Carlota Joaquina Teresa Cayetana era filha de Dom Carlos IV e Maria Luísa de Parma, rei e rainha da Espanha. Ela nasceu no dia 25 de abril de 1775 e teve seu nome perpetuado, principalmente, na história do Brasil, tendo fama de mimada, promíscua, antipática e temperamental.
A jovem se casou com D. João VI, então rei de Portugal, quando tinha 10 anos, e ele 18, em 1785. O matrimonio foi realizado a fim de manter os laços políticos entre a coroa lusitana e espanhola.
Dessa forma, Carlota Joaquina foi rainha consorte do Reiuno Unido de Portugal, Brasil e Algarves.
Educação e hábitos escandalosos
Carlota Joaquina cresceu na corte espanhola, que era bem diferente da portuguesa. Embora tenha recebido uma educação rígida e fortemente católica, sua vida foi marcada por agitação e muitas festas regadas a luxos e orgias.
Ao contrário das mulheres de sua época, Carlota era brincalhona, se intrometida na política dos reinos, adorava dançar e andar a cavalo. Além disso, ela tinha uma personalidade firme, sabendo exatamente o que almejar da vida.
Por exemplo, conspirava com frequência para tomar algum trono para si, pois seu maior sonho era ser rainha sem rei. Por isso, tentou diversas vezes remover D. João VI do poder, alegando incapacidade de governar.
O casamente de Carlota com Dom João VI
A mão da então princesa Carlota Joaquina, foi pedida em 1783, quando o conde português, Louriçal, foi mandado à corte espanhola para fazer a solicitação. De acordo com cartas particulares desse período, o nobre senhor demonstrou grande antipatia pela jovem princesa.
O resultado da visita rendeu oito anos de negociação entre as coroas. Até que, finalmente, em maio de 1785, o contrato de casamento entre Carlota Joaquina e Dom João de Bragança foi oficializado.
Carlota chegou à corte Portuguesa com 10 anos de idade e causou o maior alvoroço entre todos. Com temperamento desafiador, ela não fazia nada do que lhe era dito, até mesmo tarefas básicas, como se vestir.
Logo, ganhou fama de mal-educada e preguiçosa, sendo suportada apenas por Dona Mariana, sua tia. Apesar de ter se casa com apenas dez anos, seu casamento foi consumado anos mais tarde, aos quinze.
Junto com D. João VI teve nove filhos: Maria Teresa, Princesa da Beira; Francisco Antônio, Príncipe da Beira; Maria Isabel de Bragança; Pedro I do Brasil & IV de Portugal; Maria Francisca de Bragança; Isabel Maria de Bragança; Miguel I de Portugal; Maria da Assunção de Bragança e Ana de Jesus Maria de Bragança.
Fome por poder
Após as mortes de Dom Pedro III, em 1786, e seu herdeiro, Dom José, somente dois anos depois, Dona Maria I seria a responsável por assumir a monarquia.
No entanto, ela passou a ter várias crises nervosas e a corte decidiu por nomear Dom João VI como Príncipe Regente. Este, por sua vez, recusou o título, pois acreditava na melhora de saúde da mãe.
Em paralelo a tais eventos, Carlota Joaquina sempre se manteve fiel à coroa espanhola, honrando sua origem. Com isso, ela conspirava com frequência contra o trono do Portugal.
Com o fim da Revolução Francesa, muitas monarquias da Europa foram ameaçadas, o que obrigou Dom João VI a finalmente aceitar o título de Príncipe Regente, em 1799, com o propósito de proteger seu país.
Nesse contexto, Carlota tentou de tudo assumir a regência, logo que seu marido se recusou a lhe conceder lugar no conselho do reino. Os historiadores relatam que ela escreveu ao pai, chamando D. João VI de governante incompetente e um pai incapaz de cuidar dos filhos.
Com o tempo, a corte de Portugal sofria tanto com as ameaças de um ataque de Napoleão Bonaparte, quanto as tentativas de golpe de Carlota. Em 1805, depois de conspirar para derrubar o regente, seu marido a enviou para o Palácio de Queluz, onde ela passou um período em isolamento.
O ódio da Rainha de Portugal pelo Brasil
Napoleão Bonaparte ficou conhecido como imbatível. Ele tinha sucesso em todos os ataques que investia. Sendo assim, quando seu exército mirou Portugal, a família real não viu outra opção a não ser fugir para o Brasil, uma de suas colônias distantes.
Dessa forma, em 1808, Dom João VI, Carlota Joaquina e uma comitiva imensa, desembarcam no solo brasileiro, mais precisamente no Rio de Janeiro, para o desespero da rainha.
Carlota relutou muito quanto à vinda para o Brasil, nada contente por ter se afastado da Europa. Uma vez no país, ela amaldiçoava a terra, maldizia o povo e encarava os nativos como pessoas inferiores. Seus caprichos aumentaram, assim como deu desprezo pela terra e todos que a habitavam.
Para aumentar o desgosto, o marido a mantinha o mais longe possível dos assuntos políticos. Em sua estadia no Brasil, Carlota almejou conseguir a regência do trono espanhol, pensando em viajar até Buenos Aires como representante da família real.
O intuito da viagem era formar uma aliança com os vassalos do rei da Espanha na América. Assim, escreveu também aos dirigentes de Montevidéu.
Seu plano, porém, foi impedido devido a declaração de independência das Províncias Unidas do Rio da Prata, onde mais tarde seria o país conhecido como Argentina.
Rainha de Portugal, Brasil e Algarve
Dona Maria I faleceu em fevereiro de 1818, fazendo de Dom João VI o rei de Portugal. Com a morte da rainha Mãe, o povo lusitano aguardava o retorno do rei, entretanto, D. João sequer falava no retorno real. Muito menos em rescindir os decretos de equiparação de Brasil e Portugal.
Carlota, por outro lado, ficava cada vez mais desesperada para voltar ao continente europeu, algo que aconteceu três anos mais tarde. Em fevereiro de 1821, o rei foi intimado por tropas portuguesas no Rio de Janeiro à voltar ao país e jurar compromisso com a nova Constituição lusitana.
Assim sendo, em abril do mesmo ano a família real partiu rumo à casa de origem. É nesse contexto que Carlota Joaquina proferiu uma de suas mais famosas frases.
Ao embarcar, ela tirou os sapatos e disse que nem o pó desejava levar dessas terras, referindo-se, claro, ao Brasil. Carlota nunca deixou de conspirar contra seu marido e a coroa portuguesa.
Por fim, morreu em janeiro de 1830, isolada da família e da sociedade. O sepultamento ocorreu no Panteão Real da Dinastia de Bragança, onde foi colocada ao lado de Dom João Vi, no Mosteiro de São Vicente de Fora, em Lisboa.
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Fonte: EBiografia, Info Escola.
Imagens: AH, AH, Instituto Claro, O Globo, Rainhas Trágicas.