A coerência textual está relacionada com os objetivos de deixar a mensagem escrita inteligível e com possibilidades comunicativas focadas no entendimento total do texto escrito ou falado.
Assim, é preciso atentar para o sentido das frases parágrafos e do texto geral, a fim de que as ideias sejam descritas de forma coerente, que tenham ordem lógica e cronológica para que não prejudiquem a compreensão do texto.
A coerência textual, também envolve a conexão de ideias, articulações de frases, conhecimento do assunto e domínio da língua. Nesse sentido, se o redator não observa esses fatores, consequentemente o seu texto ficará obscuro e sem inteligibilidade.
Por outro lado, existem outros fatores importantes para a coerência textual que são: A intertextualidade que se relaciona a assuntos mencionados e citados referentes ao texto, e os gêneros textuais que se relacionam ao estilo utilizado no texto.
Assim, o redator precisa utilizar um determinado estilo linguístico até o final do texto e não misturá-los. Isso porque o texto perde seu sentido se o redator misturar os estilos, coloquial e formal.
Tipos de coerência textual
Existem alguns tipos de coerência textual que imprimem um sentido inteligível para a estrutura geral do texto. Por exemplo:
- Temática: Está relacionada essencialmente à relevância das palavras para a construção do texto. Ou seja, o autor do texto tem que escolher as palavras que vão aperfeiçoar seus objetivos em torno da compreensão e recepção do texto.
- Pragmática: Relacionada com a comunicação falada. Assim, essa coerência está ligada com a objetividade da mensagem falada.
- Sintática: O fator sintático está relacionado com a construção e articulação fraseológica. Neste sentido, o redator precisa observar as colocações dos verbos, sujeito e predicado, a fim de dar coerência sintática e não recair na falta de concordância verbal.
Outros tipos de coerência
- Semântica: O fator semântico está relacionado com os sentidos das palavras fundamentado em seus significados que precisa ser observado pelo redator
- Estilístico: Esta coerência é relativa à forma textual, ou seja, o texto precisa obedecer a uma forma dentre os estilos linguísticos como coloquial e formal, a fim de não misturá-los para facilitar a compreensão.
- De gêneros: refere-se a utilização de um único gênero em uma determinada redação, não misturando, crônicas jornalísticas, ensaios artigos acadêmicos, artigos técnicos e outras formas dissertativas.
Exemplos de coerência textual
- Narrativa: É a coerência que obedece a uma lógica entre personagens e ações organizadas no tempo dos acontecimentos.
Ex. “… em Paris, logo após o escurecer de uma noite ventosa de outono de 1820, eu estava desfrutando do duplo prazer de meditação, e de um cachimbo de meerschaum…” (E. A. Poe).
- Argumentativa: esta coerência tem relação com o sustento e fundamentação de uma argumentação, para organizar a intenção de uma ideia.
Ex. “… Pode-se inferir que, após a revolução francesa, a música alargou seus domínios, saindo dos conventos, igrejas, palácios e alcançou o povo…” (Fonterrada)
- Descritiva: Respeita um ordenamento descritivo de situações descrevendo um evento em imagens e cenários de acontecimentos em tempo cronológico. Ex. “… Era quase meia-noite e Harry estava deitado de bruços na cama, as cobertas puxadas por cima da cabeça como uma barraca…” (Harry Potter, J.K. Rowling).
Princípios da coerência
Basicamente, existem três princípios para objetivar a coerência textual: não contradição, não tautologia e de relevância. O princípio de não contradição visa o estabelecimento de um texto coerente no aspecto das ideias, ou seja, não utilizar ideias que se contradizem quanto aos objetivos do redator.
Por outro lado, o princípio da não tautologia está conectado com a não repetição exaustiva de um termo, o que dificulta a fluência textual. Contudo, além desses princípios, existe também o princípio da relevância, que trata da coesão e não fragmentação do texto, possibilitando um entendimento global do texto.
