Hoje em dia, a frase “Penso, logo existo” é bem popular. Todavia, poucos sabem o contexto em que a mesma surgiu. Formulada por René Descartes após o fim da Idade Média, essa famosa citação, serviu como base para as principais características que constituíram a filosofia moderna e resume muito bem essa linha de pensamento.
A filosofia moderna deu seus primeiros passos na Europa do século XV. No entanto, a mesma ganhou força com Descartes no século XVII e chegou ao fim com o trabalho de Ludwig Wittgenstein no século XVIII. Essa filosofia serviu como transição do pensamento medieval construído em cima da fé cristã para o Século das Luzes.
Marcada por um ceticismo construtivo e um dogmatismo que insistia na busca por uma verdade absoluta, a filosofia moderna incentivava o conhecimento humano e a valorização da razão. Foi nesse período que questões filosóficas a respeito de questões antropocêntricas como ética, política e moral ganharam força.
Ademais, apesar de não ser necessariamente caracterizada por uma escola ou doutrina específica, a filosofia moderna é formada por quatro correntes de peso: Racionalismo, Empirismo, Contratualismo e Iluminismo.
Contexto histórico
Antes de tudo, é preciso frisar que o pontapé inicial para o desenvolvimento da filosofia moderna foi o resgate de elementos da filosofia clássica, surgida na Grécia Antiga.
Características estéticas e morais foram retomadas após a descoberta de manuscritos de Platão, os quais passaram despercebidos ao longo do período medieval.
Além disso, muitas das novas teorias políticas de grande peso nessa corrente ideológica foram baseadas em ideais políticos romanos clássicos. Logo, a modernidade foi caracterizada por elementos do período clássico que foram abafados pelo teocentrismo da Idade Moderna.
Dessa forma, o deus da Igreja Católica deixou de ser o centro do mundo, enquanto a mesma perdia força e influência sobre a população e o Estado. Consequentemente, o homem e suas questões existenciais passaram a ser foco de reflexões, originando o pensamento antropocêntrico.
Em busca de respostas para si mesmo, o indivíduo moderno fez avanços em diversos campos científicos. Só para ilustrar, ciências como astronomia, biologia, matemática e física foram desenvolvidas para responder perguntas que o homem antes buscava em crenças religiosas.
Assim, o humanismo, um movimento também inspirado pela civilização greco-romana, ganhou força. Em suma, o ser humano passou a ter um papel mais ativo na sociedade, como ser pensante, questionador e com maior liberdade de escolha. Inclusive, algumas transformações socioculturais europeias contribuíram para isso como:
- grandes navegações e a descoberta de um “Novo Mundo”;
- transição do feudalismo para o capitalismo;
- ascensão da burguesia;
- centralização do poder político e a formação dos Estados Nacionais;
- enfraquecimento da Igreja Católica e o fortalecimento das monarquias, resultando no Absolutismo;
- desenvolvimento do mercantilismo;
- Reforma Protestante;
- criação da prensa móvel por Johannes Gutenberg;
- início do movimento Renascentista.
Principais características da filosofia moderna
Diante do contexto histórico em que a filosofia moderna surgiu, uma de suas características mais relevantes é o constante questionamento por parte de seus filósofos.
Os adeptos dessa linha de pensamento questionavam tudo que lhes era apresentado. Logo, eles passaram a ser caracterizados como céticos e a filosofia se tornou laica.
Além do ceticismo construtivo em relação às crenças antigas e costumeiras, esses filósofos passaram a valorizar mais a natureza e tomá-la como base para seu cientificismo. Assim como mencionado acima, o antropocentrismo ganhou espaço e, partindo dele, a busca pela razão (racionalismo) e por experiências (empirismo) se tornaram fundamentais.
Essa nova forma de pensar afastou o homem da comodidade divina. Contudo, também forneceu ao indivíduo maior liberdade e idealismo. Sendo assim, a busca por conhecimento ocasionou a valorização da política e o surgimento de influências contratualistas, renascentistas e iluministas.
Principais filósofos modernos
Posteriormente, apesar dos próprios autores não se identificarem dessa forma, os principais nomes da filosofia moderna foram, organizados em dois grupos.
Dessa forma, os racionalistas são defensores da teoria de que todo conhecimento é originado a partir de alguma ideia inata à mente humana. Portanto, para eles, as ideias já nascem com a pessoa. Assim, dentre os principais filósofos dessa corrente existem:
- René Descartes: criador do pensamento cartesiano, o sistema filosófico que deu origem à filosofia moderna;
- Baruch Espinoza: racionalista radical, acreditava em um deus transcendental e inseparável da natureza;
- Immanuel Kant: defendia o conhecimento puro além do conhecimento empírico, assim buscou criar uma ética dissociada da religião e um conhecimento fundamentado na sensibilidade e no entendimento.
Em contrapartida, os empiristas formam uma oposição natural aos racionalistas. Segundo eles, a mente é uma tábula rasa na qual as ideias vão sendo originadas através de sensações ou reflexões adquiridas através da experiência. São exemplos de pensadores empiristas:
- Francis Bacon: o “pai do empirismo moderno”, afirmou que a crença em ídolos prejudica o avanço da ciência;
- Rousseau: estudou instituições sociais e políticas, sugerindo que o homem é corrompido pela sociedade;
- Montesquieu: crítico do absolutismo e catolicismo; sugeriu a separação do Estado em três poderes;
- Nicolau Maquiavel: o “pai do pensamento político moderno”, introduziu princípios morais e éticos na política;
- Thomas Hobbes: baseou-se no materialismo e mecanicismo, desenvolvendo assim a teoria do contrato social;
- John Locke: crítico do absolutismo monárquico, para ele todo conhecimento é proveniente da experiência.
E então, o que achou da matéria? Caso tenha gostado, confira também: O que é filosofia? Origem, objeto de estudo e aplicabilidade.
Fontes: Toda Matéria, Brasil Escola, InfoEscola, Educa Mais Brasil.
Imagens: O Ponto Dentro do Círculo, Estudo Kids, AmoPintar, Guia Estudo.