O pensamento socialista se desenvolveu no século XIX como forma de fortalecer os movimentos operários. Nesse sentido, o cenário era de força para trabalhadores e crescimento de ideais de lutas de classe. Foi aí, então, que a Igreja Católica decidiu entrar na discussão política com uma nova proposta: o socialismo cristão.
Com a necessidade de se fortalecer e de adaptar pensamentos socialistas aos valores cristãos, líderes católicos passaram a discutir a relação entre operários e burgueses. Ao mesmo tempo, correntes de pensamento defendiam que a religião era algo prejudicial o que preocupava a Igreja.
Mas, o que exatamente é o socialismo cristão? É isso que vamos entender a partir de agora!
Origem do socialismo cristão
O padre católico francês Robert de Lamennais foi o primeiro pensador que deu origem às ideias do socialismo cristão. Mais tarde, Charles Kingsley liderou o movimento na Inglaterra.
Já na parte continental da Europa, Le Play e Villeneuve-Bargemont lideravam a corrente de pensamento. Conheça também a história e as ideias de Karl Marx.
Assim como outras formas de socialismo, o socialismo cristão também defendia melhores condições de trabalho para classes operárias. Contudo, essas melhorias eram baseadas não em luta, mas nos ensinamentos de Cristo.
Em 1891, o papa Leão XIII publicou a Rerum Novarum. De acordo com a encíclica, ficava evidente a oposição da Igreja às ideias de luta de classe pregadas pelo marxismo. Para o papa, a moral e o amor dos cristãos poderia criar a justiça social e eliminar desigualdades entre empregados e empregadores.
Ideais do socialismo cristão
Ainda que reconheça os problemas que permeiam a vida dos operários, o socialismo cristão condena as soluções marxistas. Segundo a encíclica “Rerum Novarum”, são conceitos injustos, que desestimulariam o trabalho, criariam conflitos e, eventualmente, ainda mais miséria.
Sendo assim, para o socialismo cristão, a verdadeira relação de trabalho deve ser de colaboração entre as partes. Por um lado, os burgueses mais ricos devem ficar atentos para os riscos e tentações da riqueza. Por outro, os pobres operários devem se lembrar que ser pobre ou trabalhar não é motivo de desonra.
Esses pensamentos de Leão XIII foram mais trabalhados com o papa Pio XI. Com base no marxismo-leninismo da Rússia e no fascismo da Itália, o papa listou os pontos fundamentais da luta de classes. São eles: regime de co-propriedade na empresa, regime de co-gestão, na administração da empresa, regime de propriedade particular e justiça social. Conheça também os pensamentos do socialismo utópico.
Doutrina social
Mais tarde, João XXIII foi chamado de Papa Socialista por ter ampliado a doutrina social da Igreja. Em 1958, a encíclica “Pacem in terris” sintetizou a posição da instituição diante das relações humanas, seus direitos e deveres, relações com o Estado e entre Estados.
Em resumo, o documento defende a igualdade, citando empregos para todos, igualdade racial e até mesmo serviços públicos, como a previdência social. Além disso, defende a existência de um governo mundial e condena o que chama de falsas doutrinas, como o comunismo.
Com o passar do tempo, os problemas sociais foram preocupação de diversos membros da Igreja. Já no século XX, o Concílio Vaticano II voltou a afirmar o papel do cristão no âmbito social e político. Ao mesmo tempo, o movimento da Teologia da Libertação levou fiéis cristãos ao envolvimento com projetos sociais e discussões políticas dentro de suas paróquias.
Atualmente, setores mais conservadores da Igreja acreditam que a instituição deva se restringir a temas de ordem espiritual. Além disso, a transformação da mentalidade que valoriza o imediatismo do conforto material e a salvação individual distanciou ainda mais a Igreja dos valores mais politizados. Leia também sobre os jesuítas e sua atuação no Brasil.
Fontes: Brasil Escola, Ricardo Bergamini
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