Simbolismo: O que é, contexto, características, principais autores e obras

Em resumo, o Simbolismo foi um importante movimento literário do final do século. Ele foi iniciado na metade do século XIX a fim de ser uma resposta à tendência intelectual de matriz positivista e ao cientificismo.

Simbolismo- O que é, características, principais autores e obras

Em resumo, o Simbolismo foi um importante movimento literário do final do século. Primordialmente ele foi iniciado na metade do século XIX, a fim de ser uma resposta à tendência intelectual de matriz positivista e ao cientificismo.

Principalmente nessa época, ela foi representada pela busca do resgate de alguns valores do Romantismo, que como resultado acabaram sendo esquecidos pelo Realismo.

Primeiramente, a ideia principal que rondava era de que não apenas a arte mas também a literatura não deveriam ser retratadas apenas sob o ponto de vista da realidade. A saber, Baudelaire, Camilo Pessanha, Cruz e Souza foram alguns dos autores que reproduziram tal estética.

Aliás, assim como o parnasianismo, o simbolismo tem sua origem na França e seu principal poeta foi Mallarmè. Como resultado, as obras desse movimento literário transmitem emoções, pessimismos e imprecisões. Todavia mesmo na França, onde se originou, o simbolismo foi um movimento curto e conturbado.

Características do simbolismo

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Eventualmente ao contrário dos parnasianos que reguardavam o rigor formal do verso, os simbolistas inesperadamente buscavam uma poesia voltada a efeitos sonoros, até com certa musicalidade. Por isso, figuras de linguagem eram comuns. Certamente os poetas simbolistas rejeitavam o rigor e a disciplina parnasiana.

Ademais, algumas das principais características da linguagem simbolista são:

  • Subjetivismo;
  • Misticismo, religiosidade;
  • Pessimismo, dor de existir;
  • Uso de figuras de linguagem;
  • Antimaterialismo e anti-racionalismo;
  • Retomada de elementos do Romantismo;
  • Transcendentalismo;
  • Interesse pelas zonas profundas da mente humana e pela loucura;
  • Cultivo de formas fixas para o poema, especialmente do soneto;
  • Linguagem simbólica, sugestiva.

Simbolismo em Portugal

A princípio a publicação da obra Oaristos (1890), de Eugênio de Castro foi certamente o marco do simbolismo lusitano e surge num momento de crise política e econômica em Portugal. Apesar de ser bastante criticado, Eugênio se tornou um dos maiores nomes do Movimento Simbolista de Portugal.

Eugênio de Castro

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Escritor Eugênio – Fonte: clubepatrimoniogeniosdecastro

Inegavelmente, Eugênio de Castro foi pioneiro no Movimento do Simbolismo em Portugal. Todavia as suas maiores obras foram: Cristalizações da morte e Horas tristes.

Em suma, o movimento Simbolismo em Portugal inegavelmente está intimamente relacionado com o momento de depressão que dominava aquela época. Afinal naquele momento haviam crises tanto da monarquia como também crises econômicas.

Todavia, leia agora uma poesia de Eugênio:

Um Sonho 

Na messe, que enlouquece, estremece a quermesse…

O sol, o celestial girassol, esmorece…

E as cantilenas de serenos sons amenos

Fogem fluidas, fluindo à fina flor dos fenos…

As estrelas em seus halos

Brilham com brilhos sinistros…

Cornamusas e crotalos,

Cítolas, cítaras, sistros,

Soam suaves, sonolentos,

Sonolentos e suaves,

Em suaves,

Suaves, lentos lamentos

De acentos

Graves,

Suaves… (…)

Camilo Pessanha

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Camilo Pessanha – Fonte: blogdocastorp

Igualmente, Camilo Pessanha também foi bem influente no movimento, pois foi considerado por muitos o escritor que escreveu os melhores conjuntos de poemas do simbolismo.

A saber, exerceu até uma grande influência na geração de Orfeu do Modernismo. Acima de tudo, sua principal obra foi conhecida como Clepsidra.

Da mesma forma, leia Caminho, do autor Camilo Pessanha:

Caminho 

Tenho sonhos cruéis; n’alma doente

Sinto um vago receio prematuro.

Vou a medo na aresta do futuro,

Embebido em saudades do presente…

Saudades desta dor que em vão procuro

Do peito afugentar bem rudemente,

Devendo, ao desmaiar sobre o poente,

Cobrir-me o coração dum véu escuro!…

Porque a dor, esta falta d’harmonia,

Toda a luz desgrenhada que alumia

As almas doidamente, o céu d’agora,

Sem ela o coração é quase nada:

Um sol onde expirasse a madrugada,

Porque é só madrugada quando chora.

Simbolismo no Brasil

Cruz e Sousa

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Cruz e Sousa – Fonte: jornalggn

Assim como em Portugal, no Brasil também houveram grandes autores como: Cruz e Sousa e Alphonsus de Guimaraens.  Em princípio, o simbolismo no Brasil surgiu em 1893 com a publicação de “Missal” e “Broquéis“, de Cruz e Souza.

Aliás, o movimento do simbolismo no Brasil surgiu como influência para o teatro e as artes plásticas, além da literatura. Como resultado, Cruz e Sousa foi um dos precursores do Movimento do Simbolismo no Brasil. Suas principais obras foram: Broquéis, Faróis e Últimos sonetos.

Leia o soneto A Morte:

A Morte

Oh! que doce tristeza e que ternura

No olhar ansioso, aflito dos que morrem…

De que âncoras profundas se socorrem

Os que penetram nessa noite escura!

Da vida aos frios véus da sepultura

Vagos momentos trêmulos decorrem…

E dos olhos as lágrimas escorrem

Como faróis da humana Desventura.

Descem então aos golfos congelados

Os que na terra vagam suspirando,

Com os velhos corações tantalizados.

Tudo negro e sinistro vai rolando

Báratro a baixo, aos ecos soluçados

Do vendaval da Morte ondeando, uivando…

Alphonsus de Guimaraens

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Alphonsus de Guimaraens – Fonte: oglobo

Inesperadamente Alphonsus de Guimaraens tinha uma característica própria. A saber, em seus textos continham características místicas e envolvimento com a religiosidade católica. Aliás, sua poesia quase toda era voltada acima de tudo para o tema da morte da mulher amada.

Além disso, mesmo que preferisse o verso decassílabo, às vezes ele chegou a explorar outras métricas, particularmente a redondilha maior, de tal forma que fosse terminado em sete sílabas métricas. Em suma, suas principais obras foram: Câmara ardente, Dona Mística e Mendigos.

Leia Dona Mística:

Dona Mística

Piedosa: o olhar nunca baixou à terra

Fitava o céu, porque era pura e santa …

Tinha o orgulho fidalgo de uma Infanta

Que entre escudeiros e lacaios erra.

Deusa nenhuma, por mais alta, encerra

Em si, talvez, misericórdia tanta:

Ainda hoje na minha alma se alevanta

Como uma cruz no cimo de uma serra.

Foi-lhe a vida um eterno mês-de-maio.

Cheio de rezas brancas a Maria,

Que ela vivera como num desmaio.

Tão branca assim! Fizera-se de cera …

Sorriu-lhe Deus e ela que lhe sorria,

Virgem voltou como do céu descera.

Enfim, gostou de conhecer mais sobre o Simbolismo? Com toda certeza você vai eventualmente gostar de ler ainda mais sobre o Pré-Modernismo, o que é, características e os autores que brilharam.

Fontes: InfoEscola, BrasilEscola, MundoEducação

Fonte da imagem destaque: EstudoPratico

Imagem: Meisterdrucke

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