Dentre todos os seres vivos, os cnidários são os primeiros animais a apresentarem uma cavidade digestiva no corpo. Fato é, isso que gerou o nome celenterado, para demarcar a importância evolutiva dessa estrutura.
Assim, a presença dessa cavidade proporcionou aos animais ingerirem maiores alimentos. Pois, o alimento digerido é reduzido em pedaços menores, antes de serem absorvidos pelas células.
Para além disso, você sabia que os cnidários possuem simetria radial? Parece bizarro, mas eles também foram os primeiros seres vivos a terem tecidos verdadeiros. Entretanto, não chegam a formar órgãos.
Basicamente, neste filo existem dois tipos morfológicos de indivíduos. Isto é, as medusas, que são nadantes, e os pólipos, que são sésseis. Com isso, eles podem formar colônias, como os corais (sésseis) e as caravelas (flutuantes).
Neste filo existe um tipo especial de célula, a chamada cnidócito. Essencialmente, ela está presente por toda a superfície do animal, apesar de aparecer em maior quantidade nos tentáculos. Vale lembrar que são essas células responsáveis de gerar queimaduras nos seres humanos, ou qualquer outro animal que as tocar. Pois quando tocada, o cnidócito libera uma substancia chamada nematocisto, que serve de defesa ao animal. Além disso, eles conseguem paralisar imediatamente os pequenos animais capturados por seus tentáculos.
Foi a presença do cnidócito que deu o nome ao filo Cnidaria (que têm cnida = urtiga).
Digestão
Em resumo, tanto pólipo quanto a medusa, apresentam uma boca, mas não possuem um ânus. Assim, quando ingerem o alimento pela boca, ele cai na cavidade gastrovascular. Logo, é parcialmente digerido e distribuído (daí o nome gastro, de alimentação, e vascular, de circulação). Após a fase extracelular da digestão, o alimento é absorvido pelas células que revestem a cavidade gastrovascular, completando a digestão.
Portanto, a digestão é em parte extracelular e intracelular. Com isso, os restos que não são aproveitados são liberados pela boca. Enquanto isso, na região oral, estão os tentáculos, que participam da captura de alimentos.
Estrutura
Os cnidários são revestidos por camadas. Essencialmente é a epiderme, que fica externamente, e a gastroderme, que reveste a cavidade gastrovascular. Além disso, entre essas camadas, existe a mesogleia, que existe em abundancia e traz um aspecto gelatinoso nesses animais.
De antemão, a epiderme e a gastroderme são camadas celulares vindas de tecidos embrionários, denominados folhetos germinativos. Assim, a epiderme deriva do folheto germinativo chamado ectoderme, que reveste externamente o corpo do embrião; e a gastroderme deriva do folheto endoderme, que reveste o tubo digestivo do embrião. Portanto, os cnidários são considerados animais diblásticos.
Enquanto, os poríferos já foram considerados diblásticos por diversos livros, outros já o consideram como ablásticos. Porém, fato é, os poríferos se desenvolvem somente até a blástula. Logo, não formam folhetos embrionários, o que explica a não formação de tecidos verdadeiros no filo.
Com isso, os demais animais são triblásticos ou triploblasticos, já que possuem três folhetos germinativos: a ectoderme, a endoderme e a mesoderme, que se desenvolve entre a ecto e a endoderme.
Sistema nervoso e locomoção
Para completar o pioneirismo desse filo, os cnidários são os primeiros animais a possuírem células nervosas. Com isso, nesses animais, os neurônios estão difusos pelo corpo, devido a condição primitiva entre os animais.
Ainda por cima, possuem capacidade de locomoção, já que podem contrair e estender o corpo. Trazendo, portanto, mais um pioneirismo.
Diferentemente dos poríferos, que são animais que vivem fixos ao substrato, não apresentando deslocamentos.
