Chico Mendes, quem foi? História, política, sindicatos e reconhecimento

Chico Mendes foi ativista ambiental e sindicalista que estabeleceu diretrizes para a preservação da Floresta Amazônica, na década de 1970.

Chico Mendes, quem foi? História, política, sindicatos e reconhecimento

Após a colonização do Brasil, a Floresta Amazônica era lugar desejado por muitos que ansiavam por um pedaço de terra abundante em recursos naturais, principalmente em madeira. A ocupação estratégica da floresta teve início no governo de Getúlio Vargas (1930-1945), onde a exploração era vista como forma de desenvolvimento. Entretanto, as ações de exploração causaram revoltas e Chico Mendes foi um trabalhadores que lutou pela preservação da floresta.

Assim, sua luta ficou conhecida no Brasil e no mundo. O ativista ganhou prêmios internacionais e teve seu trabalho reconhecido pela Organização das Nações Unidas. Chico se preocupava com o rumo da exploração da Floresta Amazônica. Além disso, defendia que os recursos advindos da própria floresta eram mais abundantes do que o resultado das extrações.

O ativista foi responsável por fundar o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri (AC), além de organizar ações de preservação, como a União dos Povos da Floresta. Em síntese, a ação teve como objetivo unir os povos (indígenas, seringueiros, castanheiros, etc) que poderiam ser prejudicados devido ao desmatamento da floresta.

Então, preparados para conhecer a história de uma dos principais nomes do ativismo ambiental? Vamos lá!

História de Chico Mendes

Nascido no seringal Porto Rico, no dia 15 de dezembro de 1944, Chico Mendes cresceu vendo o pai cortar seringas. Foi, também, sua atividade durante a adolescência. Porém, a forma como o trabalho dos seringueiros era posto incomodava o jovem. Durante a década de 1970, por exemplo, o desenvolvimento da região amazônica causou a exploração em massa dos recursos da região.

Chico Mendes, alfabetizado durante a adolescência, começou a ler e escrever aos 16 anos. A alfabetização era algo que não fazia parte da rotina dos de mais seringueiros. Porém, o refugiado político Euclides Fernandes Távora, morava próximo à casa de Chico e ensinou ao jovem o poder das palavras.

Saber ler e escrever, portanto, foi fundamental para Chico observar e ter consciência sobre os atos de exploração em que os seringueiros viviam. Deste modo, aos 31 anos, entrou para o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Brasiléia, no Acre, como um dos diretores. Assim, com a política de exploração instaurada pelo governo, Chico elaborou alternativas junto ao sindicato para proteger a floresta.

Isso porque a exploração colocava a pecuária como forma principal de desenvolvimento da região. Por conta disso, os seringueiros viam a extração da borracha sendo substituída pelo desmatamento. Assim, em 1976, os trabalhadores dos seringais criaram o “empates às derrubadas”. Liderada por Wilson Pinheiro, a ação previa a união das famílias no combate total à destruição da floresta.

Por conta das ações de resistência, Wilson Pinheiro foi morto, em 1980. O assassinato ocorreu dentro da própria sede do Sindicato dos Trabalhadores, em Brasiléia. Após três anos, em 1983, Chico Mendes foi nomeado como presidente do Sindicato de Xapuri. Começou, então, uma luta intensa pela preservação da floresta e pelo direito dos seringueiros.

A luta sindical

Um dos pontos que marcou a luta de Chico Mendes foi a defesa dos recursos da Floresta Amazônica. Logo, o ativista defendia a manutenção das riquezas ao invés de procurar benefícios por meio da exploração, como era defendida pelo governo. Com isso, diversos quesitos surgiram e firmaram a ideologia do ativista.

Logo, Chico Mendes ficou conhecido internacionalmente pela luta dos diretos humanos, pela preservação da Floresta Amazônica e pelos direitos dos trabalhadores da região. No Brasil, organizou o Encontro Nacional dos Seringueiros, em 1985.

A partir disso, foi criado o Conselho Nacional dos Seringueiros como forma de elaborar uma proposta que livraria a floresta da exploração. Portanto, os trabalhadores apresentaram ao governo a ideia das Reservas Extrativistas, que seriam estabelecidas por meio da reforma agrária.

Após o Encontro Nacional, as ações dos trabalhadores obtiveram reconhecimento internacional. Além disso, o trabalho de Chico Mendes foi mostrado no documentário “Eu Quero Viver”, produzido por Adrian Cowell, em 1987. O cineasta foi responsável, também, pelos registros do Encontro Nacional.

