Também conhecida como poema épico, a epopeia é uma narrativa textual escrita em versos. Segundo a etimologia, o termo grego “épos” significa aquilo que é expresso pela fala, enquanto “poien” expressa fazer, fabricar. Sendo assim, pode-se definir a epopeia como a estruturação formal de um discurso, uma história.
Caracterizada pela aclamação de feitos heroicos, a epopeia nada mais é do que a história versada de fatos grandiosos centrados na figura de um herói ou povo. Então, esse gênero textual é responsável por contemplar narrativas históricas, lendárias ou míticas de determinada cultura.
Originário da Antiguidade, o poema épico conta com características e aspectos singulares. Além disso, dentre os exemplos mais conhecidos de epopeia, pode-se citar a Ilíada e a Odisseia, de Homero, bem como Os Lusíadas, de Luís Vaz de Camões.
Origem da epopeia
Assim como mencionado acima, a epopeia teve sua gênese na Antiguidade. Todavia, no século XVIII, o gênero épico perdeu espaço para o romance e sua narrativa em prosa. De qualquer forma, apesar de seu declínio, a epopeia transcendeu gerações. Só para ilustrar, a mesma surgiu entre os sumérios, por volta de 2000 a.C.
Curiosamente, o poema denominado Epopeia de Gilgamesh é considerado a obra literária mais antiga da humanidade. Entretanto, a narrativa épica só foi estabelecida como gênero literário na Grécia Antiga, decorrente das atemporais composições do poeta Homero.
Entre os gregos, a epopeia era chamada “poesia elevada”, por conta de sua narrativa em torno de grandes feitos. Após a invasão romana, que incorporou a cultura grega na civilização latina, o gênero épico viajou pelos séculos e chegou a ser dividido em duas fases: epopeia primária e epopeia secundária.
Características da epopeia
Visto que esse gênero é marcado por aventuras e heroísmo, a epopeia é majoritariamente caracterizada por um herói como protagonista. Contudo, esse personagem não é valorizado por sua performance individual, e sim por representar todo o povo ao qual pertence. Logo, o poema épico possui teor nacionalista.
Além do herói virtuoso, da romantização de acontecimentos históricos e da exaltação de ações nobres, a epopeia conta com temas, elementos e estrutura característicos e muito bem delimitados. Por exemplo, o poema épico sempre será protagonizado por um habilidoso herói e contará com a presença do sobrenatural ou mítico.
Ademais, aquele que narra a epopeia o faz em terceira pessoa, ou seja, é um narrador onisciente. Estruturado em estrofes e versos que resultam em cantos ou livros, o poema épico conta com uma linguagem objetiva. Abaixo é possível conferir maiores detalhes quanto a sua estrutura e elementos.
Estrutura
Dividida em cinco partes, a epopeia conta com uma estrutura fixa marcada por:
- Proposição (ou exórdio): introdução na qual o poeta apresenta o herói e o tema;
- Invocação: parte do poema em que o herói solicita auxílio e inspiração dos deuses e musas;
- Dedicatória: segmento dedicado a alguém, mas há quem diga que seu uso é facultativo;
- Narração: narração dos feitos heroicos vividos pelo protagonista;
- Epílogo: conclusão da obra.
Elementos
Além da estrutura fixa, a epopeia conta com alguns elementos narrativos essenciais, sendo eles:
- Narrador: eu lírico que narra a história, mas nunca tira o foco da apresentação dos fatos;
- Enredo: manifestação da ação e da sucessão de acontecimentos de maneira progressiva;
- Personagens: figuras moralmente elevadas e divididas em principais e secundárias;
- Tempo: período em que decorrem os fatos;
- Espaço: local ou locais onde os episódios são ambientados.
Exemplos famosos de epopeia
Embora tenham entrado em decadência no século XVIII, os poemas épicos são bastante estudados e analisados até hoje. Inclusive, dentre os exemplos mais famosos de epopeia estão a Ilíada e a Odisseia, narrativas nas quais Homero descreve, respectivamente, a Guerra de Troia e o retorno do guerreiro Ulisses para casa.
Além de Homero, outro importante poeta épico é Virgílio que em Eneida conta a origem da civilização romana. Já na fase da epopeia secundária existe Luís Vaz de Camões e seu poema Os Lusíadas, no qual são relatadas as conquistas portuguesas durante o período das grandes navegações.
Por fim, no Brasil do século XVIII, Frei José da Santa Rita Durão e Basílio da Gama são nomes de destaque por suas respectivas epopeias, Caramuru e O Uruguai. Aliás, vale pontuar que ambos escritores pertencem ao Arcadismo brasileiro.
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Fontes: Toda Matéria, Brasil Escola, Mundo Educação, Português.
Imagens: Revista CULT, Cristina Gottardi, Minimore, em minúscula.