Você já se perguntou como o conhecimento é transmitido? Sabemos que pode-se adquirir um conhecimento por meio de estudos e pesquisas. Porém, existem conceitos que surgem através do senso comum. Ou seja, é um tipo de conhecimento presente no cotidiano, passado de forma contínua de geração em geração.
Dessa forma, aprende-se o senso comum por meio da observação, além de vivências e experimentações sobre o mundo. Concretiza-se no meio popular em decorrência da repetição cultural. Por conta disso, são conceitos que podem ou não ser verdadeiros.
Isso porque, o senso comum não depende de métodos científicos, pois são conhecimentos empíricos. Com isso, os conhecimentos adquiridos ao longo da vida não dependem de reflexão, como ocorre com o senso crítico, por exemplo. O senso crítico, neste caso, é um conhecimento que implica a utilização de métodos científicos, além da pesquisa.
Portanto, o que difere um senso do outro é a reflexão e a racionalização dos fatos. O senso comum se abstém de processos reflexivos, enquanto o senso crítico utiliza a inteligência para analisar informações e chegar à conclusões verídicas sobre determinado assunto.
Mas afinal, como o senso comum se caracteriza?
Características do senso comum
Uma das principais características do senso comum é que todas as pessoas podem produzir esse tipo de conhecimento. Ou seja, não é algo que depende de estudo ou formas metodológicas para concluir sobre determinado assunto. Porém, o que se obtém por meio deste tipo de conhecimento pode, ou não, ser verdadeiro.
Com isso, o que move o conhecimento comum é a opinião adquirida por meio da observação e vivência mundana. Seria, então, um tipo de conhecimento popular que não inclui regras, além de não estabelecer métodos. Quando a Filosofia surgiu, neste caso, o conhecimento começou a ser pensado de outra forma.
Ou seja, para que o entendimento popular pudesse ser mais elaborado as pessoas deveriam ir além do comum. Neste caso, era necessário deixar conceitos aprendidos com o tempo para estruturar ideias em algo mais seguro. Dessa forma, o conhecimento seria testado por meio de métodos científicos.
Antonio Gramsci foi político anarquista, além de filósofo. Assim, além dos estudos políticos, Antonio se dedicou também a estudar questões relacionadas ao conhecimento humano. Por meios dos estudos, chegou à conclusão que o conhecimento comum seria um fator positivo.
Para ele, a troca de experiência e vivência promovida por meio do conhecimento comum seria uma forma de compartilhar opiniões. Assim, é possível gerar novos conhecimentos, além de estabelecer ligação com acontecimentos anteriores. Além disso, os saberes científicos e filosóficos, para Antonio, teriam início com o conhecimento comum.
Filosofia e senso comum
Na Filosofia o senso comum é comparado, por exemplo, com o mito da caverna proposto por Platão. Neste caso, a caverna seria todas as crenças e opinião que adquirimos ao longo da vida. Assim, para chegar ao conhecimento verdadeiro, é necessário deixar as limitações e crenças impostas pela caverna.
Por outro lado, alguns pesquisadores também acreditam que o conhecimento comum é o caminho para que atitudes preconceituosas ocorram. Isso porque, o racismo, o preconceito e a xenofobia, por exemplo, são falas que baseiam-se em estruturas sociais antigas e passadas de geração em geração.
Assim, o conhecimento comum tende a estar pautado em ideias preconceituosas, além de errado e incomprovado por meio de metodologias. Porém, o conhecimento popular também agrega conceitos como as técnicas medicinais antigas. Esse saber popular não está errado, além de trazer benefícios, como a fisioterapia popular e a acupuntura.
Sabedoria popular e Ciência
Enquanto o filósofo italiano Antonio Gramsci acredita na validade do conhecimento popular, outros filósofos, como Auguste Comte defendem linhas de pensamentos diferentes. Ou seja, Auguste acredita que não podemos considerar o senso comum uma fonte de conhecimento válido.
Nesse sentido, para se chegar ao conhecimento seguro e verídico, Auguste aposta na Ciência como a melhor forma. Inclusive, coloca a Ciência como melhor caminho além da Filosofia para se atingir conhecimento. Essa visão estaria pautada, por exemplo, no positivismo.
O positivismo defende que só atinge-se a evolução social do ser humano quando deixa-se as crenças e conceitos pré-estabelecidos para trás. Assim, precisa-se substituir as formas de compreensão do mundo por formas mais atualizadas e segura, por meio de métodos.
Apesar na Ciência ser a fonte mais segura de conhecimento, o senso comum merece destaque em alguns aspectos. Isso porque, existem pesquisas – na área da Ciência – que partem de conceitos advindos da sabedoria popular. Exemplo disso são as pesquisas realizadas na área da farmacologia, que utiliza a fisioterapia popular como ponto de partida.
Exemplos de senso comum
O senso comum é uma forma de conhecimento que se estabelece por meio da repetição. São valores sociais, crenças, experiências e vivências passadas de geração em geração criando, assim, a verdade popular. Neste sentido, a ideia de conhecimento popular está presente em exemplos muito simples.
Já ouviu a frase “sexta feira 13 é puro azar!”? Associar o número 13 à eventos negativos é um conhecimento popular, ainda mais se estiver ligado à sexta feira. Porém, para algumas pessoas, o número 13 também está ligado a períodos de sorte. Dessa forma, a sabedoria popular pode ser verdadeira ou não, dependendo das crenças e conceitos estabelecidos.
Outro conhecimento popular muito conhecido é a associação entre gripe e frio. É muito comum dizer que se a pessoa sair no frio sem proteção é bem provável que ficará gripada. Entretanto, esse tipo de conhecimento popular é considerado um nexo causal falso.
Isso porque, a gripe é causada por vírus e depende muito mais do sistema imunológico de cada pessoa. O frio, neste caso, está associado à fragilidade pulmonar durante frio. Porém, esse fator não está associado, necessariamente, ao vírus da gripe.
Por fim, o senso comum também estabelece afirmações carregadas de estereótipos e transmitidas de geração em geração. Exemplo disso são afirmações como “mulheres são frágeis” ou “muçulmanos são terroristas”. São falas preconceituosas que senso comum difunde, mas que representam um nexo causal falso.
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Fontes: Stoodi, Brasil Escola e História do Mundo
Bibliografia:
- PORFÍRIO, Francisco. “Senso comum”; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/senso-comum.htm. Acesso em 12 de maio de 2020.
- LAKATOS, Eva Maria (1985). Metodologia Científica. São Paulo: Atlas. pp. 17–39.
- ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filosofia. Trad. Alfredo Bosi e Ivone Castilho Benedetti. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
Imagens: Eagoracast, Viva Arte Viva, Astropt, Hypescience e Filosofia para todos