Norma culta, o que é? Conceito, características e variações linguísticas

A norma culta da língua portuguesa é considerada a principal variação, já que é a que mais se aproxima da norma padrão, ou seja, da gramática.

Norma culta: o que é? Como se relaciona com as variações linguísticas?

A norma culta é a praticada em um meio social considerado culto. É a que mais se aproxima da norma padrão, ou seja, da gramática.

Ela é, portanto, a variação-base dos indivíduos de grandes centros urbanos, ao passo que contribui para a uniformização da comunicação efetiva em uma determinada língua.

Antes de mais nada é preciso frisar que o ser humano é um ser social. Isso significa dizer que uma de nossas principais características como espécie é o estabelecimento de relações sociais.

Dessa forma, é correto afirmar que ao longo da nossa evolução, desenvolvemos técnicas para nos comunicarmos com outros seres humanos.

A comunicação verbal é, dessa forma, um instrumento de promoção das relações sociais. É, inclusive, uma das características que nos difere dos animais. O objetivo da língua é, portanto, a comunicação.

Entretanto, a linguagem desenvolvida pelos humanos não é única, ou seja, existem no mundo uma enorme variedade de línguas. E, além disso, existem variações de registro também dentro de uma mesma língua.

Assim, pensando na língua como uma instância que está em constante movimento, a norma culta é, pois, o padrão a ser seguido, ou seja, a principal variação linguística.

Nesse ínterim, por ser a variação estudada na escola, a norma padrão é a que estabelece uma sintonia maior entre os interlocutores.

Norma Culta X Variações Linguísticas

Norma culta: o que é? Como se relaciona com as variações linguísticas?
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Primeiramente, é necessário salientar que, apesar de considerada a principal e mais importante, a norma culta é considerada, entretanto, uma das variações linguísticas.

Ela é extremamente importante para a comunicação efetiva entre os falantes de uma mesma língua, ao passo que padroniza a linguagem, facilitando, assim, a comunicação entre diferentes indivíduos.

Apesar disso, sabemos que a língua é orgânica, ou seja, viva. Ela está em constante movimento. Isso significa dizer que a língua não está presa em livros de gramáticas ou dicionários. Ela está, ao contrário, nas ruas, nos lares, na boca do povo, em diferentes regiões e classes sociais.

Ou seja, devido a questões sociais, individuais, econômicas, regionais, de classe social, entre outras, a língua se desdobra em diferentes formas: as chamadas variações linguísticas.

Assim, à despeito da norma padrão, os falantes, em seus contextos reais de fala, adaptam e moldam a língua de modo a atender suas necessidades comunicativas.

Como somos plurais, a forma de nos comunicar é, igualmente, plural. Estranho seria, entretanto, se falássemos todos da mesma forma, como se fôssemos robôs.

Por isso, dada essa pluralidade de indivíduos em uma mesma sociedade, a língua assume diferentes formas na norma culta. Vejamos algumas delas.

Tipos de variações linguísticas

Norma culta: o que é? Como se relaciona com as variações linguísticas?
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Algumas variações linguísticas da norma culta são:

  1. Variação regional/geográfica: É a que acontece a partir da região em que vivem os falantes. Ela ocorre porque cada região tem seus hábitos, sua cultura e tradições, o que acaba influenciando na língua. Um clássico exemplo de variação regional são as palavras mexerica – tangerina – bergamota. As três palavras significam a mesma coisa em diferentes regiões do Brasil. O mesmo ocorre com mandioca – aipim – macaxeira.
  2. Variação histórica: É a que ocorrem de acordo com a época em que vivem os falantes. É muito comum nos depararmos com palavras em desuso como “supimpa”, ou “vossemecê” (que significa “você”).
  3. Variação social: Essa variação acontece dependendo dos grupos sociais ocupados pelos falantes. Ela ocorre pois os grupos sociais apresentam hábitos, ideologias e costumes diferentes entre si. As gírias e jargões são, dessa forma, exemplos de variação linguística social.
  4. Variação situacional: Um mesmo falante pode flutuar entre diferentes variações linguísticas, dependendo do contexto no qual está inserido. Há momentos em que utilizamos um registro mais formal, pois estamos em uma situação que exige formalidade. Outros momentos, ao contrário, são leves e informais, permitindo a escolha de um registro informal/coloquial.

A norma culta

Norma culta: o que é? Como se relaciona com as variações linguísticas?
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A norma culta é, desse modo, indispensável para o perfeito funcionamento da língua na sociedade. Isso porque ela rege o idioma, ou seja, é em torno dela que as demais variações se tornam possíveis.

Por isso, devemos sempre analisar o contexto de comunicação de modo a escolhermos a variação mais adequada para o momento. Em situações acadêmicas e empresariais, por exemplo, estando nos comunicando oralmente ou por meio da escrita, o mais adequado seria optarmos pela norma culta.

Em contrapartida, em contextos informais de comunicação, quando estamos conversando com amigos, por exemplo, por meio da escrita ou da fala, já nos sentimos mais a vontade para usar de coloquialismos.

Preconceito linguístico

O objetivo da língua é a comunicação, correto? Sob essa perspectiva, seria correto afirmar que se determinado falante conseguir transmitir a mensagem, independentemente do registro escolhido por ele para fazê-lo, o uso da língua está correto.

Editora Contexto

É claro que, como já discutimos, há contextos nos quais a norma culta é a escolha mais adequada. O mais adequado, entretanto, não deve ser sinônimo de certo.

Os conceitos de certo e errado na língua é o que devem, nessa perspectiva, serem problematizados. Isso porque eles vão além de uma questão essencialmente linguística e alcançam aspectos sociais.

Em outras palavras: nem todos os indivíduos têm as mesmas oportunidades de estudo, ou vivem grupos sociais nos quais prevalecem o uso da norma culta. E isso não significa que eles não saibam se comunicar, ou que o façam de forma errada, não é?

Por isso, é necessário que compreendamos que todas as variações linguísticas são importantes, pois contribuem para o enriquecimento da nossa língua e da nossa cultura.

Dessa forma, elas não devem ser consideradas erros ou desvios. Errado mesmo é contribuir, por meio do preconceito linguístico, para a perpetuação da violência e da exclusão social de diversos grupos e indivíduos.

Gostou da matéria? Leia também sobre Língua de Sinais e Funções da Linguagem.

Fontes: CPDEC, Mundo Educação, Nova Escola, Site Norma Culta.

Imagens: Comunidade Rockcontent, In Learning, Educação Digital, Brainly e Editora Contexto

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