A Primeira Guerra Sino-Japonesa aconteceu entre 1894 e 1895, quando China e Japão entraram em conflito para disputar o controle da península da Coreia.
Embora o período tenha sido tecnicamente curto, tal conflito deixou marcas nos dois países. A Terra do Sol Nascente estava com a industrialização em desenvolvimento, acompanhada de uma política com traços cada vez mais imperialista.
No final do século XIX, o Japão se encontrava em uma situação econômica bastante delicada. O país sofria, principalmente, com o excesso de população, a escassez de matérias-primas e a falta de mercados para seus produtos. Sendo assim, a opção que lhe parecia melhor, era mirar no vizinho asiático e iniciar uma disputa por terra.
A política de expansão nacionalista japonesa, também foi impulsionada pela crescente ameaça russa que se aproximava rapidamente pelo norte da China e da Coreia. Enquanto o caos tomava forma, a Coreia buscava conservar suas tradições e, ao mesmo tempo, manter a relação de privilégios com o povo chinês.
Em 1875, a China permitiu aos japoneses reconhecerem a Coreia como um Estado independente. Isto, porém, não evitou o conflito entre os países alguns anos mais tarde. O que desencadearia na Primeira Guerra Sino-Japonesa.
O cenário japonês pré-guerra
A Era Meiji foi um período de mudanças significativas para o povo japonês. O imperador Mutsuhito subiu ao poder para colocar um fim à Era Edu, a qual deixou o país marcado por uma sociedade agrária, feudal e estruturada por clãs políticos.
A chegada de Mutsuhito revolucionou o sistema político japonês. Ele extinguiu a ordenação de feudos e estabeleceu uma organização por prefeituras, as quais eram todas subordinadas ao poder central.
O Poder Legislativo foi implementado na forma de parlamento bicameral. Além disso, o imperador ainda contava com o apoio do exército e da marinha.
Dessa maneira, o Japão se concentrou em desenvolver uma indústria de base firme, aplicando novos sistemas tributários ao povo. Uma estratégia que surtiu exatamente o efeito esperado.
Em pouco tempo, a Terra do Sol Nascente prosperava na modernização dos campos políticos e industriais. Fortaleceu a economia com reformas urbanas, as forças armadas e a agricultura com tecnologia importada do Ocidente.
O Japão se modernizou, se abriu para o capitalismo internacional, tornou a economia local mais dinâmica e se destacou entre os países do Oriente. Chamando atenção, também, do Ocidente.
Foi a partir dessa transformação que o Império Japonês viu a necessidade da expansão, colocando, assim, um alvo na Coreia. Contudo, havia um empecilho no caminho chamado China. Assim sendo, a Primeira Guerra Sino-Japonesa estava cada vez mais próxima.
A relação entre China e Coreia
A Coreia era subordinada a China tempo suficiente para a relação ser tratada com naturalidade. Aquela, estava na condição de Estado vassalo, que era considerado uma região estratégica pelo fato de ser uma península aberta ao Oceano Índico.
No entanto, o que mais atraia a cobiça de outros países, dizia respeito aos produtos comerciais e matérias-primas, que contava com boa recepção.
Na situação de vassalo, a Coreia pagava impostos à China e, além de tudo, vivia às sombras da influência cultural chinesa. Algo que refletiu até mesmo na adoção do confucionismo como religião oficial do local.
Diferente do Japão, que passava por uma reestruturação evolutiva, a China sofria cada vez mais as consequências de dois conflitos: Guerras do Ópio, com o Reino Unido e a Guerra Sino-Francesa, contra a Terceira República Francesa.
Dessa forma, o país estava fraco, instável e vulnerável às investidas japonesas. E foi exatamente isso que motivou o Japão a atacar com um blefe de respeito.
O estopim da Primeira Guerra Sino-Japonesa
De forma geral, guerras não acontecem de repente. Especialmente quando grandes. Isso significa que, antes de o conflito ser oficialmente declarado, as partes envolvidas já tinham relações conturbadas.
