Jânio Quadros o 22º presidente do Brasil, sucessor de Juscelino Kubitschek. Seu mandato, porém, foi bastante curto, durando de 31 de janeiro de 1961 a 25 de agosto do mesmo ano. Esses poucos meses marcaram o país como um período de turbulência cheio de medidas impopulares.
Nascido em Campo Grande (MS) no dia 25 de janeiro de 1917, Jânio da Silva Quadros cursou o ensino fundamental em Curitiba. Terminou a escola em São Paulo e lá também entrou na faculdade de Direito, graduando-se em 1943. Ele ainda ministrou aulas de geografia e português em alguns colégios da época.
Em 1942, contudo, antes de se formar advogado; casou-se com Eloá Quadros e com ela teve uma filha, Dirce Maria. Esta seguiu a carreira política do pai e foi deputada federal pelo PSDB em 1987 a 1991.
Já, sobre sua carreira política, teve início quando foi eleito a vereador. Mais tarde, aliás, ele se tornou prefeito, depois governador e, então, deputado federal pelo estado de São Paulo sem vínculo partidário.
Assim sendo, Jânio Quadros ganhou popularidade entre os paulistas, o que o ajudou a chegar ao cargo de Presidente da República. Faleceu aos 75 anos, em 16 de fevereiro de 1992.
Eleição de 1960
No ano de 1960, o Brasil passava pela disputa eleitoral em busca de um novo presidente que deveria governar de 1961 a 1966. O governo anterior, de JK, levou o país a um volumoso crescimento industrial. Contudo, esse grande desenvolvimento escondeu algumas questões como a alta inflação. Além do crescimento da dívida externa e os problemas relacionados ao campo e à educação. Dessa forma, os partidos PSD e PTB se viram enfraquecidos.
Carlos Lacerda, jornalista e político, líder da União Democrática Nacional (UDN), viu nessa eleição a oportunidade de vitória. Então, o partido conservador lançou a candidatura de Jânio Quadros, que tinha idéias similares ao populismo de Vargas. O candidato conseguiu votos das classes média e alta, pois viam nele a promessa de combate da inflação e continuidade do crescimento econômico.
Muitos eleitores passaram a defender o que ficou conhecido como “voto Jan-Jan”. Ou seja, Jânio para presidente e João Goulart (Jango) para vice-presidente. Apesar de Jango ser candidato a vice por outra chapa, eleger os dois seria possível porque, na época, os votos eram separados.
A campanha que prometia resolver os problemas do governo JK e moralizar a política e administração brasileiras, ganhou simpatizantes conservadores de todos os lados. Seu símbolo era uma vassoura, pois dizia que iria varrer a corrupção do Brasil. O sucesso foi refletido no número de votos: Jânio obteve 48% dos votos pela UDN.
Governo de Jânio Quadros
O ano de 1961 começou com a posse de Jânio Quadros à presidência ao lado do vice-presidente eleito, João Goulart. Na época, aliás, o Brasil estava vivendo uma grave crise econômica.
Portanto, para combater os problemas estruturais do país, o novo presidente tomou algumas medidas extremas. Por exemplo, congelar salários, desvalorizar a moeda nacional, restringir o acesso de fundos de crédito e assim por diante.
Em seguida, retirou subsídios ao petróleo e ao trigo. Tais medidas, que foram bastante impopulares, geraram resultados desastrosos. Os valores de produtos importados, combustíveis, passagens de ônibus e pão subiram vertiginosamente.
Internacionalmente, o mundo vivia a Guerra Fria. Privilegiando interesses econômicos, colocou o Brasil em posição neutra ao conflito. Mesmo sendo considerado conservador e anticomunista, não teve problemas política externa. Muito pelo contrário, ele buscou se aproximar de nações socialistas como Cuba, China e URSS. Ainda condecorou Ernesto Che Guevara com “Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul”, mais importante honraria diplomática do país.
Basicamente, ele foi um líder que tentou parecer mais popular para ganhar a confiança das massas. E, apesar de sua inclinação autoritária, ele foi importante na consolidação da democracia brasileira. Para isso, atacou a elite algumas vezes, defendendo as camadas mais baixas.
Falta de popularidade
Entretanto, algumas de suas ações foram controversas. Por exemplos, a proibição do uso de biquínis nas praias, a suspensão das brigas de galo, a interdição do uso de lança perfume e assim por diante.
Desse modo, plano político ficou cada vez mais frágil. Ademais, aos poucos, Jânio Quadros foi perdendo sua popularidade.
O governo de Jânio Quadros, portanto, durou seis meses e é considerado confuso e desastroso.
Além das decisões que desagradavam cada vez mais a população, ele também não manteve cordialidade com os partidos políticos. Inclusive, aquele que o apoiava, a UDN.
Assim, o então presidente acabou perdendo ainda o apoio parlamentar e se isolou politicamente. Logo, a governabilidade presidencial se tornou inviável.
A renúncia
Em agosto de 1961, portanto, a crise do governo era muito grave. Basicamente, já estavam oficializadas a perda de apoio dos militares e o ataque de Carlos Lacerda, que o apoiou durante a campanha pressionaram muito o presidente. Por isso, no dia 25 daquele mês, Jânio tomou uma atitude drástica e renunciou à presidência.
Jânio Quadros, inclusive, justificou sua renúncia por meio de uma carta. Nela, basicamente, o ex-presidente dizia sofrer uma grande pressão.
“Desejei um Brasil para os brasileiros, afrontando, nesse sonho, a corrupção, a mentira e a covardia que subordinam os interesses gerais aos apetites e às ambições de grupos ou de indivíduos, inclusive do exterior.
Sinto-me, porém, esmagado. Forças terríveis levantam-se contra mim e me intrigam ou infamam, até com a desculpa de colaboração.
Encerro, assim, com o pensamento voltado para a nossa gente, para os estudantes, para os operários, para a grande família do Brasil, esta página da minha vida e da vida nacional. A mim não falta a coragem da renúncia. Retorno agora ao meu trabalho de advogado e professor. Trabalharemos todos. Há muitas formas de servir nossa pátria.”
O mandato de Jânio Quadros foi um dos mais curtos da presidência brasileira. Mas, após sua renúncia, outra crise política surgia. A cúpula militar não aceitava João Goulart como sucessor, gerando um impasse com seus apoiadores. A resolução foi a ascensão de Jango ao cargo presidencial sob regime parlamentar.
Esse é um pedacinho da história do Brasil. Se você gostou, aproveita para ler sobre o que aconteceu posteriormente ao governo de Jânio Quadros: Ditadura Militar no Brasil, o que foi, contexto histórico e Diretas Já.
Fontes: Toda Matéria e História do Mundo.
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