A Rússia foi um dos países pioneiros a atravessar a consolidação do regime comunista na Europa, o que resultou no fortalecimento do sistema político entre os seus países vizinhos, culminando na criação da União Soviética (URSS). Foi esse movimento que impulsionou a Revolução Ucraniana no início do século XX.
O contexto histórico vivenciado pelo continente era de enfraquecimento do sistema capitalista e do nacionalismo, muito por conta dos prejuízos econômicos e sociais desencadeados pela Primeira Guerra Mundial (1914-1918).
Nesse sentido, os líderes ucranianos viram no comunismo uma alternativa para, entre outros ideais, promover o fim da luta de classes e a distribuição igualitária das terras.
Confira abaixo como esse sistema tentava se estabelecer na Ucrânia, suas características e conheça ainda as razões que levaram o país a enfrentar uma grave crise política em 2014.
Contexto histórico da revolução ucraniana
Dessa forma, a primeira tentativa de implantação do regime comunista ocorreu ainda durante a Revolução Russa, sob influência do anarquismo. Essa corrente rejeitava qualquer forma de autoridade e defendia o fim do Estado, em prol de organizações econômicas e sociais voluntárias.
Nesse sentido, um regime comandado pelo líder Nestor Makhno foi instaurado, dando início a Revolução Ucraniana. Suas medidas iniciais foram a redistribuição das terras dos latifundiários entre os camponeses mais pobres.
Com um exército forte, o novo governo (mesmo que provisório) manteve a tranquilidade por um breve momento e deu poder aos camponeses em uma espécie de reforma política e social.
Contudo, o comando absoluto do Estado durou pouco, até 1919. Foi nesse período que o Exército Vermelho desafiou a hierarquia do governo de Makhno, enviando representantes ao IV Congresso Regional de Guiai-Pole. Essa medida provocou atritos entre russos e ucranianos, o que gerou a batalha entre Makhno (anarquista) e Denikin (comunista), general do Império Russo.
A consolidação e o fim da Revolução Ucraniana
Em seguida, o que se observou foi a consolidação do anarquismo na Rússia, das mãos de Makhno. Primeiramente, ele ordenou que o povo tivesse liberdade para agir como quisesse. Dessa forma, variados jornais foram criados com diferentes posições ideológicas e políticas, o que desagradou o alto comando ucraniano.
Iniciava a ruína de Makhno e da anarquia na Ucrânia. Isso porque, ao contrário dos camponeses, os operários urbanos passaram a reprovar as condutas do governo e este foi declarado ilegal. Novamente, o Exército Vermelho passou a persegui-lo.
Sob o comando de Leon Trotsky, os russos perseguiram e assassinaram os homens do exército ucraniano, obrigando o líder a se exilar na França. Logo depois, por ordem de Trotsky, o vilarejo de Gulai-Polé foi destruído, dando fim por completo a qualquer resquício da Revolução Ucraniana e abrindo caminho para o surgimento da União Soviética.
A crise ucraniana no século XXI
Em meados de março de 2014, quase um século após a derrocada da Revolução Ucraniana, o país vivia um período de bastante tensão.
Isso porque os moradores quiseram mostrar seu descontentamento com as constantes práticas de corrupção dos governantes, além do fato do então presidente, Viktor Yanukovich, não ter entrado em acordo com a União Europeia (UE).
O conflito teve início quatro meses antes, em 21 de novembro de 2013, quando o governo ucraniano rejeitou o estreitamento de laços com a UE e, de quebra, assinou um acordo com a Rússia.
Isso foi o suficiente para milhares de manifestantes se instaurarem na Praça da Independência da capital Kiev declarando sua indignação com o governo e do lado da instituição europeia.
Dessa maneira, Yanukovich optou por ignorar o povo e assinar um acordo que concedia ajuda econômica aos russos, com a previsão da redução no preço do gás.
Isso foi o suficiente para inflamar ainda mais as manifestações, com direito a pedido de eleições antecipadas e a promulgação de uma nova constituição.
Em um contragolpe, o Executivo aprovou leis contra a liberdade de expressão, o que expandiu ainda mais o alcance geográfico das manifestações, atingindo mais regiões da Ucrânia. Sendo assim, ficou claro que o fracasso da Revolução Ucraniana ainda mantinha resquícios naquela nação.
A queda de Yanukovich e o surgimento de um novo conflito
Apesar da revogação das leis antidemocráticas e do perdão aos revoltosos presos, a situação já estava insustentável.
Foi nesse ínterim que os manifestantes tentaram invadir o Parlamento e prédios oficiais do governo, o que causou conflitos com a polícia. O resultado foi o legado de dezenas de mortos, resultando na queda do presidente Yanukovich.
Após o fim desse conflito, outro tomou conta do país e acirrou as relações com a Rússia: a disputa da Crimeia.
O território foi anexado pelos russos ainda em 2014, sob o comando de Vladimir Putin. Apesar disso, a anexação do território foi considerada ilegal pelas autoridades internacionais, resultando em uma série de sanções à Rússia. Geograficamente, ela pertence à Ucrânia.
Motivo de disputa, o território da Crimeia representa uma saída importante para o Mar Negro, possuindo relevância tanto a ponto de vista comercial quanto militar. Ademais, a região é grande produtora de grãos e vinhos, além de escoar boa parte da produção agrícola local.
Gostou de saber mais sobre a Revolução Ucraniana e a história da Ucrânia? Então, confira mais sobre quem foram os Sovietes.
Fontes: Infoescola, El Pais Brasil, Infoescola, El País Brasil, Brasil Escola
Imagens: Anarquista.net, Aventuras na História, Lit-Qui, DW, Correio braziliense.