Coerência textual e recepção
A coerência textual é necessariamente estabelecida visando a interlocução representada no leitor e receptor de uma mensagem. Neste sentido, o redator de um texto, ou até mesmo um palestrante que vai falar a seus ouvintes, precisa estabelecer uma relação lógica entre as palavras.
Portanto, ele precisa saber sobre o seu público a quem se dirige e fornecer coerência em um entendimento comum, ou seja, em uma relação produtor e receptor de uma mensagem, o conteúdo da mensagem deve ter afinidade tanto com o produtor quanto com o receptor.
Por esse motivo, em um texto técnico, por exemplo, a mensagem respeita a ordenação lógica daquele conhecimento. Neste sentido, se estabelece um léxico que pode até ser entendido como jargão.
Portanto, podemos exemplificar essa questão na situação em que, uma pessoa que não é formada em direito tenta ler um texto jurídico e técnico. No entanto, ela não consegue entender a coerência do texto, mas se é um advogado que faz essa leitura esta coerência se torna visível.
Eixos linguísticos
Foram estabelecidos, no estudo da linguística estrutural, dois eixos que definem de maneira sintética a ordenação fraseológica de um enunciado. Neste sentido, um eixo determina a seleção e o outro a combinação.
Assim, o eixo que determina a seleção é denominado de eixo paradigmático, também denominado eixo vertical. Por outro lado, o eixo que determina a combinação é denominado de eixo sintagmático, também chamado de eixo horizontal.
Eixo sintagmático
Podemos exemplificar o eixo sintagmático em uma frase que utiliza alguns elementos gramaticais como artigo, sujeito, verbo e predicado. Assim temos:
O carro estava quebrado
Esta frase constitui o eixo sintagmático, pois a ordenação da frase é uma combinação de elementos linguísticos:
- O – artigo
- Carro – sujeito
- Estava – verbo
- Quebrado – predicado
Portanto, a frase estabelece certa ordem sintagmática como: artigo/sujeito/verbo/predicado.
No entanto, podemos fazer outra combinação sem mudar o sentido da frase:
Quebrado estava o carro
Nessa frase os elementos da frase estão em outra ordem. Portanto, se estabelece outra ordem sintagmática: predicado/verbo/artigo/sujeito. Porém, nessas duas frases existe coerência.
Por outro lado, quando escolhemos uma ordem e visamos o sentido à coerência textual se perde, por exemplo:
O quebrado estava carro
Portanto, esta frase não tem coerência textual. Neste caso, eu não posso organizar o enunciado desta forma – Artigo/ predicado/verbo/ sujeito – pois perde -se a coerência.
Eixo Paradigmático
O eixo paradigmático é um eixo que não está presente na frase até mesmo chamado de invisível, e é também um eixo de substituição ou comutação.
Por exemplo, na mesma frase de antes.
O carro estava quebrado – em que o ordenamento é: artigo/sujeito/verbo/predicado, eu posso estabelecer várias frases com esse ordenamento:
- O carro estava quebrado
- O vidro estava quebrado (mudança do sujeito)
- A árvore ficava longe (o sujeito é feminino e o predicado é outro)
Assim, todos os artigos, os sujeitos, verbos e predicados dessas frases formam 4 eixos verticais e paradigmáticos:
1 2 3 4
O carro estava quebrado
O vidro estava quebrado
A árvore ficava longe
Incoerência e relação paradigmática
Os quatro eixos paradigmáticos foram formados a partir dos seguintes elementos gramaticais: artigos, sujeitos, verbos e predicados. Contudo, se eu misturar estes elementos sem prestar atenção ao sentido do texto, eu prejudico a coerência textual. Por exemplo:
- A árvore ficava quebrado
Neste sentido, e para concluir, a coerência textual se relaciona muito com os elementos gramaticais principalmente: sujeito, verbo, predicado e artigos, para dar coesão a qualquer texto.
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Fontes: Toda matéria, Educa Mais Brasil, Brasil Escola, Info Escola