Canal de Suez, o que é? Características, construção e política

O Canal de Suez é uma abertura artificial que foi construída em 1869 para facilitar o comércio entre os continentes da Europa e Ásia.

Canal de Suez

O Canal de Suez é uma abertura artificial que foi construída em 1869 para facilitar o comércio entre Europa e Ásia. Assim, ele conecta os mares vermelho e mediterrâneo, pertencendo hoje ao território egípcio. 

Em síntese, o Canal de Suez possibilita a comunicação marítima entre a Europa e Ásia e está também próximo à costa europeia. 

Hoje ele é uma das mais importantes rotas comerciais marítimas. Contudo, já foi alvo de guerras imperialistas e também de levantes nacionalistas. Basicamente, esta hidrovia possui, aproximadamente, 193 km.

Localizado na península do Sinai, faz do Egito um portal de ligação entre o oriente e ocidente. A propósito, uma grande importância que se pode relacionar a esse canal é o fato das embarcações não precisarem contornar a África até o cabo da Boa Esperança, o que encurta 7 mil Km.

Importância do canal de Suez

O Canal de Suez localiza-se próximo a duas cidades, Ismailia na parte ocidental e Suez no lado sul, onde estão os portos de Adabiya, Ain Sokhna e  Port Tawfiq.

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Contudo, vale lembrar que um dos principais produtos que passam pelo Canal de Suez é o petróleo. Assim, desde o século XIX ocorre o transporte de petróleo para a Europa, vindo do Oriente Médio.

Porém, além do petróleo, passam pelo canal vários outros produtos como, celulose, café, grãos, etc. Portanto, aproximadamente 12% do comércio global passam pelo canal de Suez. Neste sentido, a sua importância reside no trânsito de exportações vindo da Ásia para o consumo europeu.

História do canal

A intenção de construir um canal nessa região é bastante antiga. Neste sentido, havia um projeto na antiguidade denominado canal do faraó, ou canal de Neco, que visava ligar o rio Nilo ao mar vermelho por meio do rio Wadi Tumilat.

Porém, só foi concluído no período de Ptolomeu II, século III antes de Cristo. Nesse sentido, já no período da história moderna, Napoleão, com a intenção de expansão econômica da França, enviou um especialista para fornecer medições do rio Nilo.

Dessa forma, e por medições errôneas, concluiu-se que o projeto era inviável, pelo fato de haver desníveis no rio que poderiam provocar inundações.

Canal de Suez
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Contudo, em meio ao século XIX, em plena Revolução Industrial, começou-se a discutir a viabilidade de um plano de construção do canal. Assim, em 1859, as obras do Canal de Suez foram iniciadas com a Companhia Marítima do canal de Suez.

Vale lembrar que essa companhia foi fundada pelo engenheiro francês Ferdinand de Lesseps que já conhecia muito bem a região, por ter sido vice-cônsul em Alexandria já em 1832. A propósito, o canal construído iria ficar no território do Egito.

Porém, o poder comercial e acionista ficava com a França, pois detinha 400.000 ações, o Egito ficou com a menor parte, um quarto das ações, nas mãos do líder Quediva (Império Otomano), Ismail, e outra parte menor em posse da Áustria e Rússia.

A propósito, a Inglaterra não tinha participação nos negócios, o que era muito preocupante para o Império Britânico, no auge de seu capitalismo e Revolução Industrial.

A obra

O Canal de Suez foi construído no período de, aproximadamente, 10 anos. Assim, foram feitas escavações e drenagem em grande escala. Neste sentido, efetuou-se 74 milhões de metros cúbicos de sedimentos.

Dessa forma, o canal foi inaugurado em 17 de novembro de 1869. É importante lembrar que o Canal de Suez tornou-se o símbolo do avanço comercial, e do imperialismo industrial capitalista no seu aspecto de exploração humana.

Pois, em relação a um milhão de trabalhadores da construção, as condições de trabalho eram péssimas. Assim, estima-se que 130 mil trabalhadores morreram por acidente e também por doenças como catapora, hepatite, cólera e outras.

Crise de 1882

O líder do Egito Ismail Paxá, também conhecido como Ismail o magnífico, ficou em apuros por decorrência de dívidas que havia contraído. Assim, vendeu as ações do canal de Suez para a Inglaterra.

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Vale lembrar que os ingleses sempre foram os maiores usuários do canal, por ser um império industrial e também por sua conexão colonialista com a índia. Neste sentido, 80% do tráfego comercial eram britânicos.

