José Maria da Silva Paranhos Júnior foi uma figura importante no cenário político brasileiro. Além de advogado, o Barão do Rio Branco – como ficou conhecido -, foi também jornalista, historiador e diplomata. Antes mesmo se ser nomeado como Barão, conquistou diversas posições relevantes dentro da política.
Vindo de família nobre, José Paranhos nasceu em 1845, no dia 20 de abril. Seu pai, José Maria da Silva Paranhos, Visconde do Rio Branco, era casado com Dona Teresa. Por conta da influência paterna, o Barão do Rio Branco conquistou feitos importantes durante o século XIX, como acordos ocorridos na Guerra do Paraguai.
Além disso, José Paranhos abriu portas para negociações com outros países, anexando terras ao território brasileiro. Assim, fez história como diplomata e chegou a ocupar a Cadeira nº. 34 da Academia Brasileira de Letras. Além disso, por ter nascido na época do Império, era um grande defensor do regime político.
Logo, quando o Brasil se tornou República, suas visões políticas não se alteraram, e o político ficou conhecido pela ética e moral.
Barão do Rio Branco
Por ter nascido em uma família com influência política, o caminho de José Paranhos não podia ter sido outro. Durante a juventude, teve contato com as instituições de ensino disponíveis no período imperial. Primeiro, estudou no colégio Pedro II, em 1855. Após se formar no colegial, ingressou na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo.
Tinha como principal arma a escrita bem desenvolvida e se dedicava em disciplinas como Literatura e História. Por conta disso, produzia artigos e textos políticos que eram publicados no jornal A Nação. Nesta época, em 1869, o Barão do Rio Branco fazia campanhas que defendiam a Lei do Ventre Livre, por exemplo.
Antes disso, já tinha sido nomeado Promotor Público de Nova Friburgo. Dessa forma, passou um tempo na Europa, onde desenvolveu, ainda mais, o interesse pelos livros e arquivos antigos. Com a bagagem repleta de historicidade, começou a dar aulas de História e Geografia no colégio onde se formou, no Pedro II.
Durante os anos de 1869 e 1875, exerceu o cargo de deputado em Mato Grosso, fato que marcou sua entrada na vida política. Com isso, aos 19 anos, durante uma viagem ao Rio da Prata, no Paraguai; acompanhado seu pai, foi nomeado secretário de missão especial. A partir disso, conseguiu negociações importantes entre os Aliados (Brasil, Argentina e Uruguai) e o Paraguai durante a guerra.
A carreira como diplomata se oficializou, em 1876, com a nomeação de cônsul do Brasil em Liverpool. Por conta disso, José Paranhos passou 25 anos morando em Paris.
Antes da viagem, se envolveu com Marie Stevens, uma atriz belga. Logo, firmaram um relacionamento e se casaram em seguida. Juntos tiveram cinco filhos.
Ações políticas nas divisões de território
Após um evento bem sucedido na Rússia, José Paranhos foi nomeado conselheiro de Sua Majestade. O feito ocorreu devido à divulgação que o político fez do café brasileiro no exterior. Logo, não demorou muito para que fosse nomeado Barão do Rio Branco. Assim, a nomeação oficial ocorreu em 1888.
Neste período, o Brasil passava por uma transição política. Ou seja, em 1889, o Brasil se tornou República.
Por conta disso, o Barão do Rio Branco, que ainda estava vivendo em Liverpool, foi chamado ao Brasil para comandar uma missão importante. Como o Barão de Aguiar de Andrade havia falecido, o Barão do Rio Branco foi incumbido de liderar a missão de Palmas.
O território onde hoje se encontram os estados do Paraná e Santa Catarina eram disputados por Brasil e Argentina. Assim, para resolver a situação, a disputa teve mediação dos Estados Unidos. Nesse sentido, o Barão do Rio Branco foi decisivo em recuperar documentos que comprovassem a parte brasileira nas terras disputadas. Ao final, o presidente Cleveland (Estados Unidos) atribuiu as terras ao território brasileiro.
Outra ação política aderida ao Barão do Rio Branco foi em relação ao Amapá, em 1899. Isso porque, a região era disputada também pela França. Assim, os franceses alegavam direito sobre as terras que incluíam o rio Oiapoque. Dessa forma, não chegando a um acordo, o Barão escreve um dossiê a mando do governo brasileiro.
Enquanto isso, a França também elaborou documentos alegando o direito às terras. Juntos, França e Brasil, mandaram memorandos à Confederação Suíça para que a decisão fosse tomada. Após isso, em 1900, o presidente da Suíça concedeu aos brasileiros o direito ao território. Com isso, o Brasil incorporou 260 mil km ao território brasileiro.
Acre do Brasil
Em 1750, a região onde hoje está o estado do Acre era reconhecidamente território boliviano. As terras eram exploradas, principalmente, por conta dos seringais que proporcionavam trabalho e fácil acesso aos seringueiros. Por conta disso, os brasileiros começaram a se deslocar em grande quantidade para essas terras, em 1879. O processo ficou conhecido como Ciclo da Borracha.
Dessa forma, o Brasil queria que essas terras fossem anexadas ao território. Porém, sem documentação necessária para comprar o direito às terras, o Barão do Rio Branco decidiu estabelecer um acordo. Portanto, criou o Tratado de Petrópolis, em 1903. Com isso, o acordo estabelecia a posse do Acre e cedia, em troca, parte do Mato Grosso e mais 2 milhões de libras esterlinas.
Por fim, os bolivianos aceitaram o acordo e foi anexado ao Brasil 190 km de território. Além disso, o Tratado possibilitou a construção da ferrovia Madeira Mamoré. A ferrovia ligava os dois países, favorecendo os acordos comerciais na região.
Ministro das Relações Exteriores
O Barão do Rio Branco estabeleceu relações sólidas como Ministro das Relações Exteriores. Por conta disso, se fixou no cargo até os últimos dias de vida, ocupando a posição em quatro governos diferentes. Portanto, foi ministro durante o governo dos presidentes Rodrigues Alves (1902-1906), Afonso Pena (1906-1909), Nilo Peçanha (1909-1910), além de Hermes da Fonseca (1910-1914).
Além disso, o Barão foi reconhecido pela maestria em lidar com assuntos políticos internacionais. Sua gestão foi marcada pela não intromissão em questões internas relacionadas aos países vizinhos. Defendia, acima de tudo, a resolução de conflitos sem a necessidade da força. Mantinha, dessa forma, a diplomacia para resolver conflitos políticos.
Devido a política de não violência, Barão do Rio Branco conseguiu anexar ao território brasileiro cerca de 900 mil km quadrados. Assim, ficou conhecido por gerir o cargo de Ministro das Relações Exteriores sem declarar qualquer tipo de guerra nas negociações territoriais.
Por fim, devido a problemas renais, o Barão do Rio Branco faleceu na cidade onde nasceu, Rio de Janeiro, no dia 10 de fevereiro de 1912. Deixou, além disso, um legado importantíssimo para a história brasileira. Teve, inclusive, seu rosto estampado nas notas de 1000 cruzeiros daquela época. Seu nome é lembrado, ainda hoje, pelos feitos em relação às fronteiras brasileiras.
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Fontes: Ebiografia, Academia Brasileira de Letras e Toda Matéria
Imagens: Velho General, Biblioteca Nacional Digital, Folha de São Paulo e Politize