Dom João VI foi Príncipe Regente de Portugal e rei do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves. Logo após, em 1825, tornou-se rei de Portugal.
Dom João era o segundo filho de D. Maria I e do rei Dom Pedro III. Se tornou o primeiro da lista de sucessão após a perda de seu irmão mais velho, Dom José de Bragança.
Logo em seguida, foi nomeado Príncipe-Regente, em 1792, após sua mãe ficar doente e, logo após seu falecimento, foi aclamado Rei de Portugal, em 1818.
Casou-se com a princesa espanhola D. Carlota Joaquina de Bourbon, com quem teve nove filhos, incluindo Pedro I, que se tornaria futuro imperador do Brasil.
O início do Reinado de Dom João VI
Incapacitada de governar por conta de sinais de instabilidade mental, o que ocorreria após o falecimento do esposo, a rainha D. Maria I cedeu a regência do Reino a João VI, que assumiu o poder, em 1799.
A partir de então, ele se tornou Dom João VI e assumiu também o titulo de Rei do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, em cerimônia no Rio de Janeiro.
O domínio de Napoleão e a postura de Portugal
A partir de 1789, com a Revolução Francesa, ideais iluministas e liberais passaram a prosperar na Europa, promovendo uma reflexão acerca do poder destinado nas mãos dos monarcas.
O maior resquício do legado dessa revolução foi o reinado do imperador Napoleão Bonaparte, que se inspirou no movimento para conquistar grande parte do território europeu, incluindo Portugal. Além disso, foram impostas condições na comercialização com a Inglaterra, seu maior objetivo de conquista.
Como resultado, mais tarde, a corte Portuguesa de Dom João VI se transferiu para o Brasil. Dessa maneira, Bonaparte decretou, em 1806, o Bloqueio Continental, que consistia em um decreto que proibia as demais potências econômicas de comercializarem com a Inglaterra
Isso porque, Napoleão temia o risco de ter suas terras invadidas, como ocorreu com Portugal, que se negou a obedecer a ordem, por conta da boa aliança política com os britânicos.
A partir de então, Napoleão se uniu ao rei da Espanha, Carlos IV, para negociar a invasão de Portugal por terras espanholas, seguindo até a capital lusitana Lisboa.
O acordo ficou conhecido como Tratado de Fontainebleau, que determinou também a divisão do território português entre franceses e espanhóis.
Acuado, Dom João VI precisou decidir entre ficar em Portugal, e perder a coroa, ou fugir para uma de suas colônias e manter o trono.
A corte de Dom João VI foge para o Brasil
Após pressão de ingleses e da sua própria corte, Dom João decidiu embarcar para o Brasil com 12 mil pessoas, além de 21 navios comerciais, trazendo consigo documentos, móveis e uma imensa e rica biblioteca, que hoje faz parte da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.
A saída ocorreu em 27 de novembro de 1807, com chegada primeiro em Salvador, na Bahia, na data de 22 de janeiro de 1808. Nesse meio tempo, foi instituída a primeira Faculdade de Medicina do Brasil e decretada a Abertura dos Portos às Nações Amigas.
Para consumar a decisão, foi assinada a Carta Régia uma semana após a chegada da Família Real ao Brasil. Nela, o governante tratou das entradas e saídas de mercadorias das capitanias brasileiras.
A partir de então, qualquer produto transportado em navios poderia dar entrada em território brasileiro, desde que o país pagasse uma taxa de 24% sobre o valor da mercadoria e estivesse em termos de paz com Portugal.
A chegada no Rio de Janeiro
A estadia da família real no Rio de Janeiro trouxe muitas conquistas para a então capital do país. O desembarque ocorreu em 8 de março de 1808, no antigo cais do Largo do Paço, na atual Praça XV.
Em 1º de abril daquele ano, a Corte decretou a liberdade de comércio no Brasil e revogou a proibição da construção de novas fábricas. Logo após, criou o ensino médico na capital em 28 de abril e, em 10 de maio, a Casa de Suplicação, que teria a função de tribunal superior cabendo ao desembargador legislar e interpretar as leis.
Ademais, ocorreram outras conquistas como a fundação da Imprensa Nacional, órgão atualmente responsável por imprimir os documentos oficiais do governo, a criação do Jardim Botânico e a criação do primeiro jornal brasileiro, a Gazeta do Rio de Janeiro.
Guerras, batalhas e rebeliões
Por outro lado, o mandato de Dom João VI também foi marcado por muitas rebeliões, como a ocupação da Guiana Francesa, que contou com o apoio da esquadra inglesa pelo mar. Em 15 de dezembro de 1808, as tropas lusitanas travaram seu primeiro combate às margens do rio Aproak.
Em 6 de janeiro de 1809, as tropas conquistam o Forte Diamante na Guiana e, em seguida, o Forte Degrad-des-Cannes. No dia 12 do mesmo mês, o governador francês da Guiana assinou a rendição.
De maneira idêntica, outra reinvindicação bem sucedida, que pôs em xeque a administração da coroa portuguesa no Brasil, foi a Revolução Pernambucana.
O combate durou 75 dias e teve finalidade emancipatória, com a luta de trabalhadores pelo fim do aumento de impostos e ocupação de cargos públicos nacionais por portugueses.
Retorno à Portugal
Com o fim da dominação napoleônica em 1815, a partir da Batalha de Waterloo, ocorreu a redistribuição de terras pelo Congresso de Viena. Como resultado, não havia mais motivos para a permanência da corte portuguesa no Brasil.
Todavia, o que se observou foi uma resistência de Dom João e sua corte no retorno às terras portuguesas. O contexto histórico da época reconheceu o início de uma revolução, em 1820, que implantou o Constitucionalismo em Portugal.
Entre outros motivos, a Revolução Liberal do Porto exigia a promulgação de uma nova constituição e a volta da família real a sua terra natal.
Sob pressão, Dom João VI e família voltaram para Portugal, onde se viram pressionado a aceitar a Constituição. Entretanto, antes de voltar, deixou seu filho Dom Pedro I como Príncipe-Regente do Brasil.
Posteriormente, houve um movimento interno que apoiaria a declaração da independência do Brasil pelo novo imperador. O fato é que a Proclamação da República ocorreu em 7 de setembro de 1822, mas só foi reconhecida pela corte portuguesa em 1825.
Por fim, Dom João VI faleceu em 1826, deixando em aberto a sucessão da coroa portuguesa. O fato gerou conflitos entre seus filhos Pedro e Miguel pelo comando do pais.
Curiosidades de Dom João VI
As fontes históricas da época afirmam que Dom João VI e sua esposa, Carlota Joaquina, eram infelizes no casamento e sequer dividiam o mesmo teto.
Em contrapartida, há relatos de que a mesa de jantar de cada um deles tinha no mínimo 12 pratos, divididos entre sopa, cozido, arroz, assados e massas, além de contar com frutas, queijos, pães e doces.
Muito se comenta que o governante gostava de muito de comer frangos, cerca de seis por dia, acompanhado de torradas. Tudo isso dividido ao longo das refeições, no almoço, lanches da tarde e jantar.
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Fontes: Monarquia, Toda Materia, Aventuras na História, History Uol
Imagens: Aventuras na História, Câmara dos Deputados, Toda Materia, Vazlon Brasil, O Eco, Causa Operaria, Dourados Agora, Vortex Mag