Eventualmente, essas hostilidades chegam ao limite, é quando basta um passo a mais de qualquer um dos lados, para a guerra explodir de vez. Na Primeira Guerra Sino-Japonesa, isso ocorreu com o assassinato de Kim Ok-Kyun, um revolucionário coreano aliado ao Japão.
Kim Ok-Kyun foi morto por agentes de Yuan Shikai, em Xangai. O agente em questão, era um dos principais generais a serviço da Dinastia Qing, na China.
Entretanto, apenas a morte do agente japonês não foi suficiente. Assim, o corpo de Ok-Kyun foi enviado para a Coreia, esquartejado e exibido em praça pública. Resultado? O Japão, claro, encarou o ato como uma afronta mais que direta. Assim sendo, no dia 28 de março de 1894, a Primeira Guerra Sino-Japonesa foi oficialmente declarada.
Nisso, enquanto a China enviava cerca de 2.800 soldados para o fortalecimento da península coreana, o Império Japonês mandou 8 mil soldados altamente treinados e com armamento moderno.
Devido a grande diferença em quantidade de pessoas por tropa e armas, os japoneses não tiveram dificuldade em se sobressair às tropas chinesas.
Jogada de mestre
Em 1894, Pequim e Tóquio enviaram parte de seus respectivos exércitos para Chemmulpo, a cidade portuária no sul da Coreia. Dessa forma, a guerra era iminente.
Com vantagem sobre armamento e no número de soldados, o Japão saiu vencedor do confronto, assumindo o controle de Chemmulpo. Dois dias depois da invasão, o novo governo nipônico rompeu todas as relações com o povo chinês.
A China, por sua vez, estava indo de mal a pior. Havia acabado de perder metade da frota no confronto contra o Japão e ainda precisava lidar com a instabilidade econômica e social interna.
Logo, o país mergulhou em uma crise de autoconfiança, algo encarado como uma grande oportunidade pelo Império Japonês.
Embora o Japão estivesse em ascensão, no período em específico, ele ainda não havia ultrapassado a China em poder econômico. Além disso, apesar de seu exército ser melhor treinado, perdia em quantidade. Mesmo assim, os nipônicos não recuaram.
Podemos dizer que a Primeira Guerra Sino-Japonesa, tecnicamente, foi curta porque o governo chinês caiu no blefe japonês. Alguns fatos estavam fora do alcance da China, por exemplo, que o Japão faliu seu orçamento de guerra.
Portanto, a certa altura, o país deixou de acreditar num empate, diga lá uma vitória. Sendo assim, a China se retirou do combate na península coreana. Uma estratégia que alguns historiadores consideram precipitada.
O fim da Primeira Guerra Sino-Japonesa
A paz entre as nações foi estabelecida somente meses após o recuo chinês, por meio do Tratado de Shimonoseki, assinado em 17 de abril de 1895.
O documento previa não apenas a rendição da China e o fim da Primeira Guerra Sino-Japonesa, como também a entrega da Coreia ao controle japonês.
Para finalizar o cenário, a China também perdeu a Ilha da Formosa, mais conhecida como Taiwan. Oficialmente, a China se dispôs a entregar Taiwan e mais algumas ilhas a leste.
A Coreia permaneceu como colônia japonesa por 70 anos, alcançando sua independência em 1945, com o fim da Segunda Guerra Mundial.
A primeira guerra entre China e Japão foi um preparativo do que estava por vir. O conflito dos dois países não esfriou, o que gerou a Segunda Guerra Sino-Japonesa, infinitamente mais brutal.
Fontes: InfoEscola, InfoEscola, DW, Infopédia.
Imagens: Enciclopédia Global, História do Brasil Já, Hoje Macau, Ukiyo-e Search, Veja, Defesa Aérea & Naval.