Prosa é um estilo de escrita que consiste em textos organizados em linhas e em parágrafos e que buscam expor uma ideia, fatos e até mesmo uma história. Geralmente, os textos em prosa possuem uma estrutura básica que se contrapõe ao poema, por exemplo.
A prosa é caracterizada por apresentar algumas características primordiais, que acabam por destacar os textos em prosa dos demais gêneros textuais. Aos textos em prosa é muito mais importante a clareza do que o ritmo ou a rima, por exemplo.
Para compreender a prosa basta pensar que ela pode ser uma história narrada em textos racionais e corridos. Podemos encontrar em contos, romances, textos jornalísticos, novelas e historinhas infantis.
Tipos de prosa
Vamos prosear? O gênero prosa possui dois tipos mais importantes e, portanto, usados em campos além da literatura. Em suma, são elas: a narrativa e a demonstrativa.
1. Narrativa
A princípio, a prosa pode ser utilizada na narrativa para contar a história de algo e possui, então, personagens, ambientação, um início, meio, clímax, fim. Tem um enredo envolvido em sua estrutura. Contar uma história é o objetivo, portanto, da narrativa e pode ser dividida em duas: histórica e ficcional.
A histórica utiliza de relatos historiográficos, ou seja, com embasamento, comprovação, o foto, por assim dizer, tem consistência em eventos que realmente aconteceram. Portanto, a narrativa ficcional está completamente no campo da imaginação, da criação.
Os personagens, o ambiente, a história são completamente criados, como os contos de fada, as fábulas. Não há registros históricos reais envolvidos, o que é contado nunca aconteceu de verdade.
2. Demonstrativa
A prosa demonstrativa tem o único objetivo de explicar algo e, sobretudo, passar um conhecimento. Para isso se usa e abusa de textos corridos, bem estruturados, parágrafos bem elaborados e racionais. Aqui, portanto, cabem os textos de origem científica, jornalístico, ensaios, oratórias.
Há uma técnica rígida de comprovação envolvida no texto demonstrativo. Também considerada não literária está presente ainda em cartas e diálogos o que, de antemão, significa dizer que a pessoa está querendo uma conversa menos formalizada.
Prosa no Brasil
Primeiramente, prosaico é a oposição a escrita em verso. A primeira prosa escrita no país é bem conhecida, pois está ligada à descoberta do Brasil. Ao ver as terras brasileiras e conhecer suas características peculiares, Pero Vaz de Caminha escreveu uma descrição para encaminhar a Portugal.
Considerado um relato, a carta de Pero Vaz se encaixa como uma crônica e carrega riquezas de detalhes, metáforas muito bem elaboradas para o gênero. Observe no trecho abaixo as características prosaicas explicadas até aqui:
Ali veríeis galantes, pintados de preto e vermelho, e quartejados, assim pelos corpos como pelas pernas, que, certo, assim pareciam bem. Também andavam entre eles quatro ou cinco mulheres, novas, que assim nuas, não pareciam mal. Entre elas andava uma, com uma coxa, do joelho até o quadril e a nádega, toda tingida daquela tintura preta; e todo o resto da sua cor natural. Outra trazia ambos os joelhos com as curvas assim tintas, e também os colos dos pés; e suas vergonhas tão nuas, e com tanta inocência assim descobertas, que não havia nisso desvergonha nenhuma.
A Carta do escriba, portanto, não foi a única manifestação do gênero em nossa cultura. O famoso livro “A moreninha”, lançado em 1844, por Joaquim Manuel de Macedo, marca o início da prosa ficcional no Brasil.
Prosa poética
A prosa é bastante confundida com a poesia, porque a junção das duas é possível na literatura. Aqui, portanto, a sonoridade, a estrutura, as metáforas são vistas no texto, mas associadas à prosa. Através dessa junção é possível passar a realidade por meio de um olhar lírico. Estão inclusos, sobretudo, relatos do cotidiano, ou de situações específicas vividas por uma pessoa, ou por um país.
Um obra importante para ilustrar bem o resultado dessa junção é a obra de Guimarães Rosa, o “Grande Sertão Veredas”. Veja o trecho abaixo
A mandioca-mansa e a mandioca-brava
(…) Melhor, se arrepare: pois num chão, e com igual formato de ramos e folhas, não dá mandioca mansa, que se come comum, e a mandioca-brava, que mata? Agora, o senhor já viu uma estranhez? A mandioca doce pode de repente virar azangada – motivos não sei; às vezes se diz que é por replantada no terreno sempre, com mudas seguidas, de manaíbas – vai em amargando, de tanto em tanto, de si mesma toma peçonhas. E, ora veja: a outra, a mandioca-brava, também é que às vezes pode ficar mansa, a esmo, de se comer sem nenhum mal. (…) Arre, ele (o demo) está misturado em tudo (2001, p. 27).
Poema em prosa
Ainda na temática, temos, portanto, o poema em prosa. Aqui, enfim, é uma maneira de narrar algo do cotidiano, porém em formato de poema, em versos. A característica mais forte é que a narrativa, sobretudo, se fragmenta em versos e a linguagem é mais objetiva. Veja o trecho do poema Pau a Pêco do poeta Paulo Venturelli.
PAU PÊCO
Como um eterno navio a cruzar ondas que estão ausentes.
Um barco a remo com homens sem braços para movê-lo.
Uma estrela para brilhar onde a noite nunca vem.
Um corte da pedra: assim duro, assim seco, tanto nada.
Um beijo despojado de lábios porque a boca já mergulhou
na sombra, e o mergulho aéreo do corpo todo nuvem.
Um gesto à porta, mas a casa totalmente no ar.
Na mesa a comida feita de fibras plásticas.
Um cavalo que galope o próprio casco e no rastro
vê a grama inexistente.
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Fonte: Mundo Educação, Toda Matéria, Info Escola.