Durante os movimentos dos direitos civis nos EUA alguns nomes se destacaram pela luta e perseverança. Personalidades como Angela Davis que lutava contra o racismo institucional e pela igualdade de gênero, além de Malcolm X foram alguns desses nomes.
O líder americano, Malcolm X, ficou conhecido por lutar pelos direitos civis em meio à tantos atos de racismo e repressão no país em que vivia. Entretanto, de acordo com relatos de historiadores, a história de Malcolm acabou sendo distorcida com o passar dos anos.
As ideias que o líder americano defendia não foram totalmente divulgadas. Isso porque, após a violenta morte, uma biografia escrita por Alex Haley denominada Autobiografia de Malcolm X, distorceu grande parte dos ideais que o líder acreditava. Porém, para entender melhor como tudo aconteceu, vamos conhecer quem foi Malcolm X.
História de Malcolm X
A história de Malcolm X é sofrida e cheia de obstáculos. Isso porque, o ódio dos brancos contra os negros era algo que deixava marcas em todos os sentidos. Os atos de crueldade começaram quando a avó de Malcolm foi estrupada por um homem branco e acabou ficando grávida. Assim, ainda muito novo, viu o que os negros daquela época enfrentavam quando líderes da Ku Klux Klan atearam fogo na casa de seus familiares.
Sem saídas, a família de Malcolm, que morava no estado de Nebraska, se muda para Wisconsin. Após três anos, precisam se mudar novamente e, dessa vez, escolheram uma fazenda em Michigan. O pai do líder americano era pastor e defendia os direitos dos negros. Por conta disso, despertava a ira dos racistas e de grupos que repudiavam as falas de Earl Little.
Assim, após se mudaram para Michigan recebem uma notificação dos vizinho, todos brancos, que queriam que a família se retirasse da fazenda. Dessa forma, tiveram a casa novamente incendiada, a família não viu outra saída a não ser se render aos ataques. O pai de Malcolm chegou a pedir ajuda aos policiais. Porém, foi preso e acusado de planejar o incêndio da própria casa.
Tragédia
Não demorou muito para que o corpo de Earl Little fosse encontrado morto nos trilhos do trem. Assim, sem explicações para o crime, os policiais defenderam que Earl tirou a própria vida. Por está razão, a mãe de Malcolm, Louise, tentou manter os quatro filhos protegidos. Porém, era frequente a falta de comida e as diversas dificuldades que enfrentava.
Por conta disso, Louise começou a apresentar crises e logo foi internada em uma clínica de doenças mentais. Era véspera do Natal de 1938. Na clínica, Louise permaneceu 26 anos internada e a guarda de Malcolm ficou com um casal de brancos, os Swerlin.
A juventude
O autor da Autobiografia de Malcolm X, Alex Haley diz que Malcolm aparentava não se orgulhar da cor que tinha. Aos 15 anos, ele deixa a família dos Swerlin para viver com a irmã, em Boston. Pouco tempo depois, começa a procurar bicos para gerar renda e se muda para o Harlem, onde a maioria das pessoas eram negras.
De acordo com autobiografia, Malcolm começou a frequentar os bares da região e a se envolver com pessoas ligadas ao crime. Além disso, era conhecido por namorar mulheres brancas, além de, constantemente, utilizar produtos para alisar o cabelo. Por conta disso, ficou conhecido como New York Red. Isso porque, seus cabelos possuíam uma coloração avermelhada devido aos produtos químicos que utilizava.
O convívio com pessoas ligadas ao tráfico logo fez com o que Malcolm envolvesse com gangues. Assim, aos 17 anos, ele entra para um grupo de criminosos do Harlem. O grupo era conhecido pelo tráfico de drogas, prostituição, roubos, além de praticar jogos ilegais. Porém, Red foi detido em Nova York duas vezes.
Assim, se muda novamente para Boston onde começa sua própria gangue. O grupo liderado por ele era especializado no roubo de casas. Após ser pego tentando vender um relógio roubado, Malcolm foi condenado à dez anos de prisão.
A prisão
Na prisão, Malcolm X começa a conhecer sobre a Nação do Islã. Um de seus irmãos, Wilfred, convenceu toda a família de que aquele era o caminho para a salvação. Assim, ele acreditava que ser muçulmano era”religião natural para os homens negros”. Porém, foram as palavras do líder da Nação do Islã, Elijah Muhammad, que fizeram Malcolm aderir à religião.
