Influenciado pelo Calvinismo, o Puritanismo foi um movimento religioso de muita influência na Inglaterra. Em suma, essa doutrina surgiu como reflexo da implantação do Protestantismo na Europa. A mesma pregava a necessidade de pureza e integridade do indivíduo, igreja e sociedade.
Embora na Inglaterra, a mentalidade de “purificação” tenha existido desde o século XIV, foi apenas no século XVI, com a eclosão da Reforma Protestante que o movimento puritano tomou forma. Além de propor uma reforma completa na igreja, o Puritanismo restringia diversas manifestações cerimoniais.
Para o Puritanismo, a Bíblia estava acima de toda e qualquer tradição e autoridade. Logo, quando tentaram reformar a Igreja Anglicana, os puritanos perderam força, foram expulsos da mesma e migraram para a América do Norte. Apesar de ter alcançado seu fim no século XVII, o movimento deixou sua marca na história inglesa.
O Puritanismo nos reinados ingleses
Com o enfraquecimento da Igreja Católica, os cidadãos ingleses acabaram aderindo ao Protestantismo. Porém, o Puritanismo não agradou os monarcas do país.
Como resultado disso, toda uma linhagem de governantes combateu o movimento em seu governo. Mesmo assim, o mesmo exerceu grande influência na história e sociedade britânica.
- Henrique VIII (1509-1547) – criou a Igreja Anglicana e preservou muito da tradição católica;
- Eduardo VI (1547-1553) – foi influenciado pelos reformadores puritanos contrários aos anglicanos;
- Maria I (1553-1558) – perseguição aos líderes “purificadores” marcada pelo derramamento de sangue;
- Elizabeth I (1558-1603) – intensificação disciplinar clerical e estatal contra puritanos;
- James I (1603-1625) – sua formação calvinista deu esperança aos puritanos, mas nada além disso;
- Carlos I (1625-1649) – seguiu reprimindo os puritanos ingleses e presbiterianos escoceses, o que resultou na Guerra Civil Inglesa, também chamada Revolução Puritana.
A Revolução Puritana
Após anos de repressão pela monarquia inglesa, o Puritanismo explodiu, alterando o governo e a sociedade. Assim como mencionado acima, esse movimento foi um efeito direto da Reforma Protestante e o mesmo vale para a Revolução Puritana, principalmente ao que tange a burguesia e aristocracia rural.
Visto que o Puritanismo questionava o direito divino dos reis e rainhas que se diziam escolhidos por Deus, o mesmo representou um grande desafio à monarquia absolutista. Sendo assim, a Revolução Puritana se tratou de uma insurreição religiosa, política, social e econômica. Afinal, os interesses de diversos grupos estavam em guerra.
De um lado, os nobres estavam perdendo espaço no governo, enquanto a burguesia ganhava mais força e simpatizava com os puritanos. Do outro, a Igreja Católica perdia influência e isso afetava a Igreja Anglicana, considerada muito próxima do catolicismo romano o que alimentava exigências de uma reformulação.
Até o fim do governo de Elizabeth I, a situação, apesar de tensa, ficou contida. Porém, as exigências e discordâncias do monarca já formavam base para uma guerra civil. Assim, quando James I ascendeu ao trono inglês e colocou o rei como representante de Deus na Terra e se posicionou acima de qualquer lei, o caos foi instaurado.
Em 1604, o Parlamento questionou a linha de pensamento do monarca e, mais uma vez, os puritanos aproveitaram a brecha para requerer a reforma da Igreja Anglicana. Mais tarde, no governo de Carlos I, em meio a toda essa discordância, Oliver Cromwell entrou em cena.
Oliver Cromwell
Oliver Cromwell pertencia à pequena nobreza e seguia os princípios de um cavalheiro. Em 1640 ele passou a integrar o Parlamento Inglês. Visto que era originário de uma família influente, Cromwell defendia a distinção de classes e era contrário ao nivelamento de cidadãos, uma condição pregada pelos puritanos.
Todavia, apesar de não concordar amplamente com a doutrina do Puritanismo, Cromwell se opunha ao rei Carlos I por conta da tributação do cidadão, insegurança do direito de propriedade e falta de liberdade religiosa. Ademais, mesmo questionando o direito divino do monarca, Cromwell dizia ser escolhido por Deus para destituí-lo.
Dito e feito. No dia 1 de janeiro de 1649, Carlos I foi acusado de “tirano, traidor, assassino, inimigo público e implacável para a comunidade da Inglaterra”. Assim, após ser julgado de forma claramente injusta e parcial, o rei foi condenado à morte por decapitação em uma decisão liderada por Cromwell.
O fim do Puritanismo
Após a morte de Carlos I, aboliram a monarquia na Inglaterra e instauraram uma república. A dissolução do Parlamento fez com que, em 1653 Oliver Cromwell assumisse o poder e o título de Lorde Protetor da República. Esse período ficou conhecido como Commonwealth.
Todavia, após o falecimento de Cromwell, seu filho e herdeiro não conseguiram sustentar o governo e desavenças internas resultaram na restauração da monarquia. Assim, em 1660, Carlos II assumiu o trono e o período da Restauração teve início.
Quanto ao Puritanismo, os dissidentes do mesmo que sobreviveram às perseguições da igreja criaram igrejas batistas, congregacionais e presbiterianas. Apesar do reinado de Guilherme de Orange e Maria ter sido tolerante com os puritanos, muitos deles migraram para os Estados Unidos e ali permaneceram até o Grande Despertamento.
E então, o que achou dessa matéria? Se gostou, confira também: Revolução Gloriosa – O que foi e como transformou a monarquia britânica.