Também chamadas de Guerra dos Camponeses, as Revoltas Anabatistas foram movimentos iniciados por camponeses alemães contra os senhores feudais. Com o enfraquecimento da influência da Igreja Católica e difusão dos ideais iluministas, a busca por melhores condições de vida se tornou uma luta coletiva.
As Revoltas Anabatistas tiveram início em 1524 na Alemanha e atingiram seu fim no ano seguinte, após terem se alastrado pela Europa. O maior impulso para as exigências camponesas era a Bíblia, que segundo os mesmos, afirmava que os lavradores nasceram livres e abolia a servidão.
Embora tenha sido engatilhada pela Reforma Protestante, a Guerra dos Camponeses foi condenada por Martinho Lutero. De qualquer forma, esse movimento se consolidou como uma das provas do impacto da Reforma para além do âmbito religioso, alcançando os campos político, cultural, militar e social.
Contexto histórico das Revoltas Anabatistas
Assim como mencionado acima, a Reforma Protestante serviu como estímulo para as Revoltas Anabatistas. Embora teólogos como John Wycliffe e Jan Huss tenham precedido Lutero, o último se destacou no período em questão. Através do movimento incitado pelo monge em 1517, a situação política na Europa sofreu mudanças.
A difusão dos ideais protestantes resultou no rompimento de Estados com o Sacro Império Romano-Germânico. Logo, a Igreja Católica começou a perder sua hegemonia na Alemanha, e não demorou para que esse fenômeno se alastrasse para outros países.
Todavia, a partir de 1520, ficou notória uma gravidade na situação. Acontece que uma seita fortemente influenciada pela doutrina luterana, passou a almejar uma reforma social e confrontar o sistema feudal. Os anabatistas, assim chamados, levavam esse nome por serem contrários ao batismo em idade infantil, reservando-o à fase adulta.
O principal difusor e líder das Revoltas Anabatistas foi Thomas Müntzer, discípulo de Lutero. Entretanto, com a radicalização do movimento e surgimento de reivindicações que iam contra a nobreza aliada de Lutero, as revoltas foram reprovadas pelo próprio reformista. Assim, Lutero se tornou inimigo do movimento.
Thomas Müntzer
Dentre os pregadores anabatistas, alguns nomes se destacam, como: Conrad Grebel, Felix Manz, João de Leyde e Nicolau Storch. Contudo, nenhum deles alcançou o nível de influência de Thomas Münzer.
Responsável por liderar a revolta no campesinato, que se estendeu entre os anos de 1523 e 1525, Müntzer acumulou inúmeros seguidores. Apesar de ter conferido à Guerra dos Camponeses um caráter ultrarradical, o revolucionário almejava condições mais igualitárias para a população.
Contudo, a nobreza alemã conseguiu reunir recursos para reprimir as Revoltas Anabatistas. Como resultado disso, milhares foram mortos e, dentre eles, Müntzer foi decapitado.
Características dos anabatistas
Apesar de sua gênese ter sido na Alemanha, as Revoltas Anabatistas se espalharam pelo mundo, alcançando territórios como Polônia, Moscóvia, Hungria e Estados Unidos. Curiosamente, mesmo sendo associado aos camponeses, o movimento reunia vários grupos, incluindo humanistas e trabalhadores urbanos.
Ademais, embora tenham assumido um caráter mais radical, os anabatistas apresentavam tendências diversas. Enquanto alguns eram mais pacifistas, outros eram revolucionários adeptos do extremismo. Todavia, o consenso que unia todos era a busca por uma sociedade marcada pela equidade e fim de privilégios.
O que as Revoltas Anabatistas almejavam?
Assim como mencionado acima, o principal objetivo das Revoltas Anabatistas era uma sociedade igualitária. Isso incluía algumas reivindicações e reformulações estruturais como:
- Redistribuição da renda monopolizada pelos aristocratas e clérigos
- Fim da servidão e exploração
- Partilha de terras com aqueles que não possuíam condições de obtê-las
- Maior consciência social por parte das classes mais abastadas
- Rompimento com o sistema feudal.
O fim da Guerra dos Camponeses
Reunindo milhares de adeptos, as Revoltas Anabatistas duraram cerca de um ano. Todavia, em 1525, a revolta armada que já havia se espalhado por diversas regiões confrontou soldados melhor equipados e com mais experiência.
Assim, na chamada Batalha de Frankenhausen, em maio de 1525, os camponeses foram cercados e mortos aos milhares. Thomas Müntzer, principal líder do movimento e opositor de Lutero, foi preso e, sob tortura, obrigado a negar seus ideais. Por fim, ele foi decapitado e sua cabeça foi pendurada na entrada de Frankenhausen.
No fim das contas, os camponeses tiveram de se submeter novamente aos senhores feudais e retornaram às condições de exploração.
E então, o que achou dessa matéria? Se gostou, confira também: Saiba como ocorreu a reforma protestante e quem foram seus líderes.
Fontes: Brasil Escola, Escola Kids, Mundo Educação, DW.
Imagens: Özgür Denizli, Sua Bíblia NVT, Plantão Teológico, Thüringer Allgemeine, The Historian.