Premiações de Chico e o incomodo causado

Por conta da luta sindicalista, Chico Mendes ganhou destaque internacional. Dessa forma, foi premiado com o Global 500 num evento realizado pela Organização das Unidas (ONU), na Inglaterra. Além disso, diversos jornais do mundo deram destaque à luta do ativista que ganhou, também, a Medalha de Meio Ambiente, concedida pela Better World Society.

Em síntese, as premiações ocorrem entre os anos de 1987 e 1988 e colocaram em evidência as propostas que Chico defendia. Como resultado, o ativista conquistou respeito em diversos países do mundo. Porém, no Brasil, Chico era alvo de constantes ameaças vindas de fazendeiros, principalmente em Xapuri.

Frequentemente, as ações promovidas por Chico terminavam em prisões. Além disso, após a apresentação da proposta em relação as reservas extrativistas, muitas promessas foram feitas. De fato, não foram atendidas e se perdiam em discussões políticas e meios burocráticos.

Assim, as tensões aumentavam entre os fazendeiros e os trabalhadores que defendiam a preservação da floresta. Logo, o reconhecimento internacional que Chico conquistou não foi um empecilho para que grileiros planejassem sua morte.

Com isso, no dia 22 de dezembro de 1988, Chico foi morto quando chegava em casa. O assassinato foi feito por Darci Alves Pereira, à mando de seu pai, Darly Alves, conhecido pelo prática violenta em outras situações.

Repercussão da morte

O assassinato de Chico foi notícia no mundo inteiro. No Brasil, a morte do ativista só foi noticiada após a grande repercussão internacional. Antes disso, canais de notícias do país não abriam espaço para a voz de Chico. Após o assassinato, a imprensa brasileira começou, então, a reportar as ações realizadas por Chico Mendes.

Além do mais, após forte pressão por parte da população e de movimentos sindicais, os assassinos de Chico foram presos e condenados, em 1990. De fato, os acontecimentos foram um marco importante para a justiça, principalmente, a justiça rural do país.

Em seguida, as mudanças que eram propostas por Chico começaram a ser executadas. Em 1990, por exemplo, as Reservas Extrativistas foram criadas. Um delas, inclusive, possui o nome do ativista, a Reserva Extrativista Chico Mendes (Resex). Além disso, a visão de preservação da Floresta Amazônica tomou novos rumos intensificando as ações de proteção ambiental.

Homenagens a Chico

O reconhecimento de Chico já era algo notável, antes mesmo de sua morte. Porém, sua luta foi intensificada e ainda mais divulgada por meio de parques, institutos e memoriais construídos em sua homenagem. Assim, são construções espalhadas por alguns estados do país. 

No Rio de Janeiro, por exemplo, foi construído em 1989, o Parque Natural Chico Mendes. A reserva ambiental tem como objetivo proteger a Lagoinha das Tachas, localizada no Recreio dos Bandeirantes. Além disso, em Manaus, o Conselho Nacional dos Seringueiros criou o Memorial Chico Mendes, em 1996.

Assim, o memorial preserva e divulga a trajetória histórica de Chico Mendes, além de elaborar estratégias de políticas públicas e projetos locais para os moradores da região. Por fim, em 2007, o Ministério do Meio Ambiente criou, sob a Lei 11.516, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

Chico Mendes no cinema

Além das construções de parques, institutos e memoriais, a história de Chico também foi eternalizada pelas produções cinematográficas. A vontade em mostrar quem foi o ativista que conquistou o mundo pela luta ambiental foi pauta para jornalistas e cineastas produzirem diversos conteúdos com a trajetória de Chico.

Antes de sua morte, o cineasta Adrian Cowell já havia produzido, em 1987, o documentário Chico Mendes: eu quero viver. A obra atingiu reconhecimento internacional e despertou a curiosidade do mundo em relação à vida de Chico Mendes.

Por fim, outros documentários que contam a trajetória de Chico Mendes são:

  • Chico Mendes – a voz da Amazônia (1989);
  • The burning season: the Chico Mendes story (1994);
  • Chico Mendes – o preço da floresta (2010);
  • Genésio – um pássaro sem rumo: a única testemunha do assassinato de Chico Mendes (2018);
  • A história de Chico Mendes (2018);

Ficou curioso para conhecer um pouco mais sobre a história de vida de Chico? Então, confira o documentário produzido, em 2018, pelo canal Amazônia Real:

O que achou da matéria? Se gosta de conhecer personalidades que marcaram a história, confira também quem foi Malcolm XAbraham Lincoln.

Fontes: Memorial Chico Mendes, Exame, Brasil Escola e Mundo Educação

 

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