Você já parou para pensar que a maioria das nossas referências vêm da Europa? É como se todas as expressões artísticas e culturais tivessem surgido naquele continente ou que tudo proveniente de lá fosse superior ao que possuímos nacionalmente. Esse conceito tem um nome: eurocentrismo e é bastante prejudicial ao entendimento que possuímos das coisas.
Apesar de, no Brasil, a reverência aos Estados Unidos também ser bastante presente, é inegável que o eurocentrismo possui um aspecto mais consistente, muito pelo fato de ter sido instaurado social e historicamente ao longo de vários séculos.
Dessa forma, seja na ciência, na educação, na música e em outras áreas, se for um produto ou ideia europeia certamente ela terá qualidade.
Saiba neste texto quais são as principais causas para o surgimento desse “fenômeno”, assim como suas consequências sobre as outras nações mundiais. Além disso, descubra qual relação o eurocentrismo possui com outros tipos de preconceito.
Como surgiu o Eurocentrismo?
Como dito acima, o eurocentrismo é a popularização da ideia de que a Europa é o centro do planeta Terra e que, por isso, tudo que lá é produzido possui uma qualidade invejável, em relação aos outros continentes.
Ao retomar aspectos históricos, é possível traçar justificativas que ao menos torne mais fácil a recorrência do conceito do eurocentrismo. Quando tratamos da colonização, é fácil perceber que foram os europeus os colonizadores das terras americanas e africanas, dois dos maiores continentes do mundo.
Nesse sentido, eles instauraram em diversos países seus costumes, tradições e percepções acerca de como funcionava o mundo. Em outras palavras e, no entendimento de alguns, os europeus “trouxeram cultura” além mar.
Contudo, perceba que diversas consequências surgiram a partir do “descobrimento” dessas terras. Em primeiro lugar, elas não foram descobertas porque já haviam diversas populações que habitavam esses locais e que foram exterminadas ou expulsas, a exemplo de maias, indígenas e astecas.
Tais comunidades já haviam instituído suas próprias manifestações socioculturais nos países colonizados, o que torna inviável essa definição de que a cultura foi levada pelos exploradores, sejam eles espanhóis, portugueses, italianos, franceses ou holandeses.
Por outro lado, nessa época já havia a convicção da existência de uma raça branca superior às outras. Em outras palavras, os brancos europeus eram melhores que as demais raças, frutos da miscigenação entre diferentes povos e que se estabeleceram nessas terras colonizadas.
Principais consequências
Sendo assim, foi a partir da chegada dos portugueses no Brasil que teve início a escravidão por aqui, primeiro com os nativos (indígenas) e, logo após, com os escravos vindos do continente africano, que por sinal também era amplamente dominado por nações europeias.
Posteriormente, a exploração desses milhões de negros, assim como a popularização da cultura de sua inferioridade, deu origem ao racismo, uma das principais formas de preconceito e que, até hoje, é presente na sociedade.
Sob o mesmo ponto de vista, não faltam exemplos que definem o eurocentrismo. O mais contundente deles é a explanação do mapa mundi, que divide o planeta em hemisférios ocidental e oriental, colocando a Europa como centro do mundo.
A base para essa divisão é o meridiano de Greenwich, isto é, linha imaginária que demarca as longitudes do globo terrestre e que supostamente perpassa a Inglaterra, nos arredores de Londres.
Ademais, até o nome América é proveniente de um europeu chamado Américo Vespúcio. Esse explorador teria sido o primeiro europeu ou “descobridor” a chegar em solo americano.
Até mesmo no ensino escolar brasileiro, é possível enxergar que a história é contada nos livros sob um olhar claramente europeu, atribuído como benéfico ao instituir nas terras colonizadoras os conceitos da civilização.
Em contrapartida, não há conteúdos ou disciplinas que tratem sobre o legado da diversidade africana ou mesmo que tragam um olhar reflexivo sobre os processos de dominação europeia.
Relação do eurocentrismo com outros tipos de preconceito
De maneira idêntica, o eurocentrismo está diretamente relacionado a outros preconceitos, que escancaram a desigualdade e mostram que a sociedade ainda tem muito a evoluir.
O etnocentrismo é um deles. Ele é uma definição individualista de que a própria cultura do indivíduo é superior a qualquer outra. Em outras palavras, existe a ideia errônea de que uma cultura é a correta, enquanto todas as outras são inferiores e desprezíveis.
Quando tratamos sobre assuntos como esse, é fundamental que eles sejam problematizados e combatidos, de modo que não haja qualquer preconceito entre diferentes povos.
Basta lembrar que os regimes totalitários da Europa, em sua maioria, partiram de aspectos de discriminação entre povos e tiveram resultados catastróficos.
De igual forma, a xenofobia também está relacionada ao eurocentrismo, uma vez que representa o desprezo contra estrangeiros e contra uma cultura diferente da sua.
E aí, gostou de conhecer sobre o tema? Então, confira também o que é cultura.
Fontes: Todo Estudo, Mundo Educação, Toda Matéria
Imagens: Colégio de São Miguel, Etiaseu, Educa Mais Brasil, Associação Brasileira de Editores Científicos.