Assim, os pólipos têm uma capacidade de locomoção reduzida, podendo ser do tipo “mede-palmos” ou “cambalhota”. Enquanto, nas medusas, a locomoção é mais ativa, sendo realizada por um mecanismo denominado jato propulsão. Isto é, as bordas do corpo se contraem, e a água acumulada na fase oral da medusa é expulsa em jato, provocando o deslocamento do animal no sentido oposto.
Tal capacidade, deve-se à presença de células especiais com funções de contração e distensão. Entretanto, não são células musculares verdadeiras, na medida em que estas surgem a partir da mesoderme, que só ocorre em animais triblásticos.
Respiração
Os cnidários não possuem sistema respiratório. Basicamente, as trocas gasosas ocorrem diretamente entre cada célula e o meio, através de difusão.
Reprodução
Os cnidários podem apresentar reprodução assexuada e sexuada.
Assim, a reprodução assexuada ocorre por brotamento. Basicamente, na superfície do corpo existem brotos que ao se desenvolverem, desprendem-se e originam novos indivíduos. Frequentemente, esse tipo de reprodução é comum em hidras de água doce e em algumas anêmonas marinhas.
Enquanto isso, a reprodução sexuada é possível graças a existência de cnidários dioicos (sexos separados) ou monoicos (hermafroditas).
Aqui, há formação de gametas masculinos e femininos. Dessa forma, o macho libera seus espermatozoides na água, os quais fecundam o óvulo feminino, presente na superfície corporal.
Porém, o mais comum é os gametas se encontrarem na água, ocorrendo a fecundação externa. Logo, o zigoto se desenvolve e não existe fase larval. Para além disso, alguns cnidários podem apresentar alternância de gerações. Ou seja, eles apresentam uma fase de pólipo, em que apresentam reprodução assexuada e outra fase de medusa, com reprodução sexuada.
Classes dos Cnidários
Os cnidários são divididos em quatro classes: Anthozoa, Hydrozoa, Scyphozoa e Cubozoa.
Anthozoa
A classe Anthozoa é a com o maior número de espécies. Aqui neste grupo só existem pólipos marinhos. O grande representante do grupo é a anêmona-do-mar, um animal cilíndrico, cuja base é fixa em algum substrato. Além disso, ainda há os corais. Basicamente, eles são colônias de pólipos que podem conter até 100 mil indivíduos. Por isso, os corais são caracterizados pela elevada biodiversidade.
Hydrozoa
As hidras habitualmente permanecem imóveis. Assim também, podem ser confundidas com a vegetação, principalmente pela cor esverdeada de seu corpo. A qual se deve pela presença de algas verdes unicelulares no seu interior. Basicamente, elas movimentam seus tentáculos, capturando suas presas, entre elas a pulga d’água.
Scyphozoa
Aqui entra a água-viva. Essencialmente, ela tem uma aparência de um prato invertido, com a boca em posição inferior e as bordas dotadas de muitos tentáculos. Apresenta de 2 a 40 cm de diâmetro e as mais variadas cores. Dessa forma, é móvel e possui o corpo bastante mole. Para completar, seus tentáculos não devem ser tocados, pois podem causar queimaduras graves.
Além disso, ainda há as caravelas. Isto é, estruturas flutuantes, semelhante a uma bolsa de gás, com mais de 20 cm de diâmetro, seus tentáculos podem medir até 9 m de comprimento. Bem como as águas-vivas, as caravelas também possuem células urticantes, que podem causar uma dolorosa queimadura na pele ou até provocar a morte de alguns animais.
Cubozoa
Os cubozoários são cnidários na forma de medusas de corpo incolor, altamente venenosos. Em suma, são animais predadores e bons nadadores. Por outro lado, é o grupo menos estudado e possuem apenas 20 espécies.
O representante mais conhecido é a vespa-do-mar (Chironex fleckeri). Acredite, esse é o animal com o veneno mais letal do mundo, estima-se que a sua toxina seja capaz de matar 60 humanos adultos.
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Fontes: Toda Matéria e Só Biologia
Imagem destacada: Bio Explica
Imagens: Segundo Ano Biologia, Beduka