Logo, Malcolm X começou a mudar a personalidade que havia adquirido durante a adolescência. Assim, o cabelo alisado foi cortado, o linguajar que utilizava nas ruas foi substituído. Em seguida, Malcolm ingressou no grupo de muçulmanos que havia na prisão. Assim, com seis anos e meio de prisão, ele foi solto, no dia 7 de agosto de 1952.
Mudança
Após sair da prisão, Malcolm adotou atitudes drásticas. Tirou o sobrenome de família alegando que já não o representava mais. Assim, no lugar de Little colocou simplesmente X, simbolizando a identidade que não conhecia. Assim, após a libertação, X se deparou com a segregação racial e os conflitos em que os EUA enfrentava.
A segregação racial proibia que negros frequentassem os mesmos lugares que os brancos. Além disso, eram proibidos de irem à escolas, usar o transporte público, andar livremente nas ruas e etc. Por conta dos vários atos de racismo, Rosa Parks – mulher que deu início à revolução dos negros nos EUA ao se recusar a ceder o lugar no ônibus para um branco – foi um dos nomes que marcaram o que ficou conhecido como “Movimento pelos Direitos Civis”.
A partir disso, diversos atos em devesa dos direitos dos negros surgiram. Foi o caso da criação da Associação Nacional para o Progresso das Pessoas de Cor, por exemplo. Assim, a associação visava reunir o maior número de recursos para que os negros pudessem reivindicar os direitos como cidadãos. Martin Luther King Jr. foi um dos nomes mais conhecidos na luta pelos direitos dos negros. Isso porque, o reverendo acreditava que a pacificidade era a chave para a vitória.
Entretanto, as lutas tomaram rumos diferentes do que se esperava. Isso porque, após a aberturas de vagas para negros na Universidade do Sul, houve rebelião por parte dos brancos. Assim, não aceitando as mudanças, os brancos foram responsáveis pela morte de militantes negros, prisões e assassinatos.
Luta
Malcolm acompanha as mortes e as rebeliões feitas pelos brancos. Diferente de quando era jovem e não tinha muitas alternativas para lutar, agora ele podia reagir aos ataques. Por conta do discurso firme e preciso, Malcolm logo subiu na hierarquia da Nação do Islã. Ele dizia que os negros precisavam reagir aos atos opressores dos brancos.
Dessa forma, foi responsável por comandar a construção de tempos para que os negros pudessem ouvir o que ele tinha a dizer. Assim, se tornou porta-voz da organização, além de liderar a construção dos tempos em Boston, Hartford e Filadélfia. Ele era também, líder do Templo Número 7.
Os discursos de Malcolm fizeram com o que os templos e seus seguidores crescessem consideravelmente. Assim, em 10 anos de luta, os membros dos templos passaram de 500 mil para 30 mil. Os discursos do líder americano colocavam ações para todas as faixas etárias. Assim, dizia que as mulheres precisam tomar conta do lar, os idosos precisam passar as mensagens de vida e os jovens deveriam lutar contra o inimigo.
Conflitos e o fim
Após diversos discursos que contrariaram as lideranças da Nação do Islã, Malcolm X abandou o grupo em 1964. Assim, os desentendimentos fizeram com o que o líder americano criasse o próprio grupo religioso, denominado de Associação da Mesquita Muçulmana. Não demorou muito para que as pessoas se juntassem à ele. Isso porque, grande parte dos associados da Nação Islã, migraram para o grupo de Malcolm.
Foi durante o ano de 1964 que Malcolm decide peregrinar pela África, viajando por vários países. A ação fez com o que ele fundasse uma organização que defendia os direitos de todos os descendentes de africanos. Além disso, Malcolm decide mudar de nome adotando em sua identidade El-Hajj Malik El-Shabazz.
Após passar um tempo na cidade sagrada do Islã, Meca, ele decide retornar aos EUA. O tempo que passou na África fez as ideologias que acreditava mudarem. Assim, com um discurso mais brando, defendia agora a não violência na lutas pelos direitos dos negros. Porém, a nova postura adotada por El-Hajj Malik El-Shabazz perdurou por muito tempo.
Isso porque, El-Hajj Malik El-Shabazz foi brutalmente assassinado com 10 tiros, enquanto ministrava uma palestra no Harlem, no dia 21 de fevereiro de 1965. Acredita-se que os autores do crime que aconteceu em Nova York eram integrantes da Nação do Islã. Por fim, líder religioso e nacionalista afro-americano deixou um legado e diversos seguidores, se tornando um dos nomes mais influentes na luta pelos direitos civis.
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Fontes: Brasil Escola, Aventuras na História e Brasil de Fato
Fonte imagem destaque: PSTU