Embora seja equivocadamente difundido como uma religião, o confucionismo vai além disso. Na verdade, a doutrina implantada por Confúcio durante o século VI a.C. possui uma classificação que se aproxima mais de um sistema filosófico ético e moral. Todavia, para além disso, o que é o confucionismo?
Ademais, esse elaborado modelo ideológico é uma das forças de maior influência entre a população chinesa. Ao passo que se baseia nas antigas tradições e respeito hierárquico, o confucionismo vem sendo propagado e aperfeiçoado ao longo de milênios, sem perder seu prestígio social.
Responsável por pregar a importância da educação, esse sistema é considerado um dos principais fatores de crescimento econômico dos países do Leste Asiático. Dessa forma, se torna imprescindível conhecer mais sobre a filosofia de Confúcio, sua história, características e impacto.
História do Confucionismo
Assim como mencionado acima, o confucionismo surgiu no século VI a.C., na China. Por volta de 200 a.C., compartilhando espaço com o taoísmo, o moisismo e o legalismo, essa doutrina foi criticada. Contudo, Mêncio, um dos seguidores de Confúcio, desenvolveu uma versão mais idealista da filosofia.
Já no século III a.C., o confucionismo tornou-se a religião oficial do governo da Dinastia Han. Além disso, a doutrina tornou-se uma matéria básica para a formação e seleção de funcionários públicos. Paralelamente, sua influência se estendeu para todo o leste asiático e foi adotado por países como Japão, a Coreia e Vietnã.
Após a queda da Dinastia Han, o confucionismo hibernou por 400 anos. Enquanto isso, o budismo chinês e o taoísmo conquistavam cada vez mais espaço. Posteriormente, a Dinastia Song implantou o neoconfucionismo, que mesclava o dogma clássico com as filosofias insurgentes.
Em 1912, com a proclamação da República da China por Sun-Yat-Sen, o país abandonou a doutrina confucionista como religião oficial do Estado chinês. Tal decisão, juntamente com a significativa influência da cultura ocidental sobre a China no século XX, resultou no declínio do confucionismo.
Entretanto, alguns anos depois, o Partido Comunista Chinês declarou a filosofia de Confúcio um patrimônio histórico e cultural. Após a queda do muro de Berlim, a doutrina ganhou ainda mais espaço como referência espiritual para a China e levou créditos pela consolidação do país como potência mundial do século XXI.
Quem foi Confúcio?
Confúcio nasceu em 551 a.C., na região de Tsou, atual cidade de Qufu. Ao longo de sua vida, ele exerceu diversas profissões. Só para ilustrar, Confúcio atuou como pastor de animais e bibliotecário. Todavia, em uma viagem pelos reinos chineses ele passou a reformular concepções de comportamento social.
Para Confúcio, a harmonia era alcançável através de cinco constantes. Reunindo suas ideias, o confucionista procurou aconselhar governantes de diversos reinos Mais tarde, o filósofo escreveu cinco livros e oficializou seu conhecimento ao mesmo tempo em que reuniu discípulos.
Aos 80 anos de idade, Confúcio faleceu em sua terra natal, deixando mais de 3000 discípulos formados. O túmulo de Confúcio fica no cemitério homônimo, em Qufu. Em 1944, juntamente com seu templo e casa de família, a UNESCO tombou o local como patrimônio histórico da humanidade.
Características da filosofia de Confúcio
Ao contrário da maioria das religiões, o confucionismo não adora um deus ou divindade criadora. Ademais, sua prática não requer templos ou igrejas. Por isso há muitos debates sobre considerar essa doutrina uma religião ou não. Porém, ela é comumente tratada como uma filosofia.
Em suma, o confucionismo almeja o Tao, a harmonia da vida e do mundo. Para alcançá-lo, a doutrina coloca a família como base social e isso se expande aos governantes, que devem amar o seu povo de forma paternal. Em contrapartida, os governados precisam ser disciplinados e humildes.
Dito isso, o confucionismo estabelece um código de ética fundamentado nas chamadas “cinco constantes”, sendo elas:
- Benevolência
- Justiça
- Costumes ou ritos próprios
- Conhecimento
- Integridade
Curiosamente, ao longo dos anos esses princípios foram incorporados à cultura chinesa e hoje são praticamente inerentes ao agir e pensar coletivo. Ademais, apesar desses princípios norteadores, lealdade ao governante e respeito filial ao pais e antepassados eram práticas defendidas por Confúcio.
Sendo assim, para a filosofia de Confúcio, uma sociedade harmônica baseia-se em relações de subordinação. Dessa forma, o governante tem poder sobre o governado, o pai sobre o filho, o marido sobre a esposa, o irmão mais velho sobre o mais novo, e assim por diante.
Por fim, é importante pontuar que a humanidade é o pilar central do confucionismo. Segundo a doutrina, todos os humanos nascem bons e a educação determina sua condição O culto à natureza e aos antepassados também é muito indispensável.
Impacto social desse sistema
Atualmente, acredita-se que existem aproximadamente 6,6 milhões de adeptos do confucionismo ao redor do mundo. Embora a maioria deles ainda resida na Ásia, a filosofia foi e continua sendo disseminada pelo globo. Os valores do confucionismo estão presentes na consciência política, trabalho e valorização intelectual.
Aliás, o principal impacto social resultante do confucionismo é notável na educação. Na filosofia em questão, o conhecimento é um ideal sempre almejado, pois enriquece o ser. Dessa forma, os confucionistas defendem que todos deveriam ser educados, independente de sua classe social. A educação não é um privilégio e sim um direito.
Além disso, curiosamente, associam Confúcio à ideia de meritocracia. Essa filosofia influenciou a adoção de um sistema de exames oficial que, mais tarde, converteu-se em modernos concursos públicos para cargos no governo.
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Fontes: China Link Trading, Toda Matéria, Sua Pesquisa, China Vistos Assessoria.
Imagens: Blog Chinatur, American Affairs Journal, China Mike, cchatty, China Daily.