O naturalismo na Europa surgiu como um pensamento oposto ao romantismo e uma espécie de realismo científico. Neste sentido, as características do naturalismo foram motivadas pelas teorias científicas e filosóficas da época.
Assim, algumas correntes literárias se empenharam em retratar o homem e a sociedade em conjunto. No entanto, era preciso retratar a face do cotidiano massacrante e suas características ligadas à condição humana.
A princípio, o naturalismo como movimento literário fez parte da oposição ao romantismo com intenção de renovação literária junto com o realismo e o parnasianismo. Na França, estes três movimentos foram representados por grandes escritores, como a publicação de Madame Bovary (1857), de Gustave Flaubert.
Além disso, o naturalismo se destacou com a publicação de Thérèse Raquin, de Émile Zola; e o parnasianismo com a publicação da antologias parnasianas intituladas Parnasse Contemporain (a partir de 1866).
Sendo assim, as características que esses três movimentos têm em comum são: o combate ao romantismo, o resgate do objetivismo na literatura e o gosto pelas descrições.
A linguagem e características do naturalismo
As obras mais representativas do naturalismo europeu são Germinal (1881) de Émile Zola e O Cortiço (1890), de Aluísio de Azevedo, uma das mais importantes obras naturalistas da literatura brasileira.
Portanto, no romance Germinal, Zola retratou as condições desumanas de vida a de trabalho dos mineiros franceses do século XIX, em uma época de ausência de leis de proteção aos direitos do trabalhador.
Assim, o personagem Etienne representa a luta social na figura de um líder dos mineiros, sendo o porta-voz das ideias socialistas que circulavam naquele momento.
A princípio, no século XIX, a característica básica e comum ao realismo, o parnasianismo e ao naturalismo, era combater as ideias do romantismo. No entanto, entre esses movimentos existiam algumas divergências.
Segundo Antônio Cândido, a oposição entre o naturalismo e o romantismo se baseava na descrição da vida humana. Neste sentido, as características do naturalismo significaram a busca de uma explicação materialista para os fenômenos da vida e do espírito.
Além disso, reduziam os fatos sociais aos seus fatores externos, sobretudo os biológicos que eram determinados pelas ciências naturais. Assim, as características que os naturalistas mais combatiam no romantismo eram a idealização da realidade, e os compromissos com filosofias de cunho espiritualista.
Contexto social e as características do naturalismo
As contradições sociais do século XIX vão de encontro com as teorias liberais que defendiam a igualdade em oposição com regimes absolutistas. Porém, mesmo nessa defesa, não conseguiram conciliar os interesses econômicos aos aspectos éticos e intelectuais defendidos por essas mesmas teorias.
Neste sentido, nos grandes centros europeus, apesar da divulgação de ideias democráticas, permaneceram sem solução questões econômicas e sociais.
Assim, os centros urbanos conviviam com a pobreza, jornada de trabalho de quatorze a dezesseis horas e mão de obra mal paga de mulheres e crianças. Porém, no Brasil, as características do naturalismo se contextualizam na sociedade escravista e na tradição das elites.
Além disso, figurava o analfabetismo, que, diga-se de passagem, sustentava a manutenção da economia agrária. Por outro lado, a escola literária do naturalismo nasceu em meio a um contexto de três ideias chaves no âmbito científico e filosófico:
- Positivismo: Criado por Augusto Comte defende como único conhecimento válido, o positivo oriundo da ciência. Basicamente, é uma filosofia empírica, enfatiza o mundo físico em detrimento do metafísico.
- Determinismo: Criado por Hippolyte Taine prega que o temperamento é determinado por três aspectos básicos: O meio, a raça e o momento histórico. Teoria que nutria certos preconceitos racistas, a qual influenciou muito o naturalismo brasileiro.
- Darwinismo: representado por Charles Darwin em sua obra “Origem das Espécies” (1859) apresenta a teoria da seleção natural. A ideia principal dessa teoria é que a natureza ou o meio ambiente, selecionam as variações que estão mais aptas a sobreviver e perpetuar-se.
A característica do naturalismo no viés científico e filosófico
A princípio, na ótica do escritor Émile Zola, a arte deveria ser científica e impessoal. Contudo, podemos ver essa característica em sua seguinte fala “Creio que a grande arte é científica e impessoal… não quero amor nem ódio, nem piedade nem raiva… Já não é tempo de introduzir a justiça na arte? A imparcialidade da descrição torna-se, então, igual à majestade de lei”.
Neste sentido, na fala de Zola podemos ver a característica do naturalismo que defende a vitória do pensamento científico. Além disso, é presente em sua obra, o perfil tecnológico, em oposição ao idealismo e o tradicionalismo do estilo romântico.
A propósito, as características do naturalismo juntamente com o realismo, vão buscar todos seus critérios literários de probabilidade no empirismo das ciências naturais.
Além disso, seu conceito e verdade psicológica são baseados no princípio da causalidade. Portanto, segue um modelo de desenvolvimento correto de enredo, na eliminação do acaso e de milagres. Além do mais, sua descrição de ambiente se fundamenta na ideia de que todo fenômeno natural está embasado na causalidade.
