Durante a história do Brasil, houveram várias manifestações e revoltas. Uma das revoltas mais conhecidas é a Revolta da Chibata. Em resumo, foi um motim organizado pelos soldados da Marinha brasileira entre 22 e 27 de novembro de 1910.
Ademais, a revolta ocorreu em embarcações da Marinha que estavam atracadas na Baía de Guanabara. Além disso, o principal motivo era a insatisfação dos marinheiros com os castigos físicos que vinham acontecendo.
Por fim, em 1912 finalmente o Almirante Negro conseguiu abolir o uso da chibata na Marinha brasileira.
O que foi a Revolta da Chibata?
Primordialmente, a Revolta da Chibata foi um levante de cunho social. Pois ela tinha como objetivo o fim das punições físicas a que eram submetidos os marinheiros. Entre as punições estavam a surra com chibata, o suo da santa-luzia e o aprisionamento em celas destinadas ao isolamento.
Ademais, o uso da chibatada era uma forma de punição característica da Marinha brasileira. Eles haviam herdado da Marinha portuguesa do período colonial. Vale lembrar que, essa forma de punição era dedicada somente aos postos mais baixos da Marinha, onde majoritariamente, eram ocupados por mestiços e negros.
Contexto Histórico
Primeiramente, vale destacar que na Marinha brasileira, os marinheiros eram, majoritariamente, negros escravos recém-libertos. Além de serem submetidos a uma pesada rotina de trabalho, em troca de baixos salários. Eles eram punidos por qualquer insatisfação.
Naquela época qualquer insatisfação era punível. Como resultado disso, foram criadas várias maneiras de “disciplina”, sendo uma delas a chibatada. Aliás, apesar de ter sido abolida na maioria das forças armadas do mundo, no Brasil ainda era uma realidade.
O ápice da revolta se deu quando os oficiais receberam aumentos salariais. Como resultado disso, alguns marinheiros passaram a planejar um protesto.
O Levante da Revolta
Por fim, em 22 de novembro de 1910, os marinheiros do Encouraçado se rebelaram. Alguns historiadores dizem que o estopim se deu após assistirem o castigo do marujo Marcelino Rodrigues Menezes. Ele foi açoitado até desmaiar, com 250 chitabadas- sendo o normal 25.
Com isso, o levante foi liderado por João Cândido Felisberto. Um marujo negro que depois ficou como Almirante Negro. Por fim, o motim foi terminado com a morte do comandante do navio e mais dois oficiais.
Logo, os marujos revoltosos escreveram um manifesto em que resumiam as suas exigências, e logo após o enviaram ao presidente da época, Hermes da Fonseca. Aliás, coincidentemente foi oferecida a festa de posse no mesmo dia do início da revolta.
Algum tempo depois, o presidente por fim percebeu que não se tratava de um blefe. E com isso, resolveu ceder diante do ultimato dos insurgentes. Depois disso, os marinheiros decidiram entregar suas armas e os navios rebelados, porém, o governante acabou não cumprindo sua palavra. Aliás, ele baniu alguns marinheiros que haviam feito parte do motim.
Porém, os marinheiros não deixaram isso quieto. Então, logo houve outro levante na Ilha das Cobras, porém, esse foi mais abafado e atacado pelas tropas do governo. Em geral, muitos marujos morreram e alguns foram banidos da Marinha. E João Cândido foi aprisionado e atirado em um calabouço na Ilha das Cobras.
Alguns pesquisadores afirmam que quando João se livrou da prisão, ele se encontrava emocionalmente amargurado, e alguns dizem que ele sofreu até de alucinações. Por fim, foi julgado e inocentado em 1912. Além disso, é conhecido por muitos como Almirante Negro.
Curiosidades sobre a Revolta da Chibata
- O Almirante Negro terminou sua vida trabalhando como pescador.
- Em 1959, João Cândido lançou o livro “Revolta da Chibata”
- A Revolta da Chibata se inspirou num motim dos marinheiros da Armada Imperial Russa, que ocorreu em 1905
- A música “O Mestre-Sala dos Mares”, composta por João Bosco e Aldir Blanc, em 1975, foi uma homenagem ao Almirante Negro. A música foi censurada no período militar
- João Cândido tem uma estátua em sua homenagem, no Rio de Janeiro.
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Fontes: BrasilEscola, TodaMateria, InfoEscola
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