Vladimir Herzog (Vlado Herzog – nome de origem) foi um jornalista, dramaturgo e professor judeu, naturalizado brasileiro. Assim que chegou ao Brasil, fez carreira no jornalismo em plena ditadura militar, até o ano de 1970, quando então se tornou diretor de jornalismo.
Porém, o nome de Vladimir Herzog tornou-se central no cenário brasileiro, pois o jornalista foi torturado e assassinado pelo regime militar. O acontecimento deixou mais visível as atrocidades que se cometiam nos quartéis generais e nas instalações policiais. Neste contexto, a morte de Herzog se tornou um ícone de resistência.
Herzog foi muito atuante na cena cultural e jornalística brasileira, mais especificamente em São Paulo. Todavia, na década de 70, ele assumiu a direção do departamento de telejornalismo da TV Cultura e também foi professor de jornalismo na Escola de Comunicação e Artes (ECA), da Universidade de São Paulo.
Biografia de Vladimir Herzog
O jornalista Herzog nasceu na cidade de Osijek, na Iugoslávia, filho de um casal de origem judaica, Zygmunt Herzog e Zora Wollner. Durante a Segunda Guerra Mundial, para escapar do antissemitismo, seus pais fugiram, primeiro, para a Itália, onde viveram clandestinamente, e posteriormente vieram para o Brasil, quando então a Segunda Guerra havia terminado.
Antes de se tornar jornalista, Vladimir Herzog estudou filosofia na Universidade de São Paulo e se formou em 1959. Em seguida, depois de formado, trabalhou em importantes órgãos da imprensa brasileira, um deles, o Estado de São Paulo. Vale lembrar que, nessa época, ele passou a assinar o jornal como Vladimir em vez de Vlado, seu nome original, por se tratar de um nome um tanto exótico para o Brasil.
Além disso, o jornalista também chegou a trabalhar na BBC de Londres e, na década de 1970, assumiu a direção da TV Cultura, no departamento jornalístico. Nessa mesma época, ele atuou como dramaturgo e, posteriormente, se vinculou ao partido comunista, onde passou a atuar politicamente contra a ditadura militar.
Herzog Cineasta e Roteirista
Seguindo a trajetória dos jovens intelectuais da década de 1950, Vlado foi cursar Filosofia na Universidade de São Paulo. Assim, como também tinha paixão por cinema, viajou com seu amigo, Maurice Capovilla, para a Argentina. Nesse sentido, entraram em contato com o Instituto de Cinematografia de Santa Fé, relacionado a Fernando Birri.
Portanto, esse Instituto foi criado por Fernando Birri, cineasta argentino, na Universidade Nacional do Litoral. Em seguida, Birri se tornou um grande amigo de Herzog, em suas relações com a criação do “Cinema Novo”, que envolvia vários cineastas e intelectuais no Brasil e na América Latina, entre eles Glauber Rocha.
Dessa forma, o envolvimento de Vladimir Herzog com o cinema resultou em diversos trabalhos, entre eles o filme “Marimbás” ( 1963), o qual foi o primeiro a usar som direto. Além disso, também gerenciou o curta-metragem “Subterrâneos do Futebol” (1965), de Capovilla, e iniciou o roteiro do filme “Doramundo”.
Jornalista
A sua carreira de jornalista começou paralelamente com o cinema. Assim, juntamente com o jornalista Luís Weis, estagiou no jornal O Estado de São Paulo, em 1958, sendo contratado no ano seguinte. Contudo, trabalhava meio período no banco para custear suas despesas, e ainda não tinha um engajamento político, ou seja, não era um iniciado no mundo da política.
Portanto, esse engajamento aconteceu com a vinda do pensador francês Jean-Paul Sartre, para o Brasil. Assim, como repórter, Herzog acompanhou esta visita detalhadamente. Neste sentido, o engajamento político de Herzog aconteceu, de fato, com a influência do pensador e filósofo Sartre, pai do existencialismo.
Em plena luta de engajamento e resistência, Vladimir Herzog se casou com a estudante de ciências sociais Clarice Chaves, em 1964. Contudo, por conta do Golpe Militar, o casal partiu para o exílio em Londres. No ano seguinte, Herzog iniciou como jornalista na BBC, onde realizou transmissões para o Brasil. Posteriormente, quando retornou ao Brasil, Herzog trabalhou na revista Visão e na TV Cultura.
O assassinato de Vladimir Herzog
Vladimir Herzog foi assassinado no dia 25 de outubro de 1975, num antigo prédio na rua Tomás Carvalhal. Nessa rua funcionava o Destacamento de Operações de Informações (DOI),departamento do Centro de Operações de Defesa Interna (CODI). Neste sentido, este órgão era subordinado à segunda divisão de Exército.
Um dia antes de sua morte, o jornalista foi procurado por dois agentes que pretendiam levá-lo para “prestar depoimento” sobre suas supostas ligações com o Partido Comunista Brasileiro que funcionava na clandestinidade desde o Golpe Militar de 1964. Contudo, após uma tensa negociação, Vlado concordou em se apresentar espontaneamente na manhã seguinte.
Assim, Vladimir Herzog chegou à sede do DOI-CODI às 8 horas e foi encaminhado para o interrogatório. Assim, foi encapuzado, amarrado e uma cadeira, sufocado com amoníaco, submetido a espancamento e choque elétricos.
Neste sentido, seguiu-se a rotina do que era praticado a vários presos políticos. Vale lembrar que esses centros de torturas eram financiados por empresários que patrocinam ações repressivas como a operação Bandeirante.
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Imagens: Itaú Cultural, Extático e História no Point