Ou seja, tem o seu lugar numa cadeia aberta de condições e motivos. Assim, as características do naturalismo seguem numa utilização de pormenores que é típico do método de observação científica.
Neste sentido, não se despreza nenhum incidente. Contudo, a fonte principal da concepção realista-naturalista é a experiência política de 1848, na falência de todos os ideais e utopias.
Portanto, entre as características do naturalismo está o eixo central de manter-se dentro dos fatos. Neste sentido, a característica de viés político básico, é se opor ao idealismo do período romântico, e é influenciada pelo materialismo dialético de Marx.
Além disso, busca em seus textos uma atitude impessoal e impassível como garantias de objetividade e de solidariedade social.
O naturalismo no Brasil
Basicamente, o naturalismo brasileiro seguiu a experiência de Émile Zola, fundamentado no romance de tese. Neste sentido, no arcabouço de seu roteiro, está a intenção de provar uma teoria científica a respeito do comportamento humano. Neste sentido, tornando o romance um laboratório de experiência científica, os escritores naturalistas usavam o conhecimento científico.
Assim, utilizavam o saber da biologia, psicologia e sociologia, para explicar casos patológicos individuais. Porém, estes escritores perdiam o todo da realidade brasileira.
No entanto, apesar de todo reducionismo influenciado até por uma ingenuidade científica, foi o primeiro movimento social literário. Neste sentido, as características do naturalismo expõem as condições da população pobre brasileira.
Assim, seus romances mostravam a realidade do excluído, do negro e do mulato descriminados. Além disso, mostravam um cenário onde figurava o indivíduo discriminado por doenças físicas e mentais, além de retornar antigos temas, como o celibato, adicionando a ótica científica da época.
Os romances
No Brasil, o primeiro romance naturalista publicado foi O Mulato (1881), de Aluísio de Azevedo. Este autor foi o principal representante do naturalismo brasileiro, o determinismo social caracteriza a sua obra. A princípio, constrói seu romance na observação rigorosa do mundo físico e na zoomorfização das personagens.
Contudo, além desse escritor, também cultivaram a prosa naturalista: Rodolfo Teófilo ( A Fome 1881); Inglês de Souza (O missionário, 1882); Júlio Ribeiro (A Carne, 1888); Adolfo caminha (A Normalista, 1892) e O Bom Crioulo, 1895).
Vale lembrar, que em todas essas obras a análise científica tem características ingênuas e preconceituosas, tratando a homexualidade como doença, principalmente na obra “O Bom Crioulo”.
Assim, traz também à tona o cientificismo da época. Ou seja, a caracterização do pobre e do negro, como pessoas que viviam em um meio degradante e corruptor. Além disso, faz parte das características do naturalismo brasileiro a vertente regionalista que fora lançada ainda pelos românticos.
Contudo, essa vertente é retomada pelas obras Luzia-Homem (1903), de Domingos Olímpio, e Dona Guidinha do Poço (1952), de Manuel de Oliveira Paiva. Portanto, nessas obras existe o aprofundamento da análise da relação do homem com o meio natural e social do sertão.
Machado de Assis e as características do naturalismo
Como principal autor realista se destaca Machado de Assis, que também seguiu as características do naturalismo. Portanto, este autor se destacou pela análise psicológica do comportamento humano e de seu caráter. Porém, em sua primeira fase, ele percorreu a estética naturalista onde se destacou como contista.
Portanto, este autor se destacou pela análise psicológica do comportamento humano e de seu caráter. Assim em sua primeira fase, o escritor se revelou como contista e romancista articulando temas vinculados as características do naturalismo. A propósito, neste primeiro grupo de obras de sua produção se destacacaram: “Ressurreição”, “Helena”, “A Mão e a Luva” e “Iaiá Garcia”.
Dessa forma, Machado de Assis se revelou um gênio da análise psicológica na obra Memória Póstumas de Brás Cubas que marca a sua segunda etapa já vinculada ao realismo. Nesta segunda fase incluem-se “Quincas Borba”, “Dom Casmurro”, “Esaú e Jacó” e “Memorial de Aires”.
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Fontes: Mundo Educação, Toda Matéria, Brasil Escola, Pra Valer
Imagens: Revista Zunai, Wikimedia, Wikidata, Prepara Enem, Ed Wilson Araújo, Diário do Nordeste, Expressão Popular.
Bibliografia
BRANDINO, Luiza. Naturalismo: Contexto, características no Brasil, Brasil Escola, em https://brasilescola.uol.com.br/literatura/o-naturalismo.htm,
DANIELA, Diana. características do naturalismo: Origem e Obras, Toda Matéria, disponível em, https://www.todamateria.com.br/carateristicas-do-naturalismo/,
PRAVALER. Naturalismo – Contexto, histórias, características e autores. em https://www.pravaler.com.br/naturalismo-contexto-historico-caracteristicas-e-autores/
SOUZA, Warley, Naturalismo: Contextos, características, autores. Mundo Educação, disponível em, https://mundoeducacao.uol.com.br/literatura/naturalismo.htm,