Provavelmente, você já deve ter pensado que Hong Kong é um país que fica próximo a China, não é? Mas sabia que, na verdade, a região é uma cidade localizada no sudoeste chinês? Isso mesmo, a cidade é uma das regiões denominadas de RAEs. Ou seja, são regiões que possuem autonomia política e econômica sem a influência da China.
Isso é possível por conta do sistema político chinês, denominado “Um país, dois sistemas”. O sistema político foi adotado como forma de manter, mesmo que com sistemas políticos diferentes, as cidades chinesas unidas. No caso de Hong Kong, nem mesmo a moeda utilizada é a mesma dos chineses. A cidade utiliza o Hong Kong Dólar, ao invés da moeda chinesa yuan.
De forma geral, os honconguêses possuem estilo de vida bem diferente dos chineses. Isso porque a cidade foi colônia inglesa até 1997. Além disso, a internet na região não é censurada, como ocorre em outras cidades chinesas. Por conta das diferenças, para visitar a cidade, os chineses necessitam de passaporte e visto.
Mas, afinal, quais são as características que definem a cidade? Vamos te contar!
História de Hong Kong
Para entender o modo como os honconguêses vivem e a dinâmica política que rege a cidade, é necessário adentrar um pouco na história. Antigamente, a região era ocupada por chineses pesqueiros, desde a era neolítica.
O local era utilizado também como refúgio para piratas e pessoas que contrabandeavam ópio. Durante o século XVII, por exemplo, a cidade foi palco dos conflitos entre as dinastias Ming e Ping.
O território, como parte da China, foi cedido à Grã-Bretanha em 1842, pelo Tratado de Nanking. Enquanto a Guerra do Ópio ocorria, novos acordos territoriais foram organizados e, na Segunda Guerra do Ópio, os territórios chineses de Kowloon e sa ilha de Stonecutters também foram entregues aos ingleses.
Dessa forma, a região foi crescendo, sendo lugar de asilo para vários chineses que buscavam abrigo durante o estabelecimento da República da China, que ocorreu em 1912. Anos mais tarde, em 1937, o território inglês foi novamente local de refúgio para os chineses que fugiam dos conflitos da Guerra entre China e Japão.
Em 1945, ano em que ocorria a Segunda Guerra Mundial, a região de Hong Kong foi utilizada pelos japoneses. O Japão utilizou o território para servir como base das tropas militares japonesas durante os conflitos. Nesse sentido, os ingleses apenas recuperam o território quando os japoneses se renderam de forma incondicional, ainda em 1945.
Outro fator histórico contribui para que chineses fossem, novamente, para a região dos hoconguêses buscar refúgio. Foi a guerra que ocorria em 1949, entre nacionalistas e comunistas.
Já em 1950, quando as duas Coreias declararam guerra, as atividades comerciais vindas da China foram proibidas pelos Estados. O fato influenciou negativamente no crescimento econômico de Hong Kong.
O início do crescimento
O desenvolvimento de Hong Kong foi proporcionado pela constante migração de chineses que fugiam dos conflitos armados. Assim, a indústria manufatureira, principalmente, ganhou mão-de-obra barata para que as atividades comerciais crescessem. Por conta do desenvolvimento econômico, a cidade logo se tornou uma das regiões mais ricas e com produção elevada da Ásia.
A região ainda recebeu muitos refugiados do Vietnã na década de 1980, quando ocorria a Guerra do Vietnã. Em 1982, a soberania inglesa sobre o território honconguês já começava a dar indícios do fim. A partir disso, China e Grã-Bretanha iniciaram uma série de acordos que colocavam em jogo o futuro de Hong Kong.
No dia 19 de dezembro de 1984, em Pequim, foi assinado a Declaração Conjunto entre chineses e ingleses. A declaração, por sua vez, definia que a China não influenciaria politicamente no sistema de Hong Kong, tendo estabelecido a política de “um país, dois sistemas”.
Assim, o acordo de não interferência foi assinado com prazo de 50 anos, com previsão para acabar em 2047. Neste caso, a China teria poder sobre os honconguêses apenas na política exterior e na defesa do território. Porém, em 1989, China e Grã-Bretanha começaram a se desentender e os ingleses não aceitaram uma renegociação sobre a Declaração Conjunta, que haviam assinado com os chineses.
Dessa forma, foi aprovada, em 1990, uma lei que estabelecia novas formas de governo em Hong Kong. A lei ficou conhecida como Lei Básica e dava permissão, por exemplo, para que vagas no Conselho Legislativo fossem eleitas, antes mesmo da independência. Assim, oficialmente, em 1997, a cidade de Hong Kong foi passada à China como Região Administrativa Especial.
Hong Kong nos dias atuais
Atualmente, Hong Kong é uma Região Administrativa Especial da China. Assim, a cidade possui o próprio sistema econômico, a moeda diferente da China e próprias leis de imigração.
Além disso, a cidade é formada por uma alfândega, consegue fazer negociações de tratados, como tráfego aéreo e aterrissagem de aviões. As regras de trânsito são, também, delimitadas pela própria cidade.
Uma das características que mais diferem Hong Kong de outras cidades chinesas é a liberdade de imprensa. Ou seja, o governo chinês não tem autonomia para censurar a corrente de informações na cidade. Dessa forma, Hong Kong se tornou um dos pontos turísticos, comerciais, industriais e financeiros mais relevantes do mundo.
Por conta do acordo assinado em que a China não interferiria politicamente em Hong Kong, alguns protestos têm tomado as ruas da cidade. Isso porque o acordo, com prazo de 50 anos, estreita a cada ano as relações da China com a Região Administrativa Especial. Assim, o governo chinês tenta, de forma lenta, adentrar nas decisões da cidade.
Aspectos geográficos de Hong Kong
Hong Kong é uma cidade montanhosa, formada por grande área verde, sendo considerada uma das cidades mais verdes em todo o continente asiático. Por conta disso, é possível encontrar parques e reservas, enquanto 25% da área territorial é ocupada por prédios, templos, comércio, etc. Assim, grande parte do desenvolvimento econômico da cidade está localizado na Península de Kowloon.
A densidade demográfica de Hong Kong é de 6.300 pessoas por cada quilômetro quadrado. A população estimada é 7 milhões de habitantes, distribuídos numa área territorial de 1104 km². A língua falada na região é cantonês, além do mandarim, língua nacional; e o inglês. Grande parte das pessoas vive em flats e arranha-céus.
Hong Kong ainda faz parte do bloco econômico APEC – Asia-Pacific Economic Cooperation. De forma geral, o tratado internacional estabelece livre comércio no Pacífico e engloba países asiáticos, além de americanos e da Oceania. Devido ao grande desenvolvimento econômico, Hong Kong faz parte dos quatro Tigres Asiáticos, junto de Cingapura, Coréia do Sul e Taiwan.
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Fontes: China Vistos, Kml Destinations, História, Socientifica, Geografia da Vida e Info Escola.
Imagens: Estudo Prático, Ensinar História, Aventuras na História, Plataforma Média, Brasil de Longe e Cabeça pra Baixo.