A Patrística foi uma corrente filosófica cujo desenvolvimento ocorreu na transição da Antiguidade para a Idade Média. Uma das suas principais características é a influência que o pensamento platônico teve sob ela, sendo difundido entre os patrísticos por meio do neoplatonismo.
Sendo assim, os principais tópicos abordados pelos patrísticos tinham como base as vertentes do maniqueísmo, ceticismo e o neoplatonismo. Ou seja, eles falavam sobre a criação do mundo, pecados, livre arbítrio, predestinação divina e afins.
Um dos principais nomes da patrística é Santo Agostinho, já que ele foi o maior difusor desse pensamento, bem como o maior polemista dessa filosofia. Sendo que Santo Agostinho acreditava que a fé e a razão poderiam caminhar juntas.
O que é a patrística?
A patrística foi uma corrente filosófica que teve origem no período de transição da Antiguidade para a Idade Média. Foi por meio da patrística que boa parte do sistema teológico cristão se desenvolveu. Desse modo, nesse período analisou-se os dogmas do cristianismo, bem como o pensamento cristão.
O nome patrística é uma referência aos primeiros padres da Igreja Católica, que tinham como foco o desenvolvimento de uma filosofia que se aproximasse do conhecimento religioso e do pensamento cristão. Ou seja, esses padres foram os “pais” da Igreja Católica, daí o termo patrística.
É possível identificar traços do platonismo e outras vertentes, mas foram os primeiros padres que formularam e sistematizaram os princípios do pensamento cristão, que foram as bases para a Igreja Católica Apostólica Romana como conhecemos atualmente.
Como surgiu?
Essa corrente filosófica surgiu em um momento desfavorável ao cristianismo. Isso porque, apesar do Império Romano ter promulgado o cristianismo como religião oficial, os cristãos ainda eram alvos de perseguição.
Além disso, na época ainda haviam muitos lugares na Europa, que não eram adeptos da religião, o que dificultava a sua expansão. Nesse cenário, o primeiro movimento oficial da patrística era constituído por aqueles que professavam a fé cristã e os padres apologistas.
Dentre os que se dedicavam à apologética, estavam os que misturavam cristianismo com filosofia grega pagã como, por exemplo, Justino e o Tertuliano, que defendiam a exclusão do paganismo grego do movimento. Inclusive, o pensamento defendido por Justino foi predominante na Filosofia Escolástica, período que veio depois da patrística.
No começo, as discussões da patrística tinham como foco, sobretudo, na relação entre o cristianismo e o judaísmo, além de reforçar o teor canônico do velho testamento.
Contudo, com o tempo, a patrística partiu para a doutrinação da consistência da fé, como uma forma de fortalecer o seu poder dentro do Império Romano agora cristianizado. Portanto, a patrística foi um período de transição de pensamento muito importante para a religião cristã.
Vale destacar que a patrística teve muita influência do pensamento do filósofo grego Platão. Isso porque muito do que foi usado pelos patrísticos teve origem no neoplatonismo. Além disso, o aristotelismo também influenciou a patrística, mas ganhou força apenas no período Escolástico por meio de São Tomás de Aquino.
Características da patrística
A patrística é considerada a primeira fase da filosofia na Idade Média. Ela se baseia, sobretudo, na filosofia grega. Isso porque os filósofos dessa época tinham como principal propósito entender a relação entre a fé divina e o racionalismo científico. Ou seja, uma forma de racionalizar a fé cristã.
Outra característica é que o período patrístico teve muita influência de Platão, um dos principais pensadores gregos.
Desse modo, o pensamento platônico foi difundido entre os patrísticos por meio do neoplatonismo, uma corrente filosófica que formulou suas próprias teorias baseadas nos escritos deixados pelo filósofo grego.
Desse modo, os principais tópicos abordados pelos patrísticos eram baseados nas vertentes do maniqueísmo, ceticismo e o neoplatonismo. Sendo eles a criação do mundo, ressurreição e reencarnação, corpo e alma, pecados, livre arbítrio, e a predestinação divina.
Sendo assim, foi durante a era patrística que ocorreu a difusão da maior parte das doutrinas do pensamento cristão. Foram os padres que tiveram a missão de desenvolver a base de todo o pensamento cristão.
Importância da patrística
Foi nesse período que se desenvolveu a maior parte do pensamento que deu origem ao sistema teológico cristão.
Portanto, foi nesse período que nasceu a maior parte doutrinária cristã, já que os padres foram os “pais” da Igreja Católica e sua missão era formular o princípio do pensamento cristão que resultou na Igreja Católica Apostólica Romana que conhecemos hoje.
Inclusive, uma análise criteriosa das bases do pensamento cristão e seus dogmas, revelam traços platônicos e elementos da Filosofia Grega.
Santo Agostinho
Santo Agostinho (354-430) foi um dos principais filósofos da era patrística, sendo considerado o maior difusor desse pensamento e o maior polemista dessa filosofia. No entanto, até os 32 anos de idade, ele era resistente ao pensamento cristão.
Na tentativa de encontrar o sentido da vida, Santo Agostinho buscou por diferentes correntes teóricas e escolas filosóficas. Nessa busca ele conheceu o pitagorismo, o maniqueísmo é uma parte importante da filosofia helênica.
Contudo, ele focou sua busca no desenvolvimento do conceito de “pecado original” e do “livre arbítrio”, como explicação para livrar-se do mal. Outro tema bastante explorado por Santo Agostinho foi a chamada “predestinação divina”, que foi associada à salvação do homem por meio da graça divina.
Desse modo, o filósofo patrístico tinha forte crença na fusão da fé (igreja) e da razão (filosofia), pois acreditava que este era o melhor caminho para se encontrar a verdade.
Para ele, as duas vertentes poderiam sim caminhar juntas, uma vez que a razão auxiliaria a busca da fé, que segundo ele, não poderia ser alcançada sem o pensamento racional. Enfim, as obras-primas de Santo Agostinho são: De Civitate Dei (“A Cidade de Deus”) e “Confissões”, ambas ainda muito estudadas hoje em dia.
Diferenças entre patrística e escolástica
A patrística foi a primeira fase da filosofia medieval, essa que se estendeu até o século VIII. Sendo assim, por sete séculos, essa corrente filosófica esteve focada nos ensinamentos dos “homens da igreja”, ou seja, os padres, bispos e demais membros da igreja católica.
Até que no século IX, surgiu a escolástica, uma filosofia que se estendeu até o início do Renascimento, no século XVI. Da mesma forma como a patrística, a escolástica também teve como base a filosofia grega e o cristianismo. Contudo, o seu método de difusão era unir a fé e a razão para atingir o crescimento humano.
Desse modo, enquanto a filosofia patrística defendia a religião cristã e negava o paganismo, a escolástica tentava explicar a existência de Deus, por meio do racionalismo. Assim como a existência do céu e inferno, as relações entre os homens, a razão e a fé.
Enquanto Santo Agostinho foi o maior representante da filosofia patrística, São Tomás de Aquino foi o “Príncipe da Escolástica”. Como maior representante dessa corrente de pensamento, seus estudos receberam o nome de Tomismo. Por fim, ele foi nomeado Doutor da Igreja Católica, em 1567.
Fontes: Brasil Escola, Educa mais Brasil, Toda Matéria, InfoEscola