O conflito entre Inglaterra e Egito se deu pelo fato de Ismail não ter finalizado suas dívidas. Quando foi substituído por seu filho, desencadeou-se então uma crise política relacionada ao nacionalismo egípcio. Portanto, em 1882, Ahmed Arabi, militar e líder nacionalista, organizou uma revolta nacionalista.

Contudo, foi derrotado, com o bombardeio de Alexandria pelos ingleses em setembro desse mesmo ano. Após o conflito de seis anos, foi declarada a neutralidade do Canal de Suez pela convenção de Constantinopla.

Porém, essa aparente neutralidade foi definitivamente quebrada em plena Primeira Guerra Mundial. Portanto, em 1916 foi selado um acordo entre França e Inglaterra para o domínio econômico do canal. O acordo ficou conhecido como Sykes-Picot.

Conflito de 1956

Em outubro de 1956 a coalizão Grã-Bretanha, França e Israel atacou militarmente o Egito. Desse conflito, participaram indiretamente os EUA e a União Soviética. Além disso, o conflito também trazia implicações da oposição entre árabes e judeus.

O estopim de tal conflito foi o fato do líder egípcio nacionalizar a companhia que administrava o canal. Contudo, vale lembrar que pesou nesse conflito o fator geopolítico do canal ser a via do petróleo produzido no oriente médio/ golfo Pérsico.

A passagem do canal após a Segunda Guerra Mundial foi muito estratégica devido às necessidades da reconstrução dos países europeus. Neste sentido, as ações do líder egípcio, que atingiram em cheio a  economia europeia, foram consideradas um ato de guerra, suficiente para a promoção de uma ação militar.

Guerra árabe-israelense

Esta guerra se realizou posteriormente em seis anos devido ao conflito de 1956. Assim, em 1967, aconteceu um grande conflito entre Israel e os países árabes, iniciado pela força aérea israelense.

Portanto, o conflito implicava, de um lado, Israel e de outro os países árabes – Síria, Egito, Jordânia e Iraque apoiados por Kuwait, Arábia Saudita, Argélia e Sudão.

Assim, durante o conflito, as margens do canal foram controladas por Israel e posteriormente pela ONU. O canal permaneceu fechado por oito anos e só reabriu em 1975.

Características do canal de Suez

O tamanho total do canal de Suez é de 193 km e 365 metros de largura. No entanto, a sua capacidade de trânsito é aproximadamente de 240 mil toneladas e para facilitar a flutuação dos navios sua profundidade é de 24 metros.

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O canal também liga as cidades de Suez no Mar Vermelho, à cidade de Porto Said no Mediterrâneo. Vale lembrar que o canal não possui eclusas (espécie de comporta), facilitando o tempo do fluxo de navegação.

O fato de não ter eclusa está relacionado à falta de desníveis entre os mares. Portanto, esse fato facilitou a construção e as travessias. Além disso, a construção do canal contou com os lagos: Manzala, Indah e Amargo para aumentar a capacidade de navegação.

Atualidades

Recentemente, um fato muito importante aconteceu no Canal de Suez que teve implicações geopolíticas e econômicas. O navio a serviço da empresa japonesa Shoei Kisen atolou em março de 2021.

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O cargueiro pertencia à companhia taiwanesa Evergreen que o alugou para a empresa japonesa. O cargueiro de 400 metros e mais de 200 mil toneladas ficou encalhado na diagonal em meio aos fortes ventos. Os prejuízos causados chegaram à casa de bilhões, pois o canal movimenta 10 bilhões por dia.

No entanto, em uma estranha coincidência poucos dias após o acidente com o navio, um caminhão da mesma empresa Evergreen carregando contêineres, causou um grande congestionamento na China. Isto aconteceu na via expressa Changchun-Shenzhen em Nanjing. Este fato se tornou controverso por haver suspeitas de relações entre eles.

Novo canal de Suez

Em 2015, o governo egípcio deu início às obras de expansão do canal com intuito de duplicá-lo, possibilitando no futuro o trânsito em dois sentidos diminuindo o tempo de navegação e de espera dos navios.

Portanto, o Egito investe e espera se tornar uma força econômica com geração de empregos diretos e indiretos na construção e atividades ao longo do canal. Assim, anseia pelo desenvolvimento econômico e ampliação de sua renda.

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Fontes: Brasil Escola, Mundo Educação, Café História, Aventuras na História

Imagens: Diário do Nordeste, Dreams Time, Globo, Sea News, Invest News

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