O que você sabe sobre a Rússia? Provavelmente, as características mais marcantes e conhecidas sobre o país são a potência militar, a grande extensão territorial e o inverno bastante rigoroso. Porém, nomes como Leon Trotsky (1879-1940) também devem ser lembrados.
Isso porque, politicamente, a Rússia atravessou séculos sob o regime do czarismo, regime autocrata que só viria a ser desfeito por conta da participação do líder socialista que foi um dos responsáveis por implantar a Revolução Socialista no país.
Conheça agora a trajetória do líder revolucionário, quais foram seus aliados e como se deu a implantação do regime socialista, através da Revolução de Outubro de 1917.
Quem foi Leon Trotsky?
Leon Trotsky foi um importante líder da Revolução de Outubro de 1917, que implantou o regime comunista na Rússia e derrubou o governo autoritário dos czares (imperadores).
Lev Davidovich Bronstein nasceu em Ianovka, na Ucrânia, em 7 de novembro de 1879. De origem judaica, o líder buscou fazer parte de movimentos revolucionários desde a juventude, participando da União dos Trabalhadores do Sul da Rússia, sendo preso pela primeira vez aos 18 anos.
A revolta era contra o governo totalitarista do Czar Nicolau II, motivo que o fez participar de agitações políticas, imprimindo e distribuindo folhetos entre estudantes e operários.
Em 1898, foi detido e enviado à Sibéria, ficando preso por dois anos. Durante esse tempo, estudou a obra mais conhecida do intelectual Karl Marx, O Capital, que desmembrava em três volumes o funcionamento das relações econômicas desde a sua origem.
Ao mesmo tempo, o jovem casou-se com Alexandra Sokolovskaia, também adepta ao marxismo. Com ela, teve duas filhas durante o período de exílio, em uma cabana em péssimas condições de sobrevivência.
Porém, nem a família conseguiu subverter a adesão de Lev aos ideais comunistas, que o fizeram fugir para Londres com uma identidade falsa, assumindo o pseudônimo de Leon Trotsky.
O inicio de uma revolução
Em Londres, Leon Trotsky se casou com a segunda esposa, Natalia Sedova, tendo outros dois filhos. De volta à Rússia em 1905, o líder gozava de prestígio entre os militantes do Partido Operário Social-Democrata Russo, logo assumindo o Soviete de Petrogrado.
Entre os responsáveis pelo partido, estava Lenin, que viria a se tornar o líder dos bolcheviques, movimento que defendia o controle direto do governo pelos trabalhadores. Contra ele, Trotsky se posicionou inicialmente a favor do grupo oposto, os mencheviques, que defendiam um marxismo mais moderado, a partir da adoção de um socialismo democrático.
Contudo, às vésperas da revolução, Trotsky deserta e se une ao grupo de Lenin, fazendo parte da liderança dos bolcheviques. Ele exerceria um papel fundamental na implantação do regime socialista russo.
Entre idas e vindas, Leon Trotsky participou novamente de manifestações na Rússia e foi enviado novamente à Sibéria, mantendo sua doutrina de que a revolução só poderia ser consolidada se fosse liderada pela classe trabalhadora.
Em seguida, um episódio marcante daria início a uma série de revoltas que culminaria na queda do governo czarista. O Domingo Sangrento constituiu-se de um evento no qual diversos manifestantes foram brutalmente assassinados ao se reunirem em frente ao Palácio de Inverno de São Petersburgo.
A queda de um império e a instauração do governo provisório
Dessa forma, observou-se um recuo do czarismo em meio a onda de manifestações que tomaram conta do território russo. Inicialmente, o czar Nicolau II permitiu a eleição do Parlamento, trazendo os reformadores moderados para o lado do governo, amenizando as revoltas.
Em contraste com isso, a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) deixava um saldo negativo para a Rússia, com mais de 8 milhões de soldados mortos e 1 milhão de desertores. Nesse ínterim, em 15 de março de 1917, o czar abdicou do poder e um governo provisório moderado é instaurado, presidido pelo príncipe Lvov.
Sendo assim, o governo provisório concedeu anistia geral aos revolucionários, permitindo a volta de líderes bolcheviques, incluindo Lenin. Trotsky retornou a Rússia e assumiu o papel de líder socialista, o que viria a instaurar de uma vez por todas o regime.
A postura de liderança de Leon Trotsky
Ao retornar a Petrogrado, Trotsky foi novamente alçado ao cargo de presidente do Soviete. Sabendo de seu prestígio, ele começou a conspirar contra o governo provisório. Tinha início a preparação para a revolução.
Para isso, ele instaurou e assumiu o Comitê Militar Revolucionário em outubro de 1917. Ali, sua primeira ordem foi recrutar camponeses e ex-czaristas para o Exército Vermelho, a fim de deter a oposição, denominada de Exército Branco.
Em contrapartida, Lvov se demitiu e Kerenski assumiu o governo, iniciando uma perseguição aos bolcheviques. Como resultado, Lenin se exilou na Finlândia e Trotsky foi preso ao falhar na tentativa de tomar o poder.
Todavia, no fim de outubro de 1917, eclode uma revolução e os bolcheviques tomam o poder. Kerenski foge diante do abandono de suas tropas. Lenin assumiu o Conselho dos Comissários do Povo, Leon Trotsky o Comissariado das Relações Exteriores e Josef Stalin comandou o Comissariado das Nacionalidades.
Em 1918, o Partido Bolchevique virou Partido Comunista, que viraria a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas em 1922. Com efeito, a ascensão do comunismo provocou uma guerra civil entre os russos “brancos”, opostos a implantação do novo regime, e os revolucionários. O principal temor era que o viés socialista avançasse para outros países europeus.
Essa era a obsessão de Trotsky, discordado por outros líderes do partido. No entanto, a morte de Lenin em 1924 trouxe duras perdas ao comunista. Sua liderança foi perdida para Josef Stalin, que ordenou a sua destituição do comissariado e a sua expulsão do Partido Comunista.
O acirramento e fim da disputa entre Trotsky e Stalin
Stalin discordava do posicionamento de Trotsky de dar continuidade ao processo revolucionário fora da Rússia, visando o comunismo imaginado por Karl Marx, que defendia um mundo sem classes sociais e fronteiras nacionais.
Sua ideia era de que o comunismo se restringisse ao seu próprio país. Dessa forma, Stalin passa a perseguir Trotsky, matando inclusive quase toda sua família, com exceção da esposa e de um dos netos.
Assim sendo, eles fugiram por vários países como Noruega e Turquia, até encontrarem refúgio em Coyoacán, no México, autorizados pelo governo a se exilar no local. Posteriormente, em maio de 1940, atiradores a mando de Stalin invadiram sua casa sem, contudo, conseguirem matá-lo.
Sua morte ocorreu apenas três meses depois, em 20 de agosto, assassinado por um agente disfarçado que, após ganhar sua confiança, lhe aplica um golpe no crânio.
Teve fim, portanto, o que muitos intelectuais chamaram de Trotskismo, em oposição ao regime de Stálin, o Stalinismo.
Agora que você conheceu a história de Leon Trotsky e da Revolução Russa, conheça um pouco mais sobre a Rússia.
Fontes: Ebiografia, Super Abril, Toda Matéria, Cola da Web, Infoescola
Imagens: Revista Movimento, O Globo, Escola Educação, Sputnik News, Brasil de Fato, Na Mira da História