Cada povo conta com seu próprio folclore. Este último, por sua vez, é constituído por muitos elementos, mas principalmente por histórias passadas de geração em geração. A essas histórias damos o nome de lendas ou mitos. Todavia, apesar de ser inerente ao vocabulário popular, muitos não sabem explicar com exatidão o que é mito.
Pois bem, derivado do grego mythos, esse termo conta com um punhado de significados, sendo eles: contar, narrar para o outro, conversar, anunciar ou nomear. Porém, muito além da etimologia da palavra o mito é uma essência, a alma cultural de um povo.
Embora muitas vezes reduzida à ficção, hoje em dia os mitos são objetos de análise de vários pesquisadores. Originalmente, os mitos ofereciam à sociedade explicações hoje disponibilizadas pela ciência, eram eles os responsáveis por auxiliar a compreensão do mundo. Assim, à reunião de mitos dá-se o nome de mitologia.
Os múltiplos significados do mito
Apesar de comumente se referir a uma narrativa fantástica que foi ou é compreendida como verdadeira, o mito não se trata apenas disso. Ao mesmo tempo em que atua como uma forma de obtenção de respostas a respeito da vida humana, da natureza ou da própria existência, o mito também pode significar mentira, pegadinha ou absurdo.
Essa atualização no significado de mito ocorreu de acordo com a evolução social. Sendo assim, ainda hoje é possível encontrar diversos mitos ou crenças populares que assumem o papel de verdade mesmo não sendo. Só para ilustrar, há muitos mitos em torno do corpo humano, da natureza e da vida cotidiana.
Exemplos de crenças populares
- Só usamos 10% do nosso cérebro.
- As unhas e o cabelo continuam crescendo depois da morte.
- Estalar os dedos causa artrite.
- Se engolir chiclete ele gruda nas tripas.
- Um ano dos cães equivale a sete anos humanos.
- Os golfinhos são os animais mais inteligentes depois dos humanos.
- Nunca se deve despertar um sonâmbulo.
- Regra dos cinco segundos.
- O Sol é uma bola de fogo.
Os exemplos acima são um demonstrativo da mudança que o mito sofreu com o passar dos anos. Embora sua criação possa ter objetivado desenvolver uma explicação para algo, hoje em dia a maioria dessas crenças populares é apenas desinformação.
As civilizações antigas recorriam aos mitos para explicar coisas e conceitos abstratos, como amor, ódio e inveja. Contudo, a partir do momento em que a educação deixou de ser um privilégio da elite e a produção de ciência foi democratizada, a lógica substituiu o simbolismo mitológico.
Ademais, a palavra mito também pode assumir o papel de substantivo. Por exemplo, quando chama-se alguém de mito, existe a intenção de dizer que seus feitos transcendem o comum, sendo classificados como sobre-humanos, algo próximo às divindades gregas. Dessa forma, muitos atletas ou artistas costumam ser chamados de mito.
As características do mito
Transmitidas através das gerações, as narrativas míticas buscam explicar fenômenos da natureza e emoções humanas. Um grande exemplo disso é a mitologia grega, na qual os relâmpagos são explicados por Zeus e o amor é fruto das ações de Afrodite. Assim, disseminadas oralmente, essas narrativas se fixaram como verdades culturais.
Exemplos de mitos gregos:
- Cronos – personificação do tempo
- Pandora – a primeira mulher, provocou os problemas do mundo
- Orfeu e Eurídice – protagonistas de uma história sobre o destino e a morte
- Narciso – mito sobre o ideal de beleza e a vaidade
Além disso, outra característica do mito é que, mesmo se tratando de uma explicação simbólica, sua estruturação exige um certo nível de racionalidade. Sendo assim, um mito pode ser questionado, mas ele também precisa ser coerente e capaz de proporcionar identificação popular.
Assim como mencionado acima, o surgimento do universo e dos fenômenos naturais são os principais temas de mitos. Porém, é importante pontuar que o conhecimento mítico também conta com uma característica pedagógica, já que são capazes de orientar ações e condutas humanas em suas relações sociais.
O papel da mitologia
Embora o termo mitologia esteja fortemente associado à cultura greco-romana, é importante ressaltar que toda civilização conta com seu próprio conjunto de mitos. Sendo assim, além das mitologias gregas e romanas, existem também mitos astecas, nórdicos, egípcios, chineses e brasileiros.
Com as informações apresentadas até aqui, ficou notável que o papel original da mitologia foi confortar o psicológico humano que está constantemente em busca de respostas. Logo, o mito é capaz de conferir ordem e estabilidade ao mundo. Contudo, esse espaço passou a ser ocupado pela ciência, então, qual é o papel da mitologia na atualidade?
Bom, os mitos seguem existindo e se fazendo presentes em todo lugar. Os deuses e heróis mitológicos vem ganhando cada vez mais espaço na cultura pop e no conhecimento. Como resultado disso, os encontramos em livros de fantasia, games, publicidade e cinema. Nos quadrinhos, os super-heróis receberam o título de “deuses modernos”.
Além disso, o mito segue sendo uma forma de dialogar com o passado e entender civilizações ancestrais. Visto que o mesmo é incorporado nos costumes, identidades e técnicas de um povo, ele se torna uma rica fonte de análise para antropólogos. Dessa forma, o mito se prova resiliente e atemporal.
E então, o que achou dessa matéria? Se gostou, confira também: Mitologia, o que é? Principais tipos, criaturas lendárias e deuses mitológicos.
Fontes: Toda Matéria, Stoodi, Cola da Web, UOL Educação, El País.
Imagens: AhaQuiz.com, Lance Grandahl, God of War Wiki, UEM.