As causas da Revolução Francesa, divisor de águas entre o fim da Idade Moderna e o começo da Idade Contemporânea, foram tão determinantes que, como resultado, trouxeram um novo panorama político, cultural e social para a França.
A revolta popular, que aconteceu em 1789, resultou no fim da monarquia e impôs, também, o fim do período conhecido por Absolutismo. Dessa forma, a Igreja se via cada vez mais enfraquecida e a aristocracia chegava aos seus últimos dias.
Todavia, para assimilar as causas da Revolução Francesa, é necessário entender alguns fatores sociais, políticos e econômicos anteriores à revolução que aconteceu na França de Luís XVI.
Causas da Revolução Francesa
A Revolução foi um processo que se enraizou na população francesa e foi crescendo aos poucos, culminando em todo o motim posterior. Todavia, foi um acontecimento que não se deu da noite para o dia, sem um aviso sequer.
Entretanto, nenhuma autoridade francesa estava preparada para tamanha mobilização nacional. Desavisados, monarquia e clero viram o povo insurgir, levando à tona todo o ideal filosófico implantado anos antes da revolta.
Dessa forma, o panorama francês era desanimador e costuma-se enumerar quatro causas da Revolução Francesa: o advento das ideias iluministas; a influência econômica da participação e interesse da França na Revolução Americana; a desigualdade social e a crise econômica que gerou fome e mortes.
Iluminismo: fim do poder absoluto e divino do Rei
Também conhecido como o Século das Luzes, o século XVIII foi um período em que a forma de pensar sofreu mudanças. As pessoas na Europa passaram a tratar o conhecimento de uma outra forma, resultado da influência de uma corrente de pensamento que depois se tornaria muito famosa pelo mundo inteiro.
O Iluminismo surgiu no começo do século e seguiu influenciando pensadores e até a própria burguesia, sendo uma das causas da Revolução Francesa. Defendia, dentre outros valores, o humanismo e a razão.
Todavia, os princípios iluministas colocavam o ser humano e a busca pelo conhecimento científico como toda a razão das quais a sociedade deteria poder e basearia as suas decisões.
Não havia mais o pensamento absolutista da época. Dessa forma, o Iluminismo defendia, também, que tampouco a crença religiosa seria uma justificativa para a escolha do rei e suas estruturas de poder.
A Imprensa e os tipos móveis favoreciam a propagação das ideias iluministas que viajavam a Europa em gazetas e folhetins. Os principais intelectuais que aderiram à esta corrente de pensamento foram os franceses Voltaire, Jean-Jacques Rousseau e Montesquieu.
Itália, Alemanha e Inglaterra também foram primordiais neste período, justamente por revelar nomes como o do inglês John Locke, conhecido como o Pai do Liberalismo e de suma importância para a época.
A França e a Revolução Americana
Durante a segunda metade do século XVIII, uma série de revoluções e revoltas marcaram a Europa e a América.
Entretanto, a revolução das colônias americanas era a mais notável de todas e lutava pela independência dos britânicos. Deste modo, e por esta motivação, também se transformou em uma das causas da Revolução Francesa.
Nesse ínterim, como a Inglaterra era uma das potências que poderiam ameaçar a França naquela época, o rei Luís XVI resolveu apoiar George Washington e enviou tropas para ajudar na batalha de independência sobre o império britânico.
Entretanto, mesmo contando com certo apoio da população, a ajuda acabou custando bastante aos cofres franceses, trazendo prejuízo e dívidas.
Assim, o rei se viu obrigado a fazer aumentos de impostos entre 1770 e 1780, atenuando cada vez mais o cenário de crise econômica por qual passava a França.
A desigualdade social
A França era uma monarquia absolutista governada Luís XVI, que tinha poder absoluto em uma sociedade francesa completamente fragmentada em grupos sociais que detinham maiores privilégios em desvantagem a outros.
A sociedade era composta por três grupos. O Primeiro Estado era formado pelo clero, que detinha 20% das terras francesas, além de ouro. O Segundo Estado era representado pela privilegiada nobreza – detentora de títulos e influência.
Finalizando, havia o Terceiro Estado, que era composto pela burguesia emergente. Completavam ainda este estágio social, os trabalhadores e os camponeses, que juntos representavam 80% da população francesa à época.
Dessa forma, tamanha divisão social gerou desigualdade social. Clero e nobreza eram donos de grandes privilégios e tinham vida confortável. Eram isentos de impostos e a nobreza poderia até cobrar impostos feudais em suas terras.
Como resultado disso, o resto da população estava entregue à própria sorte e se via em uma vida desamparada. Deste modo, a desigualdade gerada entre estes segmentos da sociedade francesa foi de proporções enormes.
Causas da Revolução Francesa III – crise econômica
A nobreza francesa estava em uma posição ruim e explorou o povo francês ocupando cargos públicos, antes reservados à classe média, e aumentando impostos feudais sobre os camponeses.
Todavia, essa exploração deu origem à uma crise econômica, que trouxe aumento da inflação e do custo de vida. Para completar, a França teve problema com o abastecimento de alimentos, resultado de duas colheitas ruins em 1788 e 1789.
Além disso, o rigoroso inverno fez com que a população se visse desabastecida e com fome, uma vez que os mais pobres não podiam comprar alimentos.
Nesse sentido, vale ressaltar também que a crise econômica foi resultado de gastos excessivos do governo francês, que gastava 20% a mais do que arrecadava durante aquele período.
Sem saída, o rei se viu obrigado a convocar a Assembleia dos Estados Gerais para debater possibilidades e soluções para que o país conseguisse se sair melhor no meio da crise.
Este evento foi considerado o momento favorável, em que a França conseguiu reunir todas as condições necessárias para que o novo processo revolucionário tivesse início em todo o território.
Fontes: Politize!, Brasil Escola, História do Mundo
Imagens: Biblioteca Fernando Pessoa, Beduka, Causa Operária, Info Escola, Guia do Estudante