Filósofos como Platão, por exemplo, acreditavam que o conhecimento dos seres humanos dava-se de forma inata. Ou seja, por sermos seres racionais, o conhecimento era algo que já nascia com a pessoa. Entretanto, filósofos como Thomas Hobbes e John Locke acreditavam que, na verdade, o conhecimento era adquirido por meio de experiências, sendo, assim, denominado de empirismo.
Dessa forma, o empirismo representa uma corrente de pensamento filosófica que está ligado à teoria do conhecimento. O primeiro a pensar sobre a questão da experiência como forma de desenvolver conhecimento foi Aristóteles que, inclusive, contrariava as ideias de Platão. A termologia da palavra “empirismo” vem do grego empeiria e significa experiência.
Os ideais empiristas surgiram, então, como forma de contrapor o que os racionalistas pensavam a respeito do conhecimento. Para os racionalistas, por exemplo, o conhecimento era adquirido de forma puramente racional onde a experiência não tinha nenhuma relação. Sendo assim, os racionalistas eram inatistas, ou seja, acreditavam que o saber já fazia parte do intelecto humano.
Características do empirismo
De forma geral, as ideias empiristas baseiam-se no conceito de que o conhecimento é adquirido por meio de experiências. Dessa forma, quanto mais vivência o ser humano tiver, mais conhecimento terá na bagagem. A cognição depende, então, da experiência prática que preza pelas ricas e intensas vivências.
O conhecimento por meio da experiência já era algo defendido por Aristóteles, por exemplo. Na época, o filósofo contrariava as ideias de Platão, outro filósofo que acreditava no racionalismo como forma de obter conhecimento. Ou seja, o que Platão defendia era o inatismo, ou seja, o conhecimento como parte do intelecto dos seres humanos.
Para John Locke – filósofo inglês e um dos principais representantes do empirismo britânico – acreditava que o ser humano era como uma tábula rasa. Ou seja, naquela época as pessoas utilizam a tábula para escrever e, quando não tinha nada escrito, o instrumento era chamado de tábula rasa.
Atualmente, podemos comparar a tábula com uma folha branca. Assim, quando a folha está sem nada escrito, significa as experiências ainda não foram vivenciadas. Logo, quanto mais preenchida for essa folha, maior será a bagagem de conhecimento. Além de John Locke as ideias empiristas eram defendidas por filósofos como Francis Bacon e David Hume, todos pensadores britânicos.
Classificação das ideias empiristas
Para o filósofo Hobbes, que baseava-se nos estudos que haviam sido desenvolvidos por Aristóteles, o conhecimento era despertado por diferentes categorias. Ou seja, ele acreditava que a sensação, a imaginação, a percepção, a memória e a experiência eram formas de classificar os tipos e formas do conhecimento. Neste caso, a sensação seria a primeira etapa do processo, no qual abre espaço para a percepção.
Com a percepção, ativa-se a imaginação, já que só podemos imaginar algo que temos ideia mínima de conhecimento prático. A partir da imaginação, ativa-se o campo da memória. A memória, nesse sentido, representa o conjunto de todos os saberes adquiridos ao longo da vida, sendo, assim, denominado de experiência.
Enquanto isso, o filósofo Bacon foi o primeiro teórico a desenvolver os conceitos de método filosófico e as características do método científico da indução. Chamado, também, de método indutivo, o conhecimento seria adquirido por meio da prática intensa de repetição das experiências. Dessa forma, a indução advém da observação baseada em métodos.
Outro filósofo que defendia as ideias empiristas era Hume, que acreditava que as ideias não eram inatas. Ou seja, para o filósofo, adquirimos as ideias, ou seja, o conhecimento, através de sensações e percepções que vivenciamos ao longo da vida. Dessa forma, o grau de conhecimento determina-se pelo nível e intensidade que o conjunto de sentidos atribui às experiências.
Empirismo x Racionalismo
Assim como o empirismo, o racionalismo é uma corrente filosófica que defende o conhecimento como algo inato ao ser humano. Assim, filósofos, como Platão, apresentaram essas ideias ainda na Antiguidade. Outros filósofos, como René Descartes e Baruch de Spinoza, também acreditavam que a racionalidade era algo inato ao ser humano, já que somos seres racionais.
Para Descartes, inclusive, a racionalidade está inserida em todos os seres humanos. Porém, o que ocorre, é que algumas pessoas fazem uso da razão, enquanto que outras, não o fazem. Assim, quando o empirismo surgiu, contrariou todas as ideias sobre conhecimento adquirido por meio da razão. Isso porque, os filósofos empiristas acreditam que o conhecimento só poderia ser obtido por meio de experiências.
Por fim, o empirismo defende que existem duas formas de ideias, as simples e as compostas. Ou seja, as ideias simples representam o conhecimento adquirido por meio da experiência imediata, corriqueira. Assim, temos conhecimento de objetos do mundo, como o cavalo e o homem, por exemplo. Já as ideias compostas são a junção de duas ou mais ideias simples.
Nesse sentido, a junção de duas ou mais ideias simples compõem características de objetos que não existem no plano material, como no caso do centauro. O centauro, neste caso, é a junção da ideia de homem com a ideia do cavalo.
Filósofos dessa corrente
Os principais nomes da teoria empirista foram:
- Thomas Hobbes – o filósofo inglês acreditava que o conhecimento advinha da experiência, sendo constituído por diferentes graus. Neste caso, os níveis se intercalam e se ativam, como a sensação, a percepção, imaginação e a memória;
- John Locke – defendia que o conhecimento era como uma tábula rasa, ou o papel em branco. Ou seja, quanto mais experiências o ser humano vive, mais conteúdo terá para preencher a folha;
- Francis Bacon – foi o primeiro teórico a demonstrar os conceitos do método filosófico e do método indutivo, baseado na repetição constante por meio da observação;
- David Hume – o filósofo defendia que o conhecimento é fruto do conjunto de experiências que cada ser humano adquire ao longo da vida. As vivências moldam a forma como enxergamos o mundo.
Além dos nomes já citados, outros filósofos também ficaram conhecidos na corrente empirista, como:
- Aristóteles
- Alhazen
- Avicena
- Guilherme de Ockham;
- George Berkeley;
- Hermann von Helmholtz;
- IbnTufail;
- John Stuart Mill;
- Leopold von Ranke;
- Robert Grossetest
- Robert Boyle.
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Fontes: Mundo Educação, Brasil Escola e Toda Matéria
Bibliografia:
- HUME, David. Investigações sobre o entendimento humano e sobre os princípios da moral. Tradução de José Oscar de Almeida Marques. São Paulo: Editora UNESP, 2004.
- GALLO, Sílvio. Filosofia – Experiência do Pensamento. São Paulo: Editora Ática, 2017.
- BELO, Renato dos Santos. 360° Filosofia – História e Dilemas – Empirismo. São Paulo: Editora FTD, 2015.
Imagens: Diferença, Revista Galileu, Ideias Radicais, Medium e Biblioteca Libertária