ser deturpado. Usando a inversão de papel entre ser humano e animal, confrontando com a organização de trabalho e o capitalismo. Uma completa aula de história!
E então, gostou dessa matéria? Então venha conhecer essa: Socialismo utópico, o que é, quais suas ideias e seus filósofos
Fontes: Revista Galileu e Toda Matéria
Bibliografia:
- ORWELL, George. A revolução dos bichos: um conto de fadas. São Paulo: Companhia das Letras, 2007. 152 p. Tradução de Heitor Aquino Ferreira.
- VAIANO, Bruno. 5 lições que “A Revolução dos Bichos” nos ensinou. 2016. Sob supervisão de Nathan Fernandes. Disponível em: https://revistagalileu.globo.com/Cultura/noticia/2016/08/5-licoes-que-revolucao-dos-bichos-nos-ensinou.html. Acesso em: 13 nov. 2019.
- DIANA, Daniela. A Revolução dos Bichos. [20–]. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/a-revolucao-dos-bichos/. Acesso em: 13 out. 2019
Fonte da imagem: Jornal Opardal