Um dos principais nomes por trás da Reforma Protestante, John Wycliffe precedeu personalidades como Martinho Lutero e João Calvino. Além de reformador religioso, Wycliffe foi teólogo e professor da Universidade de Oxford. Tenaz crítico do clero que vinha se tornando cada vez mais corrupto, o teólogo foi uma faísca do protestantismo.
Nascido no ano de 1328 em Yorkshire, Inglaterra, John Wycliffe não demorou a seguir o sacerdócio. Já aos 18 anos de idade, ele foi estudar teologia e filosofia em Oxford e aos 26 já era mestre do Balliol. Em seguida a Igreja Católica o consagrou como vigário e recebeu o grau de doutor em teologia em 1372.
Como resultado de seus estudos e especialização no assunto, Wycliffe escreveu diversos livros cuja temática era o cristianismo. Antes mesmo de Lutero, ele já vinha criticando a venda de indulgências por parte da Igreja e não demorou a assumir posicionamentos considerados radicais para a época.
Contexto histórico
Para entender as lutas e posicionamentos de John Wycliffe é necessário saber o contexto em que a Europa se encontrava no século XIV. Pois bem, o poder da Inglaterra passava da monarquia para o Parlamento, enquanto a Igreja Católica se dividia, chegando a ter três papas simultaneamente, o Cisma do Ocidente.
Curiosamente, essa fragmentação de poder, seguida pelo conflito papal, abriu espaço para que Wycliffe se manifestasse. Assim, chamando os papas de Anticristo, o reformista iniciou suas críticas abertas à Igreja. Todavia, a revolta de Wycliffe não incomodou só o clero, chegando a aborrecer o Parlamento.
Ainda falando do Parlamento inglês, o mesmo estava tentando podar a influência da Igreja, impedindo a cobrança dos impostos eclesiásticos que viriam a enriquecer a França, com quem a Inglaterra estava em guerra. Diante de toda essa desordem, John Wycliffe passou a criticar abertamente a Igreja que vinha ignorando suas funções sacerdotais.
Críticas de John Wycliffe à Igreja Católica
Antes de tudo, John Wycliffe afirmava que o dever fundamental do sacerdote era pregar o evangelho. Sendo assim, quaisquer outras funções dele deveriam estar subjugadas a essa responsabilidade principal. Ademais, se opondo diretamente à venda de indulgências, Wycliffe defendia que a salvação eterna era alcançada através da fé.
Quanto às demais críticas à Igreja, Wycliffe pontuava que os membros cristãos de cada paróquia deveria indicar o sacerdote da mesma, contrariando a hierarquia eclesiástica. A transubstanciação também não passou despercebida e o teólogo apontou que era incoerente tratar pão e vinho como corpo e sangue de Jesus Cristo.
Por fim, uma crítica de Wycliffe que gerou a ira papal foi a afirmação de que a autoridade das escrituras era superior àquela pertencente ao líder da Igreja Católica. Logo, a palavra do Papa não era a palavra de Deus. Assim John Wycliffe deixou uma base protestante que mais tarde foi utilizada por Lutero e Calvino.
John Wycliffe e a Reforma Protestante
Além de defender a salvação pela fé e a autoridade das escrituras, John Wycliffe decidiu dar um passo a mais em direção à democratização do conhecimento religioso. Como resultado disso, o teólogo e professor decidiu traduzir a bíblia para o inglês e alfabetizar as classes mais baixas para que elas pudessem acessar por si só a palavra divina.
Essa iniciativa desencadeou uma nova prática de evangelização que logo foi difundida e adotada por grupos que passaram a seguir Wycliffe. Essas pessoas ficaram conhecidas como lolardos ou clérigos pobres. Paralelamente às suas atividades reformistas, o teólogo escreveu vários livros sobre a necessidade de reformulação do clero.
Embora todas as obras de John Wycliffe tenham sido proibidas e suas ideias condenadas, isso não impediu que seus ideais fossem difundidos. Assim, outros críticos da Igreja Católica foram influenciados por ele, como Jan Hus, Martinho Lutero e João Calvino.
Últimos anos e morte
Visto que John Wycliffe deu um passo jamais dado pela Igreja em relação à pregação pública e acessível, o reformista acabou se tornando bastante popular entre as massas. Suas críticas não só ao clero, mas às desigualdades sociais ganharam força e a nobreza, que antes o apoiava, passou a vê-lo como uma ameaça.
Diante da Guerra dos Cem Anos, as classes mais humildes foram as mais afetadas. Além disso, a baixa produção, o desemprego e a peste negra contribuíram para um panorama de miséria. Ao passo que o Governo só tomava medidas que interessavam à nobreza, as doutrinas de Wycliffe acabaram motivando revoltas camponesas.
Essas manifestações acabaram resultando na condenação do reformista pelo arcebispo de Canterbury. De qualquer forma, ele manteve o cargo de reitor e seguiu trabalhando até o fim da vida. Em 31 de dezembro de 1384, John Wycliffe faleceu em Lutterworth, Inglaterra, vítima de um derrame cerebral.
E então, o que achou dessa matéria? Se gostou, confira também: Saiba como ocorreu a reforma protestante e quem foram seus líderes.
Fontes: Mundo Educação, eBiografias.com, Prepara Enem.
Imagens: BBC, Alternate History, Evangelical Trats, Alamy, Dreamstime.com.