As características do Realismo, movimento artístico que surgiu na França do século XIX e exerceu grande influência neste período, são conhecidas por se afastarem do subjetivismo e do sentimentalismo, próprios do Romantismo.
Nesse sentido, as características do Realismo ficaram conhecidas pela busca da objetividade e da racionalidade. Na literatura, Gustave Flaubert publicou o primeiro romance desta corrente estética, o clássico Madame Bovary.
Todavia, os autores realistas tinham como intenção fazer uma arte que representasse a realidade de maneira verossímil. Assim, os artistas realistas, principalmente os pintores e escritores, surgiram como grandes representantes do movimento.
Contexto histórico do movimento realista
O Realismo teve início no século XIX, na França, e a obra inaugural do movimento foi o romance Madame Bovary, publicado em 1857 por Gustave Flaubert. Inclusive, este foi o mesmo ano de falecimento de Auguste Comte, que exerceu grande influência nestes artistas a partir da sua filosofia positivista.
Ao mesmo tempo, a Europa experimentava a Segunda Revolução Industrial, e uma onda crescente de urbanização, assim como jornadas de trabalho desumanas nas diversas fábricas. Nesse sentido, a sociedade da época teve contato com avanços tecnológicos que permitiram a invenção da lâmpada, do rádio e do automóvel como conhecemos, movido à gasolina.
Foi também neste período que Darwin deu continuidade ao seu pensamento que culminaria na publicação do livro A origem das espécies. Sua teoria evolucionista foi responsável por influenciar diversas áreas do saber, como a literatura.
Enquanto movimento estético, o Realismo esteve intrinsecamente ligado à ciência e seu desenvolvimento, deixando de lado a idealização e todo o sentimento de liberdade, atrelado ao sentimentalismo e ao subjetivismo do Romantismo.
Características do Realismo
O Realismo ficou marcado por características bem singulares, que iam ao desencontro do que era proposto pelo movimento anterior. Assim, as características do Realismo são as seguintes:
1 – Oposição aos ideais românticos
Os artistas realistas preocuparam-se em se desvincular da imagem romântica, inserida pelo Romantismo com o subjetivismo, o individualismo e a idealização da vida, que funcionava como fuga da realidade. Nesse sentido, os artistas realistas se comprometeram em demonstrar a realidade do jeito que ela é.
2 – Retratar problemas e desigualdades sociais
Essa é a característica mais marcante do Realismo. Os artistas deste período se preocuparam em retratar a realidade a partir do momento em que viviam, em meio à Revolução Industrial, período de transformações sociais e políticas que trouxeram consigo uma série de desigualdades sociais.
As obras deste movimento também retratavam relações amorosas e sociais conflituosas, marcadas por momentos de infidelidade e traição. Um exemplo é a obra de Gustave Flaubert, Madame Bovary, de 1857. Gustav Courbet, Jean-François Millet e Théodore Rousseau retrataram a realidade social da época em suas pinturas, por exemplo.
3 – Críticas a valores burgueses e instituições sociais
Na literatura, os autores realistas criticaram os valores impostos pelo modo de viver burguês, além de agirem como opositores às instituições sociais e aos valores cristãos. Nesse sentido, exploravam temas como a hipocrisia, o egoísmo, a falsidade, a traição, o casamento por interesses e outros sentimentos ruins.
4 – Aprofundamento psicológico do comportamento humano
Uma das características do Realismo era a profundidade psicológica que as personagens apresentavam. Esse artifício era usado para aproximar cada vez mais a história da realidade. Nesse sentido, usavam a introspecção como uma característica marcante e as narrativas se desenrolavam de maneira mais lenta, no tempo psicológico das personagens.
Outras características do Realismo
5 – Características Cientificismo e materialismo
Antes de mais nada, o Realismo foi influenciado pelo pensamento científico-filosófico das correntes positivista, determinista, socialista, liberal e darwinista. Também esteve sempre associado ao progresso, portanto se interessou pelas coisas materiais.
6 – Preferência por temas urbanos, sociais e cotidianos
Em contraposição à idealização romântica, os artistas do Realismo prezavam por retratar a realidade como ela realmente era. Nesse sentido, essa característica do Realismo deu preferência aos temas cotidianos, sociais e urbanos, de acordo com a evolução da sociedade da época.
7 – Denúncia social
Outra característica do Realismo, sobretudo na literatura, foi a preocupação em denunciar problemas sociais, políticos e econômicos da época. Assim, as obras realistas abordavam temas como pobreza, miséria, diferenças sociais, exploração, corrupção e todas as mazelas sociais.
8 – Uso da linguagem descritiva e detalhada
Em suas obras, os escritores realistas usavam uma linguagem que se apegava aos detalhes. Elas eram repletas de descrições, tanto de personagens como de ambientes e cenários. Além disso, eram usados elementos como o uso da linguagem culta, objetiva, direta e clara. Prezavam pela impessoalidade também.
Realismo em Portugal e no Brasil
O Realismo em Portugal teve início em 1865, com a Questão Coimbrã, que envolveu os ultrarromânticos e os defensores do Realismo. Em Portugal, os principais autores realistas foram Eça de Queiroz, Cesário Verde e Guerra Junqueiro.
Todavia, no Brasil, o Realismo teve início com a publicação do romance Memórias Póstumas de Brás Cubas por Machado de Assis, em 1881. Nesse sentido, o próprio Machado de Assis é considerado o maior escritor brasileiro de todos os tempos.
Sua escrita ficou marcada pelo modo em que Machado explorou as técnicas de narração e as características do Realismo. Assim, suas obras possuem personagens e situações banais que acabam ganhando um novo perfil, que acaba levando em conta a condição psicológica de cada personagem.
Sua prosa é marcada por características como o humor peculiar e a sutil ironia, marcada pelo uso da metalinguagem, por exemplo. Machado de Assis foi autor de romances, poesias, contos, peças de teatro que foram poduzidas a partir de 1870.
O Realismo no Brasil também contou com Aluisio de Azevedo e Raul Pompeia. O primeiro possui uma estética influenciada pelo Naturalismo de Émile Zola e que preserva algumas características do Realismo. É responsável pelas obras Casa de pensão (1883) e O cortiço (1890).
Por outro lado, Raul Pompeia deixou o romance O Ateneu, de 1888, como sua principal obra. Escrito em primeira pessoa, o romance conta as memórias do jovem Sérgio. A narração imposta pelo autor aproximam o texto e a memória, enquanto aborda o amor entre pessoas do mesmo sexo, ou seja, as relações homoafetivas entre os garotos do internato.
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Fontes: Significados, Toda Matéria, Significados, Brasil Escola, Mundo Educação
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