Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) relativos ao terceiro trimestre de 2020 mostram que o desemprego no Brasil alcançou uma taxa de 14,6% ao fim de setembro, o que afeta mais de 14 milhões de pessoas. O número representa um aumento de três pontos percentuais em relação ao primeiro trimestre de 2020.
Índices como esse estão sempre presentes em sites de notícias, telejornais e aplicativos. Mas você sabe realmente o que significa alguém estar desempregado? Quem realmente faz parte desse conceito, de acordo com a economia? Quais tipos e principais consequências?
O que é desemprego?
O conceito de desemprego abrange aqueles que estão aptos a trabalhar, ou seja, possuem idade para isso, porém por alguma razão, não estão. No senso comum, desempregado é aquele que não trabalha no atual momento.
Porém, de acordo com alguns economistas, essa definição envolve também aqueles que estão procurando emprego e que ainda não conseguiram. Gregory Mankiw é economista e autor do livro Introdução à Economia. Ele divide a população em três grupos: os empregados, desempregados e fora da força de trabalho.
Os empregados são aqueles que ofertam sua mão de obra, disponibilizam tempo e recebem por isso; os desempregados são tanto os que foram demitidos temporariamente quanto os que procuram emprego ou estão esperando iniciar em um novo.
Já os fora da força de trabalho, são aqueles que não oferecem sua mão de obra e não recebem por isso. São os estudantes, aposentados, donas de casa e aqueles que desistiram de procurar emprego, que recebem o nome de desalentados.
Por sua vez, o IBGE considera desempregada a pessoa que possui acima de 14 anos e que não trabalha, estando ou não à procura de emprego.
Falando nisso, no dia a dia, utilizamos muito o conceito de trabalho como sinônimo de emprego, o que são termos diferentes.
Ou seja, trabalho significa qualquer atividade que o ser humano realiza no seu cotidiano, enquanto o emprego é a atividade em que o indivíduo vende sua força de trabalho em troca de dinheiro.
Como é mensurado?
Primeiramente, devemos entender que fazem parte das estatísticas sobre emprego e desemprego apenas aqueles que configuram a População em Idade Ativa (PIA). Essa definição é formada por todos que estão em idade apta a exercerem algum tipo de trabalho.
Nesse sentido, a PIA divide-se em dois grupos: A População Economicamente Ativa (PEA) e a População Não Economicamente Ativa (PNEA). A PEA engloba as pessoas maiores de 10 anos e que podem trabalhar, independentemente se estão ou não no momento. Ela subdivide-se em População Ocupada (PO) E População Desocupada (PD).
A PO envolve todos os empregados com carteira assinada, autônomos, empregadores e todos os outros que exercem atividades sem remuneração por, no mínimo, 15 horas por semana. Enquanto isso, a PD inclui aqueles que não trabalham, mas que querem trabalhar e procuraram emprego nos últimos tempos.
Da mesma forma, a PNEA é composta por pessoas que não trabalham devido a alguma deficiência que impeça a realização das tarefas, bem como por aqueles que não querem trabalhar, além dos desalentados.
A fins de pesquisa, o IBGE considera como desempregado aquele que procurou emprego a, no máximo, um mês antes da realização da pesquisa. Quem procurou em mais tempo, se classifica como desalentado, entrando como parte da PNEA.
Causas do desemprego
O desemprego é causado a partir do fechamento de um posto de trabalho, sendo o principal fator dessa ocorrência a crise econômica enfrentada pelo país, que provoca um efeito cascata nas empresas. Em 2020, o Brasil perdeu mais de 11 milhões de postos de trabalho.
Tomamos como exemplo o período atual de pandemia, que paralisou as atividades e fechou as portas de muitos comércios pelo Brasil.
Muitos comerciantes e donos de estabelecimentos se viram em uma situação de vulnerabilidade ao não terem renda para pagar as contas e sustentar a família. Dessa forma, o dono não conseguiu pagar despesas básicas como aluguel do estabelecimento e energia e, consequentemente, teve que demitir seus funcionários.
Somado a isso, aumenta a taxa de informalidade do cidadão, que abandona a procura por trabalho com carteira assinada para trabalhar como autônomo ou Micro Empreendedor Individual (MEI). A última pesquisa do IBGE concluiu que 38,4% dos brasileiros estão na informalidade atualmente.
Essas são apenas algumas das situações que aumentam a taxa de desempregados no país. A redução de custos e a falta de profissionais qualificados para assumirem as vagas, que implica na desvalorização da mão de obra humana, também transforma as rotinas de produção.
Isso quer dizer que o trabalhador é obrigado a se adaptar ao acúmulo de funções e a automação do processo básico de trabalho, uma vez que as máquinas passam a trabalhar como substituta.
Tipos de desemprego
Dessa forma, e diante de tantas variáveis, é preciso entender quais são os principais tipos de desemprego.
O primeiro é o desemprego sazonal, determinado por condições climáticas ou mesmo sociais, como na agricultura (épocas de plantio e colheita) ou em função das datas comemorativas, como Dia das Mães, embora neste último caso geralmente haja a contratação temporária de funcionários.
O segundo tipo é o desemprego cíclico, muito comum, pois ocorre em razão de crises econômicas e/ou políticas. Nesse caso, a recessão da economia obriga empresas a enxugar seus gastos e demitirem seu pessoal, como tem ocorrido durante a pandemia.
O terceiro tipo é o desemprego friccional, causado pelo próprio empregado que sai do emprego em busca de novas oportunidades e uma recolocação profissional. Contudo, ocorre de o indivíduo demorar um tempo até conseguir uma nova função.
A última classificação é o desemprego estrutural, no qual a empresa demite o funcionário por conta de um processo de reformulação profissional, com a adoção de novas estratégias e modos de produção.
Em outros fatores, como a atualização do conhecimento, a idade e a desvalorização pessoal, também influenciam na renovação do quadro de funcionários.
Consequências e importância do tema
Altas taxas de desemprego afetam diretamente o cotidiano de uma sociedade. Diante de um sistema capitalista como o atual, a falta de dinheiro, gerada pela ocupação profissional, diminui o consumo e enfraquece a economia como um todo.
Ademais, mais pessoas sem renda significa um aumento das desigualdades sociais. Sem dinheiro, muitas famílias são obrigadas a sobreviver com praticamente nada, o que representa um profundo desgaste social, econômico e político. Isso também representa a fuga de potenciais empresários que desistem de investir e gerar prosperidade em determinada região.
Por último, é essencial falar sobre a redução da qualidade de vida, que implica em problemas físicos de saúde e, sobretudo, mentais. Pessoas sem trabalho têm maior tendência a apresentarem ansiedade, baixa autoestima, desânimo, mudanças de humor e diversos outros fatores.
Em suma, e diante de tudo que foi exposto, falar sobre desemprego é manter-se atualizado sobre a economia da sua região ou do seu país.
Informar-se sobre o mercado de trabalho, os índices de produção, a oferta de vagas e outros assuntos ajudam a entender como funciona a estrutura do local e a entender fatores primordiais que influenciam diretamente em seu cotidiano.
E aí, gostou? Então, siga com a gente e saiba mais sobre o Dia do Trabalho.
Fontes: Mundo Educação, Brasil Escola, André Bona, Por